John Wick 4: Baba Yaga e O Urso do Pó Branco
A semana passou e agora temos dois filmes interessantes em cartaz e que merecem destaque na coluna dessa edição. A estreia de John Wick 4: Baba Yaga não pode passar despercebida por aqui, da mesma forma, algo tão inusitado quanto O Urso do Pó Branco também merece destaque. Duas estreias para esquentar seu fim de semana pré-feriado.
Vamos começar com John Wick 4: Baba Yaga. Esse é mais um capítulo da intensa saga do assassino lendário interpretado por Keanu Reeves. Quando o primeiro filme dessa franquia estreou, há longínquos nove anos, eu tinha a impressão de que esse seria mais um filme genérico do tipo “ação enlatada” e uma tentativa de trazer de volta o sucesso de Reeves em seu mais icônico filme envolvendo ação e ficção, Matrix. Não havia chances de Reeves emplacar mais sucessos. Em sua trajetória, ele havia despontado como promessa em Caçadores de Emoção, em 1991, e aos poucos perdeu o foco dos holofotes, depois, ressurgiu magistralmente no final da década, em 1999, com Matrix, para depois desaparecer de vez nos anos seguintes. Diante disso, qual seria a chance de John Wick alavancar a carreira do ator uma terceira vez? À época, minha opinião era afirmar categoricamente que seriam mínimas. Ledo engano da minha parte. Reeves ressurgiu das cinzas e o filme se mostrou muito mais do que os tradicionais “tiro, porrada e bomba”.
O capítulo lançado na última semana chegou fazendo um barulho imenso e um estardalhaço nas bilheterias do mundo todo, foram quase 140 bilhões de dólares no fim de semana de estreia global. Algo que indica que o gênero ação ainda é o queridinho do público e que quando ele vem com toques de arte agrada ainda mais. Como era de se esperar, os capítulos da franquia têm uma curva crescente em qualidade, roteiro e técnica, o que basta para gerar expectativas e incentivar os fãs a consumirem prontamente esse produto diretamente no cinema, sem os atravessadores do streaming.
O filme anterior, John Wick 3: Parabellum, já havia sido uma unanimidade para o público e para a crítica, principalmente por conta da complexidade de seu roteiro que abordava de forma mais profunda o submundo da organização criminosa a qual o assassino protagonista fez parte. Os acontecimentos do final do terceiro filme já ditavam a seriedade das consequências que deveriam se desenrolar numa próxima sequência e justamente isso causou todo o frisson em torno da estreia.
Entre o capítulo 3 e 4 muita coisa mudou em John Wick. Sem dúvida alguma, agora a franquia está muito mais popular e se dá ao luxo de deixar de lado a aclamada estética utilizada até então, para dar uma tonalidade mais colorida e vibrante, adequada ao nível de notoriedade que a franquia alcançou. Desde sempre os produtores anunciaram que a ideia era construir uma trilogia, bem por isso, a nova estética visual serve como esse renascer da franquia que se tornou muito mais famosa do que todos esperavam.
O diretor Chad Stahelski dá continuidade à sua forma desenfreada de conduzir a trama. As sequências de ação são intensas e potencializadas por ângulos e cenários que colaboram para a sensação caótica. Esse ritmo frenético faz com que esse capítulo, mesmo sendo o mais longo da saga, nunca seja cansativo. Para mais, o grande chamariz desse tipo de obra é a violência, que repulsa e atraí na mesma medida ao longo da trama.
Falando em trama, os roteiristas Shay Hatten e Michael Finch souberam conferir uma leveza muito bem-vinda à obra. O roteiro não está preocupado em expor ou aprofundar relações pessoas ou instituições, dado o fato de que o público já conhece o suficiente do protagonista e da organização de assassinos e, por isso, explora personagens novos — mas já inseridos no contexto — sem o compromisso de gastar tempo e ritmo em sua construção. Isso dinamiza ainda mais a história e envolve muito mais o público.
Antes da trama, vale a pena destacar o passeio ao redor do mundo que o filme proporciona. Nova York, Japão, Alemanha e Paris são alguns lugares por onde John Wick 4: Baba Yaga vai te levar. Dentre esses lugares, é impossível deixar de comentar sobre a sequência que se desenrola na Alemanha, numa balada underground. As cenas trazem uma harmonização perfeita de luta, música, luzes e ação, com um trabalho de câmera lenta muito competente, algo realmente bonito de se ver. Vamos à trama!
Seguindo os últimos acontecimentos de Parabellum, o assassino John Wick segue em sua jornada para pôr fim na poderosa organização a qual um dia fez parte. Para isso, ele terá que utilizar de muita criatividade para enfrentar os novos matadores que querem dar cabo de sua vida. Mais uma vez, é hora de Wick provar porque é conhecido como Baba Yaga, ou seja, bicho-papão no idioma russo.
Já a outra estreia conquistou espaço aqui principalmente por conta de sua originalidade. Quem em sã consciência iria ao cinema para ver um filme intitulado O Urso do Pó Branco. Depois de conhecer um pouco melhor a trama eu garanto que você irá se interessar.
A história do filme narra um acontecimento bem atípico e baseado em fatos, ou seja, isso realmente aconteceu. Depois de uma operação de contrabando de drogas dar totalmente errado, um urso negro ingere uma grande quantidade de cocaína que estava dando sopa na floresta. A partir disso, tem início um grande tumulto envolvendo um urso drogado que, de forma insana, passa a perseguir e matar qualquer um que cruze seu caminho. Um filme com muito, mas muito sangue!
Quem dirige a obra é Elizabeth Banks, que anteriormente havia dirigido As Panteras e agora estreia nesse gênero que é uma mistura de comédia, terror e gore (subgênero dos filmes de horror que é caracterizado pela violência, pelo sangue em excesso e pelas vísceras das vítimas). O roteiro ficou a cargo de Jimmy Warden, que peca na construção dos personagens, mas que acerta ao fazer isso para torná-los especificamente descartáveis ao longo da trama.
Por mais que a base para a trama seja uma história verídica, o que se desenvolve está longe disso. Muita liberdade artística deu mais intensidade e ação à trama, que não foge à sua proposta de rir de si mesma e não se levar tanto a sério. O filme é apenas para diversão e funciona bem, a alternância entre cenas cômicas e de ação colaboram para que seja filme apenas para entreter e divertir. Do jeito e na medida do que o público gosta. O que justifica logo de cara tanto o seu sucesso quanto a sua bilheteria, que já está surpreendendo positivamente.
Por que ver esse filme? Porque, ao que tudo indica, ele é o começo de algo novo, quem sabe um novo gênero ou subgênero: o de animais enlouquecidos (risos). Digo isso porque já tem muito produtor de olho em novos filmes com novos protagonistas, tais como jacarés ou tubarões. O filme é bem mediano, mas tem ótimos efeitos especiais e atende bem a um público específico que se identifica com esse tipo de trama. Em linhas gerais, pode-se compará-lo a Anaconda, aquele filmes da cobra gigante do final da década de 1990, é ruim, mas é divertido independentemente dos defeitos. Boa sessão!