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Uma nova onda da Covid -19 se espalha pelo Brasil. Seria a segunda onda?


Por: Dr. Juarez de Oliveira
Data: 24/11/2020
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Dr. Juarez de Oliveira - Médico do Programa Saúde da Família (PSF)

E a situação da Covid-19 voltou a se agravar na Europa e nos Estados Unidos já há algumas semanas com o aumento do número de casos infectados e os hospitais já estão próximos de limites de capacidade de atendimento. Para evitar problemas maiores ou até mesmo os  lockdowns, países, líderes de nações como o  Reino Unido, Espanha, Alemanha, França e outros, já decretaram o toque de recolher. Aqui no Brasil, alguns indicadores sinalizam que o país18e estar a beira de uma segunda onda da Covid-19. Informações vindas de São Paulo, Rio de Janeiro e de outros Estados como o Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, diversos hospitais públicos e particulares já registram um aumento significativo dos  números de casos, internamentos  e até de óbitos,  a partir das últimas semanas de  outubro, agravando a situação no mês de novembro. Em Nova Esperança e outras cidades da região, a situação é a mesma, com elevação do número de infectados, internamentos nos hospitais, principalmente na faixa etária de 18 a 40 anos, por não seguirem as orientações das autoridades sanitárias.  A doença está saindo do trabalho, das ruas, das aglomerações e entrando para dentro de casa, atingindo várias pessoas de uma mesma família.  As pessoas esqueceram que a pandemia não acabou. Relaxaram demais. "Sabemos que as pessoas estão cansadas do vírus. Mas o vírus não está cansado das pessoas", segundo a OMS.   Basta olharmos pelos gráficos de evolução da doença que constatamos uma evolução da taxa de reprodução (Rt) do coronavírus pelo país, inclusive no Paraná, o que indica que a pandemia votou a crescer por aqui. Tomando por base o valor de referência como sendo 1, em meses anteriores a situação estava bem abaixo desta taxa. Com o aumento de casos, a taxa passou de 1 para 1,12, que significa que cada 100 pessoas infectadas poderão infectar outras 112 pessoas. Estas 112 pessoas infectadas poderão infectar outras 125. No Paraná, esta taxa já chegou 1,62 ou seja, cada 100 pessoas infectadas poderiam infectar outras 162 pessoas.  Desde agosto não tínhamos valores tão altos como agora. Naquela oportunidade, o número de mortos e de infectados estava bem baixo.  Se pensarmos bem, no Brasil não houve um l controle real da pandemia. O que está acontecendo agora pode ser até uma sobreposição entre as ondas de contágio. Na realidade, sem o apoio do governo federal, nós nunca conseguimos controlar a transmissão e circulação do vírus entre a população. Estamos preocupados pelo que está acontecendo na Europa e Estados Unidos, sabendo que essa nova onda poderá chegar aqui, complicando ainda mais a situação. Nós não conseguimos resolver os problemas da primeira onda da Covid-19, como é que vamos nos preparar para uma possível segunda onda, apesar da experiência já adquirida como lidar com a pandemia e exemplos do que funciona melhor para conter a disseminação da doença.  Estamos atrasados, como sempre. Foi assim na primeira onda, quando as coisas estavam complicadas na Europa e nós estávamos por aqui, discutindo resultados do carnaval. Algumas projeções indicam que esta segunda onda poderia ser agravada pelo final de ano, pelas festas, viagens às praias, reuniões de famílias, etc. As autoridades precisam agir logo.

Ampliar a testagem da população

O que precisa ser feito já, imediatamente, é a testagem em massa e o rastreamento da população com quem os infectados entraram em contato para isolar todos para quebrar a cadeia de transmissão. "Se não fizermos testes, não vamos encontrar casos," afirmam pesquisadores e estudiosos do novo coronavírus. Seria importante a testagem com o RT - PCR-, para descobrir a doença ativa, conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS). A imprensa está denunciando que 6,8 milhões de testes RT-PCR armazenado no Aeroporto de Guarulhos vence agora em dezembro/janeiro sem qualquer providência do Ministério da Saúde para distribuírem aos estados e municípios. A questão é política. O teste rápido vai dizer somente se a pessoa teve a doença.  Sendo assim, para entendermos a real situação da pandemia seria excelente se os prefeitos (não ficarem esperando pelo governo) criassem um programa de testagem populacional, incluindo as pessoas que não tivessem nenhum sintoma.  Só assim será possível detectar casos assintomáticos ou com poucos sinais que representam a grande maioria dos infectados. Somente a testagem em massa permite um panorama mais concreto, de como está a situação e quais ações são necessárias para conter a disseminação da doença. Testar, isolar e rastrear são as ações que permitem o controle da Covid-19, enquanto a população não estiver vacinada.

As pessoas estão estressadas com a situação. A gente sabe que muitas não tem como sobreviver se ficar em casa. Não há escolha. Por tudo isso, vamos continuar a manter a distância segura um dos outros, evitar as aglomerações (em Nova Esperança o caso é de polícia), evite ambientes fechados sem circulação de ar, evite visitar pessoas de risco, festas, viagens, usar máscaras (se sair de casa use   o tempo todo) e lavar sempre as mãos. Vamos usar o álcool em gel.  É melhor tomar essa atitude agora do que voltar a fechar tudo por muito mais tempo. Quando a covid entrar em sua casa, ela poderá se alastrar por toda a família, vizinhos, amigos, etc. E quando ela sair, não sabemos o que ela poderá deixar para trás.

Dr. Juarez de Oliveira


Anuncie com Jornal Noroeste
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