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Ciência, Cientificismo e Negacionismo


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 18/02/2021
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Começo esta nova exposição de ideias, com um desafio: o debate sobre a importância da ciência, principalmente em nossa sociedade, nunca apresentou tamanha intensidade, como nesta situação de pandemia que vivenciamos. A ciência ou o conhecimento científico, marcou e ainda marca a própria trajetória da humanidade em suas diferentes épocas históricas. Em diversos campos da dimensão existencial humana. O surgimento do que denominamos como ciência, denota a distinção entre conhecimento verdadeiro e mera opinião. Ela se estabeleceu como uma caminhada fundamentalmente de busca pelo conhecimento. Por certezas, verdades e determinações sobre o mundo a nossa volta. Compreender de modo verdadeiro, metodológico e comprovado, os fenômenos da natureza e sobre a temporalidade da existência humana. Desta forma, combater ou simplesmente negar a ciência e seus critérios, métodos e comprovações expressa uma posição de mera imposição de opinião sem fundamentos ou critérios de verdade, embasando-se em convicções ou dogmas.

Claro que devemos ter o senso crítico quanto a práxis científica. Não devemos endeusá-la ou venerá-la, pois ela também comete erros. Pois é feita por homens. Todos nós sabemos a respeito de uso de suas descobertas, não para o progresso da Humanidade, mas sim para sua destruição. A ciência não é neutra. Tomarmos uma posição acrítica com referência a ela nos leva ao Cientificismo, enquanto uma concepção que afirma a superioridade da ciência e sua imposição de se tornar inquestionável quanto a produção de verdades e conhecimento autêntico. Tal visão extremista, só nos desvia do caminho científico do questionamento e da construção aberta de conhecimento.

Simultaneamente à intensificação do debate sobre ciência junto temos outra postura bem destrutiva e perigosa para este momento de pandemia.   O negacionismo é a escolha de negar a realidade como modo de escapar de uma verdade insuportável. Pode ser descrito como a rejeição dos conceitos básicos, incontestáveis e apoiados por um consenso científico a favor de ideias tanto radicais quanto controversas. Quando em oposição a evidências cientificamente comprovadas, o movimento negacionista sustenta-se em teorias e discursos conspiratórios, sem aprofundamento e isolados, que acabam favorecendo disputas ideológicas, interesses políticos e religiosos. Criam-se polêmicas retóricas e desnecessárias, rejeitando afirmações que encontram consenso no meio científico, recusando aceitar, teorias e fatos solidamente comprovados. A posição negacionista pode resultar num alto custo socioemocional, traduzindo-se em indiferença, prepotência e intolerância, levando em muitas ocasiões ao obscurantismo. Convenhamos que   esta situação no caso do combate à pandemia da Covid-19, principalmente em nossa situação, torna-se perigosa e extremamente nociva, influenciando de modo negativo às medidas de controle e erradicação da pandemia, inclusive e especialmente quanto á recusa em se tomar a vacina.      

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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