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Sétima Arte - Atentado ao Hotel Taj Mahal


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 26/07/2019
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Enquanto o mundo ainda absorve a grandiosidade de O Rei Leão, mesmo com a crítica tentando diminui-lo, a indústria do cinema oferece ao público não interessado no remake da Disney opções mais adultas e muito mais violentas. A Coluna Sétima Arte dessa semana comenta sobre uma dessas opções, Atentado ao Hotel Taj Mahal, uma história baseada em fatos que, com certeza, não é pra qualquer um.

Enquanto adultos e crianças aproveitam os últimos dias do recesso escolar para enfrentar filas nos cinemas e lotar as salas em busca do blockbuster O Rei Leão -  que mesmo com a ferrenha crítica malhando o hiper-realismo do filme mantem-se como líder absoluto -, surgem outras produções não tão caras, mas bastante interessantes. Dentre elas está Atentando ao Hotel Taj Mahal.

Esse é o longa de estreia do diretor australiano Anthony Maras, que também é produtor e roteirista. É difícil avaliar seu trabalho tendo apenas esse filme como referência, pois a história e a forma como ela se desenvolve é brutal. Isso passa a impressão de que Maras prima pela carnificina, mas de qualquer forma, não existe outra maneira de contar uma história com essa natureza. Bem por isso, seu maior trunfo é explorar essa brutalidade a partir da realidade de quem a enfrenta, algo que torna o filme muito mais interessante.

Baseado em fatos, ele reconstrói a terrível onda de atentados terroristas iniciada em novembro de 2008. Esse ataque orquestrado por paquistaneses durou cerca de 60 horas e atingiu pontos estratégicos da cidade de Mumbai, na Índia. Esses terroristas atacaram diversos locais, como estações ferroviárias, um hospital, um centro de cultura judaica e, é claro, hotéis. Dentre eles esse que dá nome ao título. O Hotel Taj Mahal é um hotel de luxo e, por isso, a chance de matar cidadãos estadunidenses nesse ataque era maior e é nele que se desenvolve a trama do filme.

Dentro do clima de tensão criado pelo roteiro de Maras e de John Colee, onde o hotel se transforma no universo do filme, Maras evidencia detalhes, explora ambientes e constrói um bom aparato de elenco, apresentando desde os funcionários até os hospedes, mostrando como o papel e a relação entre cada um se estabelece e se transforma, pois alguns abandonam o papel da subserviência e crescem dentro da trama de forma surpreendente.

Ao elenco cabe o ato de refinar aquilo que, à primeira vista, seria um thriller de ação e transformá-lo num drama mais consistente. Dav Patel, Armie Hammer e Nazanin Boniadi humanizam a história, impondo sentido ao sofrimento em torno da violência e da morte eminente. Isso equilibra o filme de maneira muito positiva, não há mortes gratuitas e descartáveis, mas não há melodrama nem exagero, tudo é muito bem dosado e temperado com toques de terror e tensão. Uma ótima obra para um iniciante.

Por que ver esse filme? Porque ele retrata a humanidade de forma muito crua e o seu pior, mas, ao mesmo tempo, levanta o questionamento entre o certo e o errado. Se você não gosta de violência exaustiva, não deve ver esse filme. Mas se gosta de uma visão bastante realista e até mesmo pragmática do mundo, esse filme foi feito pra você. Uma obra sóbria, para refletir sobre o mundo, sobre as pessoas e sobre a humanidade, ou talvez, a falta dela. Boa sessão.

Odailson Volpe de Abreu


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