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Ghostbusters – Mais Além


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 18/11/2021
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Há quem diga que o mundo do entretenimento vive um momento de bloqueio criativo há alguns anos. Isso porque, consideradas as proporções, existe um volume excessivo de obras que são remakes, reboots ou inspiradas em obras já realizadas anteriormente. É claro que sempre tem muita coisa original, mas se analisarmos apenas os lançamentos recentes ou que irão estrear em breve, temos Duna, Top Gun Maverick (em breve) e também a grande estreia da semana que é Os Caça-Fantasmas, ou seu mais recente filme. Ou seja, a nostalgia virou um filão muito rentável para a indústria do entretenimento. Na Coluna de hoje escreverei sobre o novo Caça-Fantasmas, mais conhecido como Ghostbusters Mais Além.

O ano era 2016, o anúncio de que a famosa franquia de filmes dos anos 1980 Os Caça-Fantasmas estaria de volta gerou grande interesse. Muitos fãs estavam ávidos por novas histórias e o momento era muito propício, o filme foi lançado quase simultaneamente com a série Stranger Things, que segue o mesmo estilo e está ambientada nos mesmos anos 1980. Mas, infelizmente, diferente do grande sucesso de Stranger Things que fez história e alavancou os anos 1980 de volta à moda, Caça fantasmas de 2016 amargou uma enxurrada de críticas e a desaprovação do público. O que mostra que é preciso mais do que o talento individual de um punhado de bons atores (o filme tinha no elenco Kristen Wiig e Melissa McCarthy) para ressuscitar um fenômeno.

Hoje, eu como fã que sou, aconselho você a esquecer o Caça-Fantasmas de 2016 e focar no filme que acabou de estrear nos cinemas. O reboot de 2016 tinha uma boa premissa, vinha recheado de girl power e estava antenado com tudo que acontecia de importante naquele ano, mas seu grande problema era a falta de nostalgia e o exagero na comédia. Os filmes originais dessa franquia se tornaram populares porque misturavam vários elementos que, sozinhos, não funcionariam tão bem. Os dois filmes (1984 e 1987 respectivamente), traziam uma história absurda, elementos de filmes B, muito trash, humor ácido, ironias e muito carisma e talento por parte do elenco, em sua maioria advindos de programas humorísticos. Uma mistura perfeita, que divertia na mesma medida em que entretinha, sem precisar se firmar como comédia para isso. O filme encabeçado pelas mulheres (a maioria comediantes) e dirigido por Paul Feig desconsiderou muito disso, subutilizou o elenco original e desprezou tudo o que os filmes anteriores haviam construído. Para completar, enfiou os dois pés na comédia rasgada e pouco refinada. Resultado: não agradou a quase ninguém.

Cinco anos passados, o diretor Jason Reitman, que é filho do diretor dos filmes de 1980, resolveu salvar o legado do pai. Nesse sentido, seu maior feito é entregar um filme muito original, mas completamente ancorado no que já foi construído dentro do universo de Os Caça-Fantasmas. Dificilmente eu classificaria Ghostbuster – Mais Além como reboot ou como remake, até mesmo o termo continuação é controverso para uma classificação. Isso porque a obra se constrói por si só, respeitando o passado, mas delineando uma trama muito sólida no presente. Para mais, Reitman faz desse filme uma grande homenagem para a obra do pai, com muitas referências dos filmes anteriores e também da cultura pop de todos os tempos. Tudo comedido, com bom gosto e com muito sentimento.

O roteiro, escrito pelo próprio diretor juntamente com Gil Kenan e o astro Dan Aykroyd (o Ray da franquia original), investe forte na saudade do público de meia idade que cresceu vendo os filmes, a série animada, ou jogando o jogo de Os Caça-Fantasmas. O roteiro tem essa pegada oitentista tão aclamada e um ritmo extremamente agradável, tanto que suas quase duas horas passam como se fossem minutos. Difícil encontrar falhas na forma como a história é contada e seu desfecho tem uma grande capacidade de emocionar. Essa estratégia, diferente da de 2016, é muito assertiva, pois é um convite para que os pais apresentem a história dos Caça-Fantasmas para as novas gerações.

Tecnicamente o filme é muito bom, tudo se encaixa de maneira muito arrebatadora. Os efeitos especiais não são absurdos e lembram os dos anos 1980, os ângulos de câmera são muito bem calculados, a trilha sonora cumpre seu papel de maneira única e o humor é muito refinado, na medida certa! Impossível assistir e não se lembrar de Stranger Things, ou, para ir mais longe, de Goonies, pois a sensação é a mesma.

O elenco também colabora muito para isso, pois a decisão acertada de dar espaço para um elenco mais jovem impõe um ar de renovo a esse clima de nostalgia. Os jovens não apenas se apropriaram desse espaço como esbanjaram talento em cena. Se você viu o trailer Ghostbuster Mais Além irá se lembrar apenas de dois atores, Finn Wolfhard (o Mike Wheeler de Stranger Things) e Paul Rudd (o Homem-Formiga) mas não se engane, quem mais brilha e com uma luz intensa é Mckeena Grace. Além dela, Logan Kim também é uma boa surpresa. Isso não quer dizer que os outros dois façam mal seus papéis, pelo contrário, mas é Grace e Kim que fazem os seus de maneira muito superior. Ela já havia demonstrado muito talento recentemente em The Handmaid´s Tale (O Conto da Haia), mas nada que permitisse ao grande público experimentar o quão genial ela é. Como protagonista, ela é ótima e sua atuação é muito próxima da atuação do saudoso ator Harold Ramis, interprete de Egon Spengler e morto em 2014. Vamos à trama!

Ghostbuster – Mais Além conta a história de uma mãe solteira que resolve se mudar para uma pequena cidade do interior com seus filhos. Ao chegar na nova casa, ainda sem saber ao certo o que vai acontecer, ela e seus filhos acabam descobrindo muita coisa deixada para trás por um de seus parentes como legado para sua família. Com essas descobertas, acontecimentos paranormais começam a acontecer e para acabar com eles não basta apenas chamar os Caça-Fantasmas, mas tornar-se um deles.

Por que ver esse filme? Porque o trailer não revela quase nada da trama e os segredos que envolvem os protagonistas só são revelados aos poucos, por isso o filme traz grandes revelações e boas reviravoltas. Além disso, esse é aquele tipo de filme prazeroso que diverte e dá vontade de ver de novo. As boas atuações, a direção competente e as grandes participações especiais (parte do elenco original está de volta) fazem dele um grande evento e imperdível no cinema. Do mais, fique atento para as duas cenas pós-créditos, se você for fã, vai adorar! Agora, é torcer para que o resultado das bilheterias seja bom e que esse projeto se torne uma franquia, os fãs mais que merecem. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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