Quando a morte visita a maternidade
Estamos grávidos! A descoberta de uma gravidez pode ser uma das coisas mais aguardadas na vida de uma mulher/casal, a ânsia para noticiar ao mundo essa notícia pode ser avassaladora. Em um dia tudo está bem, os preparativos já começaram, vocês pensam em que nome vão dar, como vai ser o quarto, quais roupas vão comprar. E de repente você acorda não se sentindo muito bem e começa a perder sangue, então corre para o hospital, suas mãos estão suando, seu coração parece que vai sair pela boca e você está agarrada firmemente a sua barriga, como se isso fosse impedir que algo ruim acontecesse, então pela ultrassonografia o médico confirma aquilo que você mais temia, você perdeu seu filho.
A verdade é que a morte de um bebê na maternidade não parece correto em um lugar que deveria dar vida e não morte. E realmente não o é, mas bebês morrem, mesmo quando tudo está bem e isso não pode ser negado. O que mais acontece é se ouvir “Não fique triste. Não era para ser”, mas por favor, fique triste sim se isso te causou uma dor irreparável; “Ainda bem que estava no comecinho”, não sabia que a intensidade da dor é medida pelo tempo que você conviveu com seu filho. A negação da dor dessa mãe, em especial por parte das pessoas, causa uma dor enorme e quase revoltante, por quê alguns, até esperam um certo período de pesar, mas não consideram realmente como a perda de um filho. É penoso esquecer alguém que se ama.
Poder gerar outro ser nove meses mais tarde não anula a morte do anterior. Muitas mães em uma dinâmica não saudável tentam engravidar rapidamente e algumas chegam a colocar o nome do bebê falecido. Por isso a importância da elaboração desse luto pelos pais. E caso percebam a dificuldade de lidar da melhor maneira possível, é necessária ajuda profissional. O Psicólogo Perinatal se atenta a cuidar dessas famílias que enfrentam essa dor.
“Nunca vi as feições que gerei,
As mãos que senti tateando
À procura da vida que tentei dar e não pude (...)
Barbara N. Scott, “Stillbirth”