A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


O alerta da dengue


Por: José Antônio Costa
Data: 08/03/2024
  • Compartilhar:

Na semana passada o Brasil alcançou a marca de mais de 1 milhão de casos de dengue registrados em 2024. Os dados do Ministério da Saúde, divulgados na quinta-feira, (29), apontavam 1.017.278 casos, com 214 mortes.

É importante mencionar que o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a disponibilizar vacinas contra a dengue no sistema público de saúde. Embora com baixa adesão, a vacina “Qdenga”, produzida pelo laboratório japonês Takeda, tem sido destinada, a regiões com maior incidência e transmissão do vírus, contemplando crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.

No Paraná, o informe semanal da dengue, divulgado na terça-feira, (05) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), registrou o maior número de casos em um boletim do atual período epidemiológico: 15.361 novos casos, com 14 novos óbitos pela doença. O período sazonal 2023/2024, que teve início em julho do ano passado, soma 73.928 casos confirmados e 37 óbitos. O Governo do Estado anunciou um aporte adicional de recursos de R$ 93 milhões para auxiliar os municípios.

Nova Esperança, de acordo com dados obtidos junto à Vigilância Sanitária, está com 373 casos notificados, 123 suspeitos, 221 descartados e 29 positivos. Considerando o ano epidemiológico da dengue no período de 01/08/2023 até 07/03/2024. Mesmo que a situação do município não seja epidêmica, o poder público tem intensificado as ações de combate ao Aedes aegypti.

Porém, os dados acendem o “sinal de alerta vermelho”, pois a dengue representa um perigo real e imediato. E não é só no Paraná, as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti voltaram a ser motivo de preocupação no país. A dengue não é uma ameaça distante, ela pode estar em nossas casas, local de trabalho, escolas e até ambientes que utilizamos para o nosso lazer.

Talvez a resposta para a epidemia de dengue não seja apenas por culpa das pessoas que não limpam direito os seus quintais (que também tem sua parcela de responsabilidade). É muito fácil “rotular” os brasileiros como irresponsáveis, que não cuidam das suas casas e deixam acumular água parada e ficar por isso mesmo.

Quando se observa que a dengue não é uma doença nova, a exemplo de outras que são transmitidas por insetos, tais como doença de chagas, febre amarela, malária e leishmaniose, o tema ganha proporções maiores.

Países desenvolvidos já tiveram surtos, em épocas passadas, quando estavam em desenvolvimento, como acontece com o Brasil e outros países agora afetados. O que isso quer dizer? Comprova que o desequilíbrio ecológico provocado pelo desenvolvimento desordenado das cidades, indústrias e monoculturas eliminou grande parte dos predadores naturais dos insetos. Sapos e rãs, por exemplo, importantes predadores naturais dos mosquitos, vêm sofrendo reduções em suas populações em diversos ecossistemas ao redor do planeta. Na falta de predadores naturais, o mosquito se reproduz de maneira intensa.

O velho ditado que “a corda arrebenta para o lado mais fraco”, é fato. O governo transfere grande parte da responsabilidade e culpa a população. Por outro lado, faltam investimentos em profissionais capacitados no planejamento ambiental e controle de vetores e pragas urbanas.

A invasão de monoculturas (na nossa região a cana de açúcar) devido a falta de uma legislação mais rígida dos municípios delimitando a área de plantio acelerou o processo de desequilíbrio causado pelo homem ao meio ambiente.

Até dezembro de 2023, dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), apontavam o registro de 505 novos pesticidas. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Entre 2019 e 2022 foram liberados 2.181 novos registros, uma médica de 545 ao ano.

Diante disso, como os danos ambientais são irreversíveis, é urgente investimentos em políticas públicas voltadas a sustentabilidade e preservação do que ainda resta, caso contrário, seres humanos dotados de racionalidade perderão a luta para um pequeno mosquito.

“O Senhor Deus colocou o homem no Jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo”.
Gênesis 2:15 – Bíblia Sagrada

José Antônio Costa


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.