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Cry Macho – O Caminho para a Redenção


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 28/10/2021
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Faz um tempo que tenho comentado apenas sobre filmes que estão no cinema e tenho deixado um pouco de lado os lançamentos em streaming. Com as fracas estreias destinadas para essa semana que antecede o feriado, resolvi utilizar o espaço para falar de um filme que estreou na semana passada no streaming da Warner/HBO, o HBO Max e que vale muito a pena ser visto. Nessa edição você vai saber mais sobre Cry Macho – O Caminho para a Redenção, o mais recente filme do icônico Clint Eastwood.

Eastwood é uma lenda do entretenimento, isso porque poucos profissionais podem, como ele, ostentar uma carreira tão longa e profícua. Ele está na ativa desde os anos 1950, tendo atuado não somente no cinema, como também na televisão. De ator, passou a diretor e demonstrou todo seu brilhantismo por detrás das câmeras. Atualmente ele está com 91 anos e mesmo assim continua ativo em sua carreira. Diante de toda essa trajetória, o mais interessante é que seus filmes amadureceram com ele.

Há quem diga que Clint Eastwood está desde o início dos anos 1990 quando lançou seu excelente Os Imperdoáveis , ensaiando um fim de carreira. Graças a Deus isso não aconteceu, porque de lá para cá, nesses quase 30 anos (Os Imperdoáveis foi lançado em 1992) ele fez muita coisa boa, como, por exemplo, Menina de Ouro, de 2005, Gran Torino, de 2008, e A Mula, de 2018. Se você, como eu, for fã de Faroeste e acompanhou as produções de Eastwood, deve ter percebido como cada filme é o reflexo do amadurecimento dele próprio, como pessoa e como profissional.

Bem por isso, Cry Macho – O Caminho para a Redenção é um filme de velhos e para velhos, o que é algo muito legal, porque impõe as gerações mais jovens um olhar diferenciado sobre a vida, sobre as relações e sobre o mundo. Como metáfora da vida, o filme segue o ritmo de um nonagenário, por isso ele é lento, menos agressivo, mais reflexivo e rico em detalhes. Baseado no livro homônimo de N. Richard Nash, a obra foi ambientada no final dos anos 1970, já com cara de anos 1980, podendo ser considerado como um Western moderno.

Vários elementos corriqueiros de gênero Faroeste estão presentes nesse filme, dentre eles é possível destacar os laços construídos entre jovens e velhos, o estilo road movie e vários outros. Por outro lado, o expectador irá sentir falta dos tiros. Como eu citei antes, o amadurecer do diretor traz ao filme uma propensão maior ao diálogo do que ao confronto, dessa forma, o protagonista nem mesmo porta uma arma e quando precisa resolver seus problemas de forma mais contundente parte para ação com os próprios punhos.

Atuando como ator e diretor do longa, Clint Eastwood tem a ajuda de Nick Schenk e do próprio Nash na composição do roteiro, que é bem sólido. Embasado na relação das figuras contraditórias, o roteiro não se preocupa com reviravoltas ou grandes sequências de ação. Pelo contrário, garante-se por sua forma discreta, tranquila e simplista de desenvolver as coisas. Sem dúvidas, um Faroeste bem diferente do que estamos acostumados, mas, ainda assim, extremamente agradável.

Essa simplicidade do roteiro também é uma grande aliada do elenco, que está ancorado em seu protagonista interpretado por Eastwood. Ele carrega toda a responsabilidade do filme nos ombros e assim o fato de outros atores, como, por exemplo, o jovem Eduardo Minett, terem uma atuação muito aquém do esperado não compromete a grandiosidade da obra.

O trabalho de fotografia também é de grande relevância e já mostra sua genialidade logo no início do filme. Planos enriquecidos por detalhes simples, cotidianos, já apresentam o tom que Cry Macho busca impor. Esse aspecto muito bem explorado por Ben Davis, o diretor de Fotografia, tem seu auge na cena em que o protagonista ensina o garoto a montar a cavalo, é o trabalho de fotografia que realça toda a aura de cowboy do velho oeste que está contida no envelhecido corpo do protagonista. Uma cena simples e de encher os olhos. Vamos à trama!

O filme traz a história de Mike Milo, um ex-astro de rodeio e criador de cavalos fracassado, que, em 1979, aceita uma proposta de trabalho de um ex-chefe para trazer o jovem filho desse homem, de volta do México para casa. A dupla improvável enfrenta uma jornada inesperadamente desafiadora, durante a qual, o cavaleiro cansado do mundo pode encontrar seu próprio senso de redenção ensinando ao menino o que significa ser um bom homem.

Por que ver esse filme? Primeiro, porque ele está disponível para ser contemplado no conforto do seu lar por meio do streaming HBO Marx. Segundo, porque provavelmente é um dos últimos filmes de Eastwood. Essa lenda ainda tem vitalidade para produzir mais e não me surpreenderia se isso fosse em breve, mas nunca se sabe, ainda mais em tempos de COVID. Além disso, o fato de ser um filme tranquilo, intimista e despreocupado com a busca por uma obra-prima para um fim de carreira o torna ainda mais interessante. Aproveite o feriadão e boa sessão!

Assista ao trailer:

 

 

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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