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Um incidente na universidade


Por: Dr. Felipe Figueira
Data: 26/06/2023
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Quando cursei História fui estagiário na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) no primeiro ano do curso e nos outros três fui bolsista de projeto de extensão sobre cultura e história afro-brasileira. Foi revolucionário ser bolsista, pois eu pude estudar em tempo integral. Quantas pessoas no mundo têm essa oportunidade? Certamente que poucas, e eu tive, em parte por causa do dinheiro da bolsa, em parte por apoio dos meus pais.

Uma das disciplinas que há no curso de História é Brasil República, que na minha grade curricular era ministrada no terceiro ano. Era um assunto que eu gostava, tanto que no pós-doutorado pesquisei a passagem do Império para a República e os primeiros anos desta. Porém, em uma das avaliações da disciplina, apesar de todo estudo que foi ensinado e leituras à parte, fui extremamente mal e questionei administrativamente a avaliação, interpondo recurso. Mas, para a minha surpresa, o professor não gostou da minha atitude, contou para a sala toda em gritos e esfregou (literalmente) a ementa da disciplina no meu rosto, dizendo que eu não estudava.

A experiência acima foi horrível, pois mexeu com a minha essência, o ser estudante, e foi um ato ditatorial que eu jamais havia imaginado viver. No dia seguinte, já que o meu curso era noturno, contei o ocorrido aos meus pais, e o meu genitor, inconformado, disse que iria à universidade. E foi.

Meu pai não fez cerimônias, foi diretamente atrás do professor tirar satisfações e o professor só gaguejava. Por mais que o docente já tivesse feito com outros alunos o que fez comigo (depois eu soube que isso era um padrão), nenhum pai se colocou contra o professor. Fiquei orgulhoso da atitude do meu pai e envergonhado por ter um professor que sequer deveria ser professor. Resultado? Fiquei com conceito baixo no bimestre, mas, ao final do ano, surpreendentemente, minha nota ficou entre as maiores.

A situação deste texto serve apenas para ilustrar que bons e maus profissionais existirão em todos os lugares, e que ninguém pode desanimar diante das afrontas. Segundo um poema de Mário Quintana que sempre gosto de mencionar:

 

“Todos esses que aí estão

Atravancando meu caminho,

Eles passarão...

Eu passarinho!”

Dr. Felipe Figueira

Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.


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