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Relatividade Física não é Relativismo Ético


Por: Especial para JN
Data: 30/06/2025
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A publicação da Teoria da Relatividade Geral por Albert Einstein, em 1915, representou uma das maiores revoluções da ciência moderna. Nessa teoria, Einstein demonstrou que a gravidade não é meramente uma força de atração entre corpos, como afirmava Newton, mas o resultado da curvatura do espaço-tempo causada pela presença de massa e energia. Essa visão transformou profundamente nossa compreensão do cosmos, dando base teórica, por exemplo, à existência de buracos negros e à expansão do universo.

Entretanto, a palavra “relatividade” acabou sendo interpretada por muitos de forma equivocada, sendo associada à ideia de que “tudo é relativo”, uma noção oriunda do campo da ética e da filosofia, e não da física.

Tal confusão levou a um erro conceitual comum: o de vincular a teoria científica de Einstein a um relativismo moral generalizado, como se o cientista estivesse negando a existência de verdades objetivas em todos os campos do conhecimento! Mas essa interpretação está equivocada, como explica Alister McGrath:

“[…] a relatividade é a ideia básica de que as leis e constantes fundamentais da física são as mesmas caso se esteja estático ou em movimento. Alguns acharam essa afirmação surpreendente, já que supõem que a relatividade tem a ver com o relativismo — a ideia de que não existem absolutos e cada um de nós pode decidir suas próprias ideias. Não foi isso que Einstein quis dizer. Na verdade, a suposição central na abordagem de Einstein à relatividade é a de que as leis da física são universalmente verdadeiras.”
 (MCGRATH, 2021, p. 58)

Portanto, ao contrário do que muitos pensam, Einstein defendia que as leis da natureza são invariáveis e absolutas, mesmo em um universo dinâmico. A relatividade não nega a existência de absolutos; pelo contrário, afirma que as leis fundamentais da física permanecem as mesmas para todos os observadores, o que reforça a noção de estabilidade no campo científico.

No campo da ética e da filosofia moral, autores como Michel Foucault, propuseram perspectivas relativistas. Foucault, por exemplo, argumentou que os valores morais são construções históricas e culturais, sujeitas a jogos de poder e discurso. Esse relativismo ético sustenta que o bem e o mal são categorias subjetivas, variando conforme a cultura, o tempo e o indivíduo. Assim, práticas como o roubo ou assassinato podem ser intepretadas como perspectivas culturais legítimas, o que não é verdade.

Essa não era é a proposta da Teoria de Einstein. A relatividade geral, na verdade, demonstra que, mesmo com a variação das percepções (como o tempo fluir de maneira diferente em um satélite e na Terra), as leis que regem essas variações são constantes. Paradoxalmente, ao afirmar que “tudo é relativo”, o relativismo moral enuncia uma proposição absoluta, o que o torna autorrefutável.

Em suma, Einstein ensinou que o que varia é o ponto de vista de quem o interpreta. Essa dinâmica, embora inevitável, não deve ser confundida com a negação das verdades objetivas. A pluralidade de interpretações enriquece a compreensão, mas não apaga a existência de fundamentos universais. Por isso, é fundamental distinguir entre a relatividade física — uma teoria rigorosa e baseada em leis universais — e o relativismo moral — uma postura filosófica que defende a ausência de valores universais e permanentes.

 

Infelizmente, a confusão entre esses dois conceitos compromete tanto a ciência quanto a ética. 

 

Por Ana Julia Toná Ruoco[1]



[1]Educanda da 1ª série 2 do Ensino Médio do Colégio Coração de Jesus.


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