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Um Lugar Silencioso – Parte 2


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 22/07/2021
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Se você estava na expectativa de um grande filme para ir ao cinema, sua espera acabou. Recentemente, aqui na Coluna, eu havia questionado se valeria a pena ir ao cinema para ver filmes médios ou que estavam sendo lançados simultaneamente também em streaming. De fato, na maioria das vezes, o resultado final não compensaria o risco. No entanto, essa semana, temos uma estreia digna! Com mais de um ano de atraso, Um Lugar Silencioso – Parte 2 chega aos cinemas e já adianto, a experiência imersiva que o som de qualidade e a tela grande proporcionam fazem toda a diferença. Essa semana comentarei um pouco mais sobre esse excelente terror psicológico.

Continuações são sempre entendidas como desafiadoras e problemáticas. Se um filme ganha uma sequência é porque ele fez tanto sucesso que deixou no público aquele gostinho de quero mais. Na ânsia por atender os fãs e, é claro, fazer mais dinheiro, muitos estúdios e diretores afundam boas histórias. Eu diria que esse não é o caso de Um Lugar Silencioso – Parte 2. Seu antecessor lançado em 2018 pegou todos, público e crítica, de surpresa. Na época esse era um filme despretensioso, sem muita badalação e que tinha à frente um diretor inexperiente conhecido apenas pela sua carreira nas comédias, no caso o seriado The Office. Como é bom quando a realidade desconcerta as expectativas! O filme do diretor e roteirista iniciante John Krasinski trazia uma trama bem construída, monstros assustadores e um clima muito, mas muito, tenso. As questões técnicas, principalmente a direção de som, eram incríveis e a crítica especializada se rendeu ao redor do mundo, tanto que ele já é considerado um filme Cult.

Rapidamente foi anunciada a sequência desse filme e a proposta inicial de lançamento seria março de 2020, bem no início da atual pandemia. Bem por isso, essa estreia foi adiada várias vezes e agora, com afrouxamento das medidas de proteção ao redor do mundo, ele finalmente chegou aos cinemas de forma exclusiva.

A direção continua a cargo de Krasinski. A diferença é que dessa vez ele está por trás das câmeras (ele também atuou no filme anterior) e muito mais seguro. Nessa continuação, Krasinski claramente começa a delinear o seu estilo próprio de fazer cinema. O sucesso do filme anterior estava na maneira inovadora de contar uma história já batida, o pós-apocalipse. A inserção do silêncio como elemento constante na trama fez com que o público entrasse totalmente no clima, pois o menor ruído era motivo de grandes sustos. Partindo desse princípio a sequência se torna desafiadora porque fica muito difícil inovar, portanto, o diretor acerta em não buscar novos elementos, mas em potencializar os que já estavam no filme anterior.

Agora, o filme tem um número menor de jumpscares, em contrapartida, foca seu desenvolvimento no sofrimento e na superação da família Abbot, que, acometida pelo luto, busca esperanças onde não existe para continuar com sua jornada de sobrevivência, principalmente por causa de seu novo membro. Realmente, não é fácil criar um bebê num mundo onde não se pode fazer barulho!  O processo de amadurecimento permitiu ao diretor fazer um prólogo emocionante e que nos remete a uma realidade muito próxima da nossa, ou seja, ao trazer o início de tudo ele nos recorda que, enquanto cada pessoa segue sua vida da maneira mais cotidiana possível, algo inesperado acontece e coloca o futuro em risco. Impossível ver o prólogo e não recordar do clássico A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells. 

Com isso, ele investe em um excelente trabalho de câmera, com ângulos diferenciados, um trabalho de fotografia que remete ao estilo vintage, um ritmo envolvente e uma narrativa que, por mais que tenha elementos comuns ao filme anterior, traz novas expectativas e experiências. Nesse sentido, o elenco faz toda a diferença. Emily Blunt brilha como no primeiro filme e sensibiliza a todos no papel da mãe que, acima de tudo, quer fazer seus filhos sobreviverem. Millicent Simmonds ganha papel de destaque e pode ser facilmente compreendida como a protagonista da nova trama. Mais uma vez vale a pena recordar que a atriz é portadora de deficiência auditiva na vida real, o que torna a experiência de vê-la no filme ainda mais interessante. Além das mulheres, os homens também chamam a atenção. Primeiro, o persogangem de Noah Jupe que cresce e se torna capaz de vencer seus próprios medos e limites. Depois, o novo personagem interpretado pelo ator Cillian Murphy (aquele da série Peaky Blinders) que se torna um importante adendo. Seu personagem é tão interessante que não me surpreenderia caso algum filme futuro dessa franquia focassse especificamente em sua história.

Sobre a trama, vou tentar se o mais suscinto possível para não estragar a sua experiência. O filme tem início logo após os acontecimentos mortais do primeiro filme, a família Abbott precisa encarar o terror mundo afora, continuando a lutar para sobreviver em silêncio. Obrigados a se aventurar pelo desconhecido, eles rapidamente percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças que os observam pelo caminho de areia.

Por que ver esse filme? Porque é uma ótima mistura de ação, terror e suspense. Tão bom quanto seu antecessor, é capaz de gerar uma sensação ímpar de tensão constante enquanto mergulha o expectador num silêncio profundo. Faz o público repensar o valor do silêncio, do isolamento e do que torna o ser humano realmente humano. Foge dos estereótipos infantis e apresenta heróis únicos, cada um à sua maneira. Ao que tudo indica, em breve haverá uma prequela dessa história, por isso, não perca a oportunidade, assista ao filme no cinema enquanto espera a história que dá origem a tudo. Se o próximo filme seguir o mesmo rumo do prólogo de Um Lugar Silêncio – Parte 2, podemos esperar coisas boas por aí.  Boa diversão e Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu

 Assista ao trailler completo:

Odailson Volpe de Abreu


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