Vidas desperdiçadas em nosso quotidiano
O tema proposto para esta nova exposição de ideias, passa pela percepção prática e análise concreta sobre um fato cada vez mais intenso em nosso quotidiano: o aumento de vidas desperdiçadas que se espraiam pelas ruas e avenidas das grandes capitais nacionais quanto internacionais. Vidas identificadas enquanto um refugo ou uma forma de resíduo. Marcadas pelo abandono e exclusão de qualquer tipo. Que são interpretadas como descartáveis e inúteis. Moralmente identificadas com a preguiça e o desperdício. São vidas supérfluas ou excedentes, produzidas por fatores sociais, econômicos, éticos e políticos. A deficiência ou desigualdade de distribuição de maiores oportunidades são fontes dessa produção de refugos. O desperdício de vidas jovens acarreta maior desordem social e desequilíbrio socioeconômico. Desumanizam-se de tal modo, estas “populações de refugo” que descarta-las, torna-se um processo naturalizado, comum e desejável. A inexistência de qualquer tipo de direito transforma-se em regra para estas vidas desperdiçadas que são excluídas da construção da ordem social e do progresso econômico. Não são reconhecidos como pessoas ou vidas, mas sim como um “lixo social”, que esparramado pelas ruas, só atrapalha a nossa passagem e incomodam nosso quotidiano. Quem tiver olhos para ver, que veja.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com