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Escrita e prêmios


Por: Dr. Felipe Figueira
Data: 07/12/2023
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Em 2001 escrevi o meu primeiro poema: “O defunto da discórdia”. Eu tinha treze anos. Por incrível que pareça, sou um escritor que não decora nenhum poema, mas, aquele primeiro, decorei. Na verdade, “O defunto da discórdia” é o único poema que sei de cor. O transcreverei: 

O defunto da discórdia

 Hoje estou contente,

acordei pensando em mim mesmo

e também em uma pessoa magra,

que chegava a aparecer o esqueleto.

Mas, que estranho pensar em esqueleto,

porque esqueleto faz lembrar defunto,

defunto faz lembrar cheiro mau,

cheiro de decomposição.

Decomposição que esterca o solo,

esterco que produz alimentos,

alimentos que todos nós comemos.

 

Então, no meio de toda esta confusão,

acabamos comendo defunto?

 

        Mas, foi a partir do ensino médio que comecei a escrever com continuidade, sob a influência de um grande mestre da disciplina de Língua Portuguesa, professor Sebastião Soares de Castro. Mesmo ele sabendo das minhas limitações, incentivou que eu me inscrevesse na categoria poesia no Festival de Música e Poesia de Paranavaí (FEMUP). Não veio nada, mas o desafio me agradou e a escrita tornou-se uma constante.

        Foi somente em 2009, quando eu estava no terceiro ano da faculdade de História na então Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (FAFIPA), hoje Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), que um poema meu se classificou em um festival literário. Tratava-se do Varal Literário da FAFIPA, um concurso de poemas, contos e crônicas que era organizado pelo Departamento de Letras. A minha alegria foi enorme. Eu receberia um troféu e R$ 100,00 por um trabalho de minha autoria. Fiquei em terceiro lugar e o poema se chamava “Asas que não se desfazem”.

        A história do meu poema classificado é interessante. Eu estava no meu quarto dormindo, às duas da manhã, quando um bem-te-vi começou a cantar (ou gritar?) no pé de jabuticaba ao lado da minha janela. Por um instante me incomodei, mas pensei: “e se eu escrever algo, talvez um poema, para esse pássaro?” – e assim eu fiz.

        A vitória no Varal Literário me deu um ânimo enorme para escrever, inclusive de forma compulsiva. Eu ia até o xérox da faculdade só para pedir folhas de rascunho para poder treinar a escrita. E assim fiz entre 2009 e 2010. Eu escrevia muita coisa, de poemas a artigos e crônicas, até pequenos ensaios sobre pedagogia. Escrevi inclusive um livro, na verdade, uma trilogia, intitulada de “O corporativismo acadêmico”.

        Em 2010, já sob a felicidade do Varal Literário de 2009, escrevi vários poemas, dentre eles uma trilogia sobre o deus Dionísio. A trilogia tem os seguintes poemas: “Dionísio, uma tragédia”, “Dionísio, uma comédia” e “Dionísio, uma biografia”. Então, enviei “Dionísio, uma biografia” para o Varal Literário e “Dionísio, uma tragédia” para o FEMUP. Resultado: venci os dois concursos literários.

        A questão é que a minha primeira universidade possibilitou, através de um simples – mas fundamental – concurso literário, que eu ficasse muito motivado para escrever. Ganhei, além de um troféu e de R$ 100,00, a vontade de ir além. E assim vieram vários prêmios ao longo dos anos, especialmente no FEMUP, bem como livros de poemas de minha autoria, publicações em revistas de renome de poesia, coletâneas, etc. Para que a imaginação se abra, não é preciso muito, basta um desafio que receba morada nos pensamentos de quem gosta, ainda que um pouco, de deixar marcas em um papel.

Dr. Felipe Figueira

Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.


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