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Diário sobre uma situação de peste atual


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 05/04/2024
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Indiscutivelmente, as experiências e reflexões desenvolvidas pelo professor Felipe Figueira do Instituto Federal do Paraná, localizado no Campus Paranavaí, apresentado em seu livro intitulado como Diário de Um Docente: 2019-2021, descrevem o momento de presente de nossa história, marcado pela pandemia do vírus denominada como Covid-19, que penso pode ser descrita enquanto uma situação  nossa de “peste atual”, a descrevendo em forma de narrativas e a refletindo criticamente, concentrando-se sobretudo nos fatores sociais, políticos, históricos e econômicos, provocados e desvelados pela Pandemia viral, tanto no cenário nacional quanto no internacional. Figueira, desenvolve claramente e objetivamente, descrições e reflexões ligadas ao quadro pandêmico, demarcando acontecimentos próprios da sua esfera privada, em encontro total com o que vivenciou e vivencia na esfera pública, em decorrência de sua função na docência.

Em seu livro, nosso docente, consegue ao mesmo tempo, construir uma cronologia referente aos fatos analisados, ao longo de sua experiência com a Pandemia, desvelando as causas e as consequências que afetaram a todos nós, aqui no Brasil e também no mundo. Observe-se que em seu “Diário do Docente”, tece-se uma análise crítica equilibrada, mas não meramente fria ou distante, conseguindo narrar a questão referente à descartabilidade própria da vida humana e apontando nosso crescente individualismo, além do descaso oficial e social, com a fragilidade de nossa existência humana, tudo isto desnudado pelo acontecimento da Pandemia do Covid-19 e narrado em seu “Diário do Docente”.

Ressalte-se ainda, que o prof. Felipe Figueira, desenvolve sua reflexão, presente no seu “Diário de Docente”, se colocando de modo não erudito e livre de qualquer tipo de sentimentalismo, apresentando intensamente em suas observações e narrativas, uma intensa e profunda preocupação de caráter ético e político, no que diz respeito a nossa condição humana de vulnerabilidade e fragilidade, desveladas pelo vírus da Covid-19, mas também conseguindo ao mesmo tempo, escapar de pessimismos e posturas trágicas.

Felipe Figueira, constrói seu “Diário”, vivenciando e narrando suas dores privadas, mas sem deixar de lado, as dores públicas, quando por exemplo narra os óbitos tanto em sua cidade, quanto no país e no mundo, visando assim chamar a nossa atenção para uma mudança de conduta perante uns com os outros e com o mundo em geral, para tentarmos enfrentar as dimensões desafiadoras que uma “crise de saúde mundial”, causada por uma pandemia como a do Covid-19, nos fez e ainda faz passar, para conseguirmos resgatar e fortalecer a nossa possibilidade de existir no e perante o mundo.

Existência que por nós mesmos é ameaçada, como Figueira expõe em seu livro-diário de forma clara, objetiva e criticamente contundente, ao nos deixarmos adoecer e dominar por nossas “pestes existenciais” como o egoísmo, a indiferença para com outro, a banalização da vida no seu todo, a ganância que nos afasta do cuidado conosco e com o outro, a desumanização do existir humano e outras pestes, desveladas de forma crua e clara, ao sermos confrontados por uma peste pior como a da Covid-19, que por sinal foi originada e mantém-se alimentada, também por nós mesmos.   

Que o “Diário de um Docente” do prof. Felipe Figueira, tenha um efeito pedagógico, levando a uma atitude de autorreflexão e também de auto compreensão, sobre a necessidade de nos educarmos de modo mais responsável quanto a nossa práxis desmedida neste mundo, pois a peste atual do Covid-19, está levando a uma reprovação intensa e muito grave de nossa civilização atual.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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