Travessias
Um alerta no petshop
Minha cachorra precisava de uma caminha nova. Encontrei um petshop em Paranavaí que estava com promoção em caminhas: R$ 20,00. Quando cheguei ao caixa vi um rapaz com uma blusa escrito “História”. Perguntei onde ele se formou e ele me disse que foi na UNESPAR campus FAFIPA no ano de 2016, e que na loja, além dele, havia outro formado no mesmo curso, que inclusive era da mesma turma que ele.
O sonho do estudante de ensino médio é o de cursar uma graduação. O sonho do universitário é o de trabalhar na área. Todavia, a realidade é muito diferente do sonho. No caso trazido anteriormente, dois historiadores trabalhavam em um petshop. Algum problema quanto a esse trabalho? Claro que não, mas se trata de um serviço bem diferente do que eles almejavam.
Ao conversar com o rapaz do caixa, alguém de uns trinta anos, observei uma aliança de casamento. Para quem tem vários compromissos, como a de uma família, não é possível escolher serviços, tampouco esperar, no caso dele, pela abertura de um concurso. O historiador me dizia, quando me identifiquei enquanto professor de História: “Até PSS (Processo Seletivo Simplificado) para professor está difícil de conseguir, concurso, então, nem se fale.”
Situações como a dos dois rapazes do petshop devem servir de alerta a todos os envolvidos com a educação. A vida é extremamente complexa, consequentemente, o mundo do trabalho também é complexo. Os sonhos facilmente podem ser tolhidos e alterados pelo dia a dia em um cenário que pouco rima com meritocracia.
Dr. Felipe Figueira
Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.