A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


Madame Teia


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 22/02/2024
  • Compartilhar:

Para a Coluna dessa semana gostaria de partilhar uma teoria muito particular, mas que faz todo sentido: a Sony está empurrando o Universo Cinematográfico dos Estudos Marvel para o buraco. É claro que a interrupção abrupta do universo compartilhado dos heróis da DC/Warner também colaborou para isso, mas nos últimos anos ninguém foi mais nociva para o MCU do que a Sony. Na coluna dessa semana eu aproveito o lançamento do mais novo filme de herói da Sony Pictures, Madame Teia, para dar um pouco mais de argumentos para essa afirmação.

Vamos começar falando sobre a protagonista para além do filme! Madame Teia, também conhecida como Cassandra Webb, é uma personagem do universo do Homem-Aranha nos quadrinhos da Marvel. Sua primeira aparição ocorreu na revista The Amazing Spider-Man #210, em 1980. Criada por Denny O'Neil e John Romita Jr., Madame Teia é uma personagem peculiar devido às suas habilidades psíquicas e ao fato de estar fisicamente ligada a uma teia de aranha.

Cassandra Webb nasceu com habilidades psíquicas, incluindo premonições e visões do futuro. No entanto, sua vida tomou um rumo trágico quando, durante uma batalha entre o Homem-Aranha e o vilão chamado O Caçador, ela foi atingida por uma explosão causada pelo próprio herói aracnídeo. Como resultado, Cassandra ficou paralisada e seu corpo passou a depender de uma máquina para sustentar suas funções vitais.

A peculiaridade de Madame Teia é a sua ligação com uma teia de aranha mística que conecta as almas das pessoas. Ela utiliza suas habilidades para orientar o Homem-Aranha em suas lutas contra o crime, fornecendo visões e conselhos valiosos. Sua relação com Peter Parker é marcada por uma amizade profunda, e ela se torna uma mentora espiritual para o herói.

Ao longo dos anos, Madame Teia desempenhou um papel significativo em várias histórias do Homem-Aranha, oferecendo insights espirituais e orientação para o herói. Sua presença única e suas habilidades especiais a tornam uma adição intrigante ao vasto universo do Homem-Aranha nos quadrinhos da Marvel.

Certo, agora vem a polêmica, como levar para o cinema uma personagem que está intimamente ligada ao Homem-Aranha, num universo cinematográfico sobre o Homem-Aranha, mas que não tem o Homem-Aranha? Complexo, não é? E mesmo assim, numa situação de adaptação quase impossível, a Sony resolveu levar Madame Teia para o fundo do poço de seus famigerados filmes de herói.

Para entender isso precisamos falar sobre aquela questão chata e burocrática dos direitos dos personagens. A situação dos direitos cinematográficos do Homem-Aranha e seus personagens está relacionada a acordos e negociações específicos realizados na indústria do entretenimento ao longo do tempo. A Sony Pictures detém os direitos cinematográficos do Homem-Aranha e alguns de seus personagens desde antes da explosão da popularidade dos filmes de super-heróis.

Nos anos 1990, quando a Marvel estava enfrentando dificuldades financeiras, a empresa optou por vender os direitos de seus personagens para estúdios de cinema como uma forma de gerar receita. Na época, a Sony adquiriu os direitos cinematográficos do Homem-Aranha. Isso incluía não apenas o próprio Homem-Aranha, mas também vários personagens e elementos relacionados ao universo do herói. Desde 2015, um acordo de cooperação entre Sony e Marvel garante os direitos do Homem-Aranha para o MCU. Para não ficar de fora do bum dos filmes de herói, a Sony resolveu fazer filmes com os demais personagens do Aranhaverso, fossem eles vilões ou não. O primeiro Venom foi um sucesso inesperado, mas depois, foi só ladeira abaixo. Com filmes de roteiros duvidosos, mas elencos estrelares, a Sony vem minando o interesse do público pelos filmes de heróis, algo que tem respingado nas produções da Marvel, que por mais que tentem, seguem o mesmo caminho das obras da Sony. Se o primeiro Venom, da Sony, foi um sucesso, o mesmo não se repetiu com Morbius, nem com Venom 2: Tempo de Carnificina, e, agora, ao que tudo indica, Madame Teia segue o mesmo rumo. Vamos falar sobre o filme!

O filme Madame Teia enfrenta um redemoinho de críticas desde seu lançamento, e infelizmente, mais uma vez, a produção da Sony Pictures não conseguiu conquistar tanto os críticos especializados quanto os fãs da Marvel. O filme, dirigido por S.J. Clarkson e lançado na última semana, gerou grandes expectativas, mas parece ter falhado em cumprir sua promessa inicial.

Um dos principais pontos de crítica recai sobre a narrativa dispersa e ineficaz ao tentar criar uma história de origem cativante. O roteiro, assinado por quatro escritores, incluindo a diretora SJ Clarkson, falha em envolver a audiência, deixando uma sensação de desinteresse em relação à trama. Além disso, a qualidade dos diálogos é duramente questionada, destacando-se como um dos pontos mais fracos do filme. Os críticos apontam para diálogos vergonhosos, óbvios e desconexos, que não contribuem para o desenvolvimento da história e, em muitos casos, inclinam-se para o cômico de uma maneira que compromete a seriedade da trama.

A atuação do elenco, composto por nomes renomados como Tahar Rahim, Adam Scott e, é claro, Dakota Johnson, é alvo de críticas, com a observação de que mesmo atores talentosos se veem sobrecarregados por diálogos fracos. A falta de química entre os personagens e a incapacidade de transmitir profundidade emocional contribuem para a decepção geral em relação às performances.

A tão aguardada sequência final, descrita como uma luta “épica”, também não caiu no gosto do público e da crítica. A direção de fotografia merece destaque pela utilização de fogos de artifício, mas a execução da cena pode ser comparada a uma piada sem fim, onde o exagero compromete a credibilidade da ação. A luta, pode ser considerada a pior já dirigida por S.J. Clarkson, deixa uma impressão desfavorável e contribui para a sensação de insatisfação do público.

Interessante destacar que um elenco estelar, que inclui nomes como Dakota Johnson, não foi sinonimo de sucesso e não conseguiu resgatar o filme das críticas contundentes. A recepção negativa é refletida nos números dos principais sites agregadores de notas de filmes e séries, indicando uma desaprovação generalizada por parte do público. Vamos à trama!

De forma resumida, pode-se que o enredo do filme busca explorar a origem da heroína, Cassandra Webb, uma paramédica que, após um acidente, desenvolve habilidades de visão do futuro e se envolve em uma trama para salvar adolescentes de um Homem-Aranha malévolo.

Apesar de todos esses pontos negativos, é preciso levar em consideração de forma positiva a capacidade da diretora S.J. Clarkson de conduzir o filme de maneira convidativa e até divertida em alguns momentos. Mesmo que o filme não atenda às expectativas elevadas, Clarkson deve ser elogiada por conseguir extrair algum mérito de uma trama que, de outra forma, poderia ter se perdido completamente. A abordagem mais modesta, sem grandes pretensões, deve ser reconhecida como um aspecto positivo em contraste com a tendência recente do MCU de buscar grandiosidade sem propósito.

Por que ver esse filme? Madame Teia parece ser uma decepção para muita gente, principalmente para os fãs do teioso, mas muitos encontram méritos na capacidade da diretora de oferecer uma narrativa honesta e, em certa medida, envolvente. No entanto, é claro que o filme não conseguiu escapar da atual tendência dos críticos de malhar e tentar por fim a “era dos filmes de heróis”, o que tem gerado esse sentimento recente de que filmes de super-heróis já não são mais capazes de cativar o público de maneira satisfatória. Vale a pena ser visto, pela diversão e pelo elenco, nem que seja para malhar mais tarde! Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.