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Alma de Cowboy


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 15/04/2021
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Quem acompanha a coluna periodicamente sabe que eu tenho predileção por alguns gêneros, um deles é o Western. Recentemente, quando comentei sobre Relatos do Mundo, chamei atenção para algumas características marcantes e sempre presentes nos filmes tradicionais dessa categoria. Hoje, volto a comentar sobre um filme desse gênero, mas dessa vez um que traz uma roupagem diferente. Alma de Cowboy estreou na última semana na Netflix e tem agradado muito, principalmente por causa do carisma de seu elenco.

Sempre que o termo Western, ou Faroeste, é citado, a mente de qualquer pessoa já divaga e rapidamente se conecta a títulos e nomes que são a essência desse gênero. Clássicos como Sete Homens e Um Destino, Dólar Furado e Bravura Indômita, ou nomes como Clint Eastwood, Sergio Leone e Charles Bronson são sempre referências que transportam qualquer pessoa para um lugar semiárido, muito empoeirado e cheio de pessoas com armas na mão, um contexto imaginário que povoou a infância e o sonho de muita gente.

Agora, em tempos de inúmeras releituras, transportar o “velho Oeste” para uma paisagem urbana e moderna é, no mínimo, uma façanha arriscada. Mas é a isso que se propõe o diretor estreante Ricky Staub. Ele assumiu para si o cargo de levar para o cinema a história de Greg Neri, narrada no romance “Ghetto Cowboy”. Uma empreitada bastante ousada, principalmente por causa do alto teor social que trama traz em seu bojo. Partindo desse sentido, eu diria que – diferente do que dizem muitos críticos especializados – o filme entrega um produto final muito bom e, em alguns aspectos, acima das expectativas.

Digo isso porque Alma de Cowboy aborda várias questões que são pertinentes tanto para o cinema quanto para a vida. Vou elencar algumas aqui! A primeira e, talvez, mais central é a jornada de amadurecimento. De tempos em tempos esse tipo de história ganha espaço no cinema e não nos cansamos dela, porque o ato de amadurecer é constante, mesmo para quem já está com idade mais avançada. Para mais, a trama expõe uma questão urgente e, na maioria das vezes, deixada de lado em nossa sociedade, a chamada “gentrificação”. Além disso, ainda aborda como temática o racismo, a violência urbana e a resistência de certos grupos diante da opressão do tempo atual. São muitos temas num filme só e isso acaba desgastando demasiadamente o roteiro que, em vários momentos, peca por não fundamentar uma ou outra ação do protagonista ou mesmo algum conceito importante da história.

 

Mas, o mais interessante, é que ciente disso, o diretor consegue superar essas dificuldades fazendo um trabalho visual incrível. Os problemas que roteiro apresenta sobre a pouca profundidade em relação aos personagens e seus dilemas é contrabalanceado com inúmeros recursos de imagem que enchem os olhos do expectador. Alguns exemplos são tanto as sequencias gravadas em câmera lenta quanto aquelas que são demasiadamente rápidas, bem no estilo “câmera na mão”. Dessa forma, o filme pode não ter uma identidade visual definida, mas que o resultado final é agradável e instigante, isso é com certeza.

Odailson Volpe de Abreu

 

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Odailson Volpe de Abreu


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