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Trem-Bala


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 11/08/2022
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Como prometido na última semana, nessa edição irei me dedicar ao controverso filme de ação e comédia intitulado Trem-Bala. Esperar uma semana para comentar sobre esse filme foi uma decisão muito acertada, dado o fato de que agora é possível mensurar mais claramente o quão agradável ele tem sido para o público e para a crítica. Antes de entrarmos de fato no que vale a pena saber sobre o filme é preciso dar destaque a uma estratégia muito interessante utilizada pelo estúdio em relação a essa obra, o embargo à crítica. Eventualmente nos deparamos com esse tipo de situação e a grande questão é: por que o estúdio impede que críticos, jornalistas e colunistas expressem sua opinião sobre determinada obra até o dia de seu lançamento? A resposta é simples: bilheteria. Essa foi claramente a motivação por trás do embargo à crítica de Trem-Bala. Após apresentar o filme para um seleto grupo de críticos especializados o diretor e o estúdio viram sua aprovação despencar no renomado site agregador de críticas Rotten Tomatoes. Por isso, manter o embargo era uma forma de garantir que o público mantivesse o interesse pela obra independente da crítica. E o melhor é que a estratégia deu certo e quem foi ver o filme na estreia gostou bastante, elevando a nota do público em relação a aprovação desse filme no site.

Agora que as curiosidades já foram postas, vamos ao que interessa, o filme em si. Primeiro ponto a considerar sobre Trem-Bala seria o quão fiel ele é à sua essência. Concebido para ser um filme de ação que faz rir, ele trilha o mesmo caminho de todos os seus antecessores — inclusive vários dirigidos por seu diretor —, dessa forma, não inova em nada, mas apresenta uma fórmula de muito sucesso dentro do gênero a que se propõe. É claro que o gênero de ação, com toques nada sutis de comédia, juntamente com os filmes de heróis, está saturado em Hollywood já faz um tempo e, mesmo assim, não apresenta indícios de esgotamento. Tendo isso como base, o diretor David Leitch fez seu filme muito mais para o público e muito menos para a crítica.

O diretor aproveitou sua experiência como coordenador de dublês e investiu muito em cenas de luta bem coreografadas e intensas. Já o conhecimento adquirido por ele na direção de filmes como Deadpool 2, Atômica e Velozes e Furiosos: Hobs & Shaw permitiu a ele abrir mão de cenários digitais e abusar de ângulos e movimentos de câmera, de enquadramentos e composição de cores, tudo em cenários reais, elevando o caráter técnico da obra.

Outro ponto forte em que o estúdio investiu pesado nesse filme foi o elenco. Não é de hoje que filmes de ação se constroem basicamente sob o prestígio de seu elenco, veja, por exemplo, o recente Agente Oculto da Netflix. Em Trem-Bala não é diferente! Repleto de estrelas, a obra tem como protagonista ninguém menos que Brad Pitt, que está completamente à vontade em sem papel. Analisando seu personagem nesse filme e sua última participação no cinema, como um breve anti-herói em Cidade Perdida, é possível perceber que Brad Pitt já tem um estereotipo para chamar de seu no mundo cinematográfico. Parece que ele venceu a premissa de ser apenas um brucutu bem afeiçoado e incorporou muito mais a premissa de personagem descolado, debochado e imprevisível. Tonalidade perfeita para Trem-Bala. Com ele, estão no elenco Joey King, Brian Tyree Henry, Aaron Taylor-Johnson, Sandra Bullock e mais um monte de gente muito boa! Dentre esses destaco Brian Tyree Henry e Aaron Taylor-Johnson que formam uma dupla perfeita. A química e a qualidade de atuação entre os dois faz com que eles se sobressaiam sobre o talentoso Brad Pitt sempre que possível.

Dito tudo isso, vale a pena agora atingir em cheio o “calcanhar de Aquiles” dessa obra. Seu roteiro é o ponto que a torna quase que um consenso negativo entre os críticos. A trama é simples e poderia funcionar bem, mas está muito mais preocupada com a ação e muito menos em transmitir os sentimentos necessários para que esse seja um filme excelente. Com muitos personagens e muita coisa acontecendo ao mesmo tempo fica difícil manter o foco. Para mais, falta suspense nos acontecimentos, o que gera uma certa despreocupação com o que irá acontecer a seguir. Eu diria que isso, infelizmente, rouba muito do aspecto de urgência da trama. Por fim, o desejo de florear a ação com comédia faz com que o roteiro ostente uma série de diálogos que buscam apenas inserir uma galhofa ou uma zoeira aqui e ali. Dessa forma, na falta de uma trama melhor amarrada o diretor buscou trilhar em Trem-Bala o mesmo caminho que já havia percorrido em Deadpool 2. Dito isso, vamos à trama!

Um assassino azarado, busca realizar seu trabalho da forma mais pacífica possível após muitas de suas missões saírem dos trilhos. Ao ser recrutado para coletar uma maleta dentro de um trem-bala no Japão ele entra em rota de colisão com adversários letais de todo o mundo. Ao mesmo tempo, descobre que está sob ameaça de uma bomba que explodirá automaticamente se o trem diminuir a velocidade abaixo de 80 quilômetros por hora, a menos que um resgate seja pago.

Por que ver esse filme? Porque esse é um otimo representante desse mix que tem feito muito sucesso ultimamente: comédia e ação. É leve, é extrovertido e é muito bonito de se ver. Se você for um apreciador de comédias, nem irá perceber os possíveis problemas de roteiro. Além disso o trabalho perfeito de câmera e decupagem são mais interessantes do que os diálogos genéricos ou a falta de ritmo. Deve ser visto porque é diversão de primeira naquele estilo já consagrado e adorado pelos brasileiros, o estilo sessão da tarde! Boa sessão!

Assista ao trailer:

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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