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Os Cavaleiros do Zodíaco: Saint Seiya – O Começo


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 27/04/2023
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Temos algumas estreias de vários gêneros essa semana, mas nenhuma delas foi tão aguardada pelos fãs como o filme de ficção/aventura Os Cavaleiros do Zodíaco: Saint Seiya – O Começo. O filme é humilde, estará disponível em poucas sessões, provavelmente em versões dubladas, mas tenha uma certeza, vai ter muita gente de meia idade nas filas para ver esse filme. Essas pessoas mais velhas que irão engrossar as fileiras do cinema são os saudosistas da geração anos 1990, quando ocorreu a chamada “invasão anime” no Brasil e que foi alavancada pela extinta Rede Manchete de Televisão (é meu caro leitor, eu sou um “manchetossauro”, como alguns tendem a rotular). Hoje, para o bem ou para o mal, essas pessoas vão aos cinemas para realizarem um sonho e criticarem a obra até o final dos tempos, isso porquê, em geral, esse tipo de adaptação nunca agrada ao fã mais fiel e aguerrido. Sobre Os Cavaleiros do Zodíaco: Saint Seiya – O Começo a Coluna Sétima Arte traz algumas considerações essa semana.

É preciso começar tratando sobre as inúmeras tentativas frustradas da Toei Animation em modernizar Os Cavaleiros do Zodíaco. O anime clássico foi ao ar no Japão entre os anos de 1986 e 1990 e fazia parte de um tipo de herói muito comum para os animes daquele momento: o herói de armadura. Com o tempo, outros modelos de protagonista ganharam notoriedade entre os animes, mas para o resto do mundo, inclusive o Brasil, esse estilo de herói chegou atrasado, apenas por volta de 1994 e virou febre. Não é exagero nenhum dizer que Cavaleiros do Zodíaco é uma obra geracional, marcou infância e adolescência de muita gente e, bem por isso, tem um público cativo. Ciente disso, a Toei Animation coleciona algumas tentativas frustradas de reviver esse sucesso. Interessante é que a única obra que funcionou de verdade para isso é aquela que não tem previsão de continuidade devido a uma série de imbróglios (sim, caro leito, eu estou falando de Saint Seiya:The Lost Canvas. Caso não conheça, fica a dica!). As demais, foram sempre um fiasco, desde a versão Omega, passando por Alma de Ouro, Saintia Sho e a famigerada versão Netflix.

Agora, o sonho se realizou, Os Cavaleiros do Zodíaco chegaram ao cinema, mas não sobrou muito do anime clássico que todo mundo queria ver. A adaptação tentou ser fiel em alguns aspectos e super-realista em outros. Vamos lá, destilar um pouco de veneno! Eu poderia escrever um artigo científico de doze página sobre isso, mas vou me ater a três aspectos apenas. (risos)

Primeiro aspecto a considerar, o filme teve um baixo orçamento. Não é preciso ser um especialista para perceber que não há grandes nomes no elenco principal, que é recheado de desconhecidos. Os atores que mais chamam a atenção são Sean Bean e Famke Janssen. Bean fez história em Game Of Thrones e Janssen incorporou a primeira Jean Grey na franquia X-Men nos cinemas. Já os demais, estão agarrando a oportunidade de cravarem seus nomes num possível sucesso.

Segundo ponto, ocidentalização! Quem conhece Cavaleiros do Zodíaco sabe que o anime mistura uma pegada oriental com mitologia grega. Até aí tudo bem, mas na adaptação, talvez no desejo de tornar a história mais palatável a este lado do mundo, houve uma profunda ocidentalização dos personagens e até mesmo de seus nomes foram alterados. Apenas aqui no Brasil, por respeito à tradição, os nomes originais foram mantidos, no resto do mundo, tudo mudou. Quer um exemplo? Saori, o nome mortal da deusa Atena, foi trocado por Siena! Outro aspecto que irá chamar a atenção são as armaduras, que agora seguem um designer de amadura medieval. Será que precisava disso?

Terceiro ponto, apenas Seiya é o protagonista. Originalmente o protagonismo da história era dividido entre os cinco “bronze boys”. No live-action, por uma questão de estratégia, os roteiristas preferiram focar apenas na história de Seiya, com um possível único inimigo, no caso Ikki de Fênix. Dessa forma, abriu-se mão de Shiryu, Hyoga e, até mesmo, do irmão de Ikki, Shun. Isso se deu pelo desejo de construir um capítulo inicial. A justificativa é boa, melhor focar num protagonista do que apresentar cinco e não trabalhar nenhum, como aconteceu em na animação em CG, Os Cavaleiros do Zodíaco – A Lenda do Santuário, de 2014, que foi direto para o cinema e que era bem ruim e confusa.

Dito isso, cabe as ressalvas. Saber que houve uma produção e que um grande estúdio decidiu fazer a distribuição mundial de um live-action japonês inspirado num anime lá dos anos 1980 já um grande feito. Por isso, não dá para esperar que houvesse um grande investimento. Então, foi preciso dosar bem orçamento para poder fazer algo legal. Dessa forma, não dava para gastar muito com grandes estrelas. Mesmo assim, você verá hora ou outra essa falta de orçamento nos efeitos especiais modestos do longa.

Além disso, o live-action para funcionar precisa conversar para além da bolha de fãs de Os Cavaleiros do Zodíaco que existe ao redor do mundo. Adaptar os personagens sem perder sua essência foi uma boa estratégia. Confesso que isso me incomoda muito, mas compreendo o lado do diretor Tomek Baginski e dos roteiristas quando tomaram essa decisão.

Para mais, é preciso considerar que o anime original fez sucesso há quase quarenta anos, existe uma geração inteira dentro e fora do Japão que não conhece a história. Por isso, a decisão de focar numa trama mais concisa, simples e que apresente bem o personagem central é bem acertada. O roteiro, foca especificamente nos acontecimentos pré arco da Guerra Galáctica, em que cavaleiros de bronze participavam de um torneio a fim de conquistar a armadura de ouro de sagitário. Por isso, o treinamento de Seiya e a descoberta de Atena darão o tom à obra. Vamos à trama!

Seiya está à procura de sua irmã perdida enquanto enfrenta oponentes em torneios clandestinos de artes marciais. Certo dia, ele percebe que uma força estranha se manifesta em seu corpo, é o “cosmo. Entre vários perigos, ele irá descobrir que nasceu sob a estrela de Pégaso e por isso, está destinado a vestir a armadura que representa essa constelação e proteger a reencarnação da deusa Atena das forças do mal.

Por que ver esse filme? Falem bem, falem mal, mas falem de CDZ! Esse é o lema de todo e qualquer fã! Por isso, se você cresceu assistindo esse anime na extinta Rede Manchete ou se viu depois, no Cartoon Network ou na Bandeirantes, precisa ir ao cinema. Conferir o live-action de CDZ na tela grande é uma forma de honrar todo o legado deixado pelo mestre Masami Kuramada, que influenciou muita gente com seus valores positivos e com a crença de que, independente de qual seja a situação difícil, é preciso resistir e insistir sempre. O fato do filme ser um primeiro capítulo já indica a pretensão de uma série de continuações. Se os fãs não valorizarem, nunca saberemos se o que está por vir pode ser ainda melhor do que o que está nos cinemas hoje. Minha dica é, vá ao cinema e assista com se não conhecesse nada da história, sem comparações e divirta-se. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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