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As críticas de Immanuel Kant e seus impactos na atualidade


Por: Especial para JN
Data: 14/04/2025
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“A crítica não é uma simples censura, mas sim um exame rigoroso e fundamentado das possibilidades e limites do conhecimento humano.”
– KANT, Crítica da Razão Pura, 1781, p. 20.

Por Davi Pireni[1]

O que podemos realmente conhecer? Essa pergunta, que inquietou Immanuel Kant ao longo de sua trajetória, ainda ressoa nos dias de hoje, especialmente em um mundo saturado de informações. Nascido em 1724, na Prússia, Kant foi um dos filósofos mais influentes da modernidade e buscou conciliar duas correntes opostas da epistemologia: o racionalismo e o empirismo.

Seu objetivo era construir uma base sólida para o conhecimento, algo que nem os racionalistas nem os empiristas, isoladamente, conseguiam fazer. Os racionalistas, como René Descartes (1596-1650), acreditavam que a razão era a fonte primária do conhecimento. Descartes, por exemplo, iniciou sua filosofia questionando tudo até encontrar uma verdade inquestionável: “Penso, logo existo”. Para ele, o conhecimento verdadeiro deveria ser deduzido logicamente, sem depender das incertezas da experiência sensível.

Por outro lado, os empiristas, como David Hume, sustentavam que a mente humana era uma “tábula rasa”, preenchida apenas pelas experiências que acumulamos ao longo da vida. Hume argumentava que toda crença na relação de causa e efeito, por exemplo, não passava de um hábito mental, uma ilusão gerada por nossa percepção repetida dos fenômenos.

Depois de ler a obra de Hume, Kant ficou profundamente perplexo com essa visão cética, e a partir dessa experiência, desenvolveu o Idealismo Transcendental, exposto em suas obras críticas, especialmente a Crítica da Razão Pura, publicada em 1781.

Na obra, Kant propôs que o conhecimento não vem apenas da experiência nem unicamente da razão, mas sim da interação entre ambos. Como ele mesmo afirmou: “A intuição e o entendimento não podem trocar seus papéis: o entendimento nada pode intuir, e os sentidos nada podem pensar. Somente de sua união pode resultar o conhecimento.”

No entanto, a importância desse pensamento – o conhecimento baseado em juízos sintéticos (experiência) coordenados e organizados por estruturas a priori (inatismo) – e sobretudo deste método, não se restringe ao século XVIII. Em uma era digital, onde somos constantemente bombardeados por informações e dados, a busca pelo conhecimento verdadeiro continua sendo um desafio e precisamos de um método semelhante ao que encontramos nas críticas de Kant para superar tal desafio.

Kant dizia que o exercício da crítica “(...) não é uma simples censura, mas sim um exame rigoroso e fundamentado das possibilidades e limites do conhecimento humano.” De certa forma, isso nos ensina que não basta acumular informações para ter certeza de algo, nem apenas formular teorias abstratas para justificar nossas crenças. É preciso estruturar o conhecimento de maneira crítica, organizando os dados e compreendendo-os de forma racional.

É preciso, especialmente em uma era de notícias falsas, inteligência artificial e redes sociais, que tenhamos a vontade e a capacidade de examinar rigorosamente os fundamentos da nossa própria condição intelectual, dos próprios métodos que utilizamos para conhecer, a fim de que saibamos como podemos ter certeza de que nossas opiniões, visões e interpretações da realidade são, de fato, conhecimento verdadeiro.

Antes de ser um autor que nos estimula a olhar criticamente para a sociedade, Kant nos instiga a olhar para a nossa própria forma de conhecer a realidade (o estudo do sujeito, para Kant, é mais importante que o estudo dos objetos), para que possamos nos questionar: que métodos eu utilizo para conhecer? Como posso ter certeza que isso é verdadeiro e real? Eu defendo isso ou aquilo porque utilizei meios corretos para chegar a essa conclusão ou é só porque tal ideia me agrada mais?

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


[1]Educando da 2ª série 2 do Ensino Médio do Colégio Coração de Jesus.


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