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Sétima Arte (No Portal)


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 29/05/2020
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Já faz alguns dias que tenho comentado sobre filmes originais lançados exclusivamente em streaming, hoje resolvi comentar sobre um filme que vai passar na TV, mas no caso, não na TV aberta, na HBO, um conjunto de canais de entretenimento pela TV a cabo, que é propriedade da Warner Media. A HBO é um pacote de canais específico que você compra à parte em sua TV por assinatura, mas que vale muito a pena o investimento. Isso porque os vários canais da HBO atendem à demanda de todos os gostos, com muitas opções que ainda vão demorar para chegar nos demais canais ou que nunca chegarão, como, por exemplo, suas famosas séries.

O filme em questão será veiculado na noite dessa sexta-feira, no canal HBO Mundi, mas você poderá assisti-lo também por outros meios, como pelo aplicativo HBO GO, ou no streaming do Youtube ou do Google Play Films, óbvio que para isso você deverá pagar uma pequena quantia. De qualquer forma, o drama No Portal da Eternidade, é uma obra singular, lançada no Brasil em fevereiro de 2019 e que chamou muito a atenção da crítica especializada devido a incrível atuação de seu ator principal. Tanto que ele foi aclamado no Festival de Veneza e ganhou vários prêmios.

No Portal da Eternidade aborda uma figura histórica já muito retratada no cinema, o pintor holandês Vincent Van Gogh, mas busca fazer isso de forma inovadora, explorando uma fase específica e muito conturbada de sua vida, seus últimos dias. Esse gênio incompreendido já foi levado às telas do cinema anteriormente em várias ocasiões, como por exemplo em Sede de Viver, de 1956, Vincent e Theo, de 1990, e recentemente, em 2017, com a animação Com Amor, Van Gogh. Cada uma dessas obras abordava uma questão ou um período diferente da vida do artista. Agora, o diretor Julian Schnabel busca retratar de forma cuidadosa os tormentos e as inconstâncias da mente do grande gênio.

Com uma pegada bem Cult, o filme não é uma obra fácil de ser digerida e não é indicada para aqueles que gostam de filmes mais comerciais. Isso porque o diretor utiliza vários subterfúgios para fazer com que o expectador vivencie a dor e a emoção do protagonista. Para isso, sua principal aliada é a câmera, que funciona como um elo entre o protagonista e o público. Ela treme, balança e se agita com a intenção de passar a sensação de que você também está assim, igual ao Van Gogh. Em outros momentos, a câmera se torna os olhos do pintor e permite que você veja o mundo como ele vê. Uma linguagem quase sinestésica, muito poética, mas que impõe um ritmo lento e um roteiro confuso, para o público. Ao longo do filme, você perceberá que essa lentidão e confusão não são erros do diretor, mas sim uma forma de fazer com que o expectador compreenda que essa era visão de mundo do próprio protagonista.

Falando em protagonista, o ator Willem Dafoe é extraordinário no filme. A princípio, logo que fiquei sabendo que ele havia sido escolhido para esse papel, fiquei muito apreensivo, afinal, todo fã das artes sabe que Van Gogh se suicidou aos 37 anos e Dafoe já passa dos 60. Mas isso não foi empecilho algum. Sua maturidade em cena faz com que ele seja uma das melhores versões de Van Gogh já levadas ao cinema. Ele consegue ser instável emocionalmente e sensível na medida certa. Impossível não ter empatia pela personagem. 

Vamos à trama! O ano é 1888. Após sofrer com o ostracismo e a rejeição de suas pinturas em galerias de arte, Vincent Van Gogh decide ouvir o conselho de seu mentor, Paul Gauguin, e se muda para Arles, no sul da França. Lá, lutando contra os avanços da loucura, da depressão e as pressões sociais, o pintor holandês adentra uma das fases mais conturbadas e prolíficas de sua curta, porém meteórica trajetória.

Por que ver esse filme? Porque é um drama bastante requintado, uma obra que nunca está interessada em fazer o público cair aos prantos, mas, sim, em demonstrar como a incompreensão do mundo para com o artista - que estava décadas à frente de sua época -, traziam dor e sofrimento. Eu diria que essa pode ser encarada como uma cinebiografia honesta, mas não definitiva do pintor holandês e que, bem por isso, merece ser vista com muita seriedade. Cortes bruscos, diálogos inspiradores e, ao final, um questionamento latente sobre o quanto ainda não compreendemos a dureza que é conviver com transtornos mentais fazem desse filme uma obra bastante relevante. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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