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Vamos compostar?!


Por: Jaqueline Pirão Zotesso
Data: 06/09/2019
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É comum o pensamento de que ao separar os resíduos recicláveis já estamos fazendo a nossa parte. Mas...será mesmo?!

No Brasil, mais de 50% dos resíduos gerados em nossas casas são de origem orgânica. Esses resíduos, por serem mais pesados, geram um custo altíssimo aos cofres públicos, pois normalmente as empresas que operam os aterros sanitários recebem pela quantidade mássica de resíduos aterrados. Isso quando esses resíduos são encaminhados para aterros sanitários, pois sabemos que boa parte ainda é disposta em aterros controlados ou lixões, que são formas inadequadas de disposição.

Já escrevi em artigos anteriores sobre a importância da hierarquia de gerenciamento de resíduos sólidos, que nada mais é do que a adoção das seguintes ações em ordem de prioridade ao lidar com os nossos resíduos: não gerar, reduzir, reutilizar, reciclar, tratar e, por fim, encaminhar para disposição final apenas os rejeitos, ou seja, aqueles materiais para os quais não há outra alternativa.

Mas para os resíduos orgânicos há várias alternativas que podem evitar que eles sejam encaminhados para disposição final. Um método de tratamento de baixo custo e que pode ser facilmente aplicado em nossas casas é a COMPOSTAGEM.

Além de reduzir a quantidade de resíduos orgânicos encaminhados para aterros ou lixões e os consequentes impactos ambientais associados a essa prática, a compostagem resulta num composto orgânico de alta qualidade, que pode ser utilizado para adubar hortas e jardins urbanos, permitindo a reintrodução de nutrientes e matéria orgânica no solo.

A compostagem nada mais é do que um processo de biodegradação de resíduos orgânicos realizado por uma população microbiana em condições aeróbias (em presença de oxigênio) e no estado sólido. Em grande escala pode ser realizada de diferentes formas, como por exemplo, em leiras, pilhas e reatores. Em escala doméstica, normalmente é realizada diretamente no chão, quando há disponibilidade de espaço, ou em baldes/caixas de plástico, mais utilizados em apartamentos ou quitinetes.

Na compostagem doméstica, o ideal é que apenas os resíduos orgânicos não processados termicamente sejam utilizados, ou seja, aqueles resíduos de alimentos que não passaram por cozimento, fritura etc. Exemplos de resíduos que podem ser compostados são os resíduos de frutas, verduras, legumes, borra de café e cascas de ovos. É importante evitar resíduos de carne, tanto crus como processados.

Além disso, é fundamental que os resíduos orgânicos sejam misturados com matéria seca (serragem, palha ou folhas secas), a fim de manter condições ideais de umidade e também a relação C/N (carbono/nitrogênio) adequada para os microrganismos. A matéria seca também contribui para evitar condições de degradação anaeróbia, evitando o mau cheiro.

A decomposição dos resíduos leva em torno de 4 meses e, para acelerar o processo, é possível fazer a compostagem com minhocas, principalmente quando feita em baldes ou caixas (recomenda-se o uso da minhoca vermelha da Califórnia, que pode ser adquirida em sites ou lojas especializadas ou doadas por pessoas que já realizam a compostagem). Nesses casos, deve-se manter condições adequadas para que as minhocas não morram ou fujam, evitando excesso de umidade, muito calor ou muito frio, e alimentos ácidos, como alho, cebola e frutas cítricas.

Uma vantagem da compostagem em baldes/caixas é que o sistema permite a coleta do biofertilizante gerado durante o processo devido à umidade dos resíduos. O biofertilizante também pode ser aplicado nas plantas para adubação e também funciona como um pesticida natural. Basta dilui-lo numa proporção 1:10 (uma parte de biofertilizante para 10 partes de água). 

Parece difícil, mas é muito simples! A gente aprende a compostar na prática e depois não consegue mais jogar fora os resíduos orgânicos. Deixo como recomendação de leitura um manual de orientação do Ministério do Meio Ambiente, que contém maiores instruções sobre como realizar as diferentes formas de compostagem. No site do blog (www.ecocientizacao.home.blog) você encontrará esse arquivo e também um manual para composteiras domésticas produzido pela empresa Biotalk Comunicação Ambiental. E daí, vamos compostar?!

 

Recomendação de leitura:

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Compostagem doméstica, comunitária e institucional de resíduos orgânicos: manual de orientação. Ministério do Meio Ambiente, Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo, Serviço Social do Comércio. Brasília, DF: MMA, 2017. Disponível em: https://www.mma.gov.br/images/arquivo/80058/Compostagem-ManualOrientacao_MMA_2017-06-20.pdf

Jaqueline Pirão Zotesso


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