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Soul: a mais nova obra da Pixar


Por: Veja Jornal
Data: 14/01/2021
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O ano de 2021 começa cheio de esperanças. A vacina se mostra cada vez mais próxima no Brasil e até mesmo a cultura começa a dar sinais de vida, pois esse fim de semana os cinemas voltarão a abrir em Maringá – lembrando que em Paranavaí eles já estavam abertos há um tempo. Após esse período de férias, abro a Coluna Sétima Arte de 2021 comentando sobre um filme que não está nos cinemas, mas sim disponível no mais novo queridinho serviço de streaming no Brasil, o Disney+, hoje irei comentar sobre a animação Soul, uma joia rara feita sob medida para agradar a toda a família.

Importante iniciar dizendo que Soul é a mais nova obra da Pixar e, como de costume, esse estúdio aborda temas que estão muito além das fantasias infantis habituais do gênero animação. Já faz um tempo que a Pixar tem se dedicado a abordar como tema recorrente em seus filmes a morte, foi assim em Up – Altas Aventuras, Viva – A Vida É uma Festa, Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica e agora também com Soul. Diferente das animações anteriores onde a morte estava presente, mas figurava como uma consequência ou um adendo à trama, aqui, no filme em questão, a morte é o tema central e desencadeia toda a sequência de ação dos protagonistas.

Partindo desse princípio, gostaria de informar que, em minha opinião particular, essa é uma das animações mais maduras/adultas da Pixar. Em geral os filmes desse estúdio têm por objetivo encantar as crianças e, como lucro, acabam emocionando os adultos, sendo classificados sempre como uma excelente diversão para toda a família, mas em Soul a impressão que se tem é que essas intenções foram invertidas. Aparentemente, nessa obra, a intenção primeira era emocionar os adultos e gerar um ponto de reflexão e, como consequência, encantar as crianças.

Digo isso porque a sensação que se tem no geral, ao ver o filme, é que tudo está mais comedido, diminuíram os alívios cômicos e o grau de conteúdo filosófico se tornou bastante elevado. Dificilmente um adulto irá ver Soul e não irá se questionar se está “vivendo ou apenas sobrevivendo”. O roteiro escrito a seis mãos por Pete DocterMike Jones Kemp Powers é muito bem equilibrado, dividido em três atos, é muito didático ao mesmo tempo que tem um ritmo muito peculiar, de maneira que não é demasiado lento, mas abre espaço para que o expectador possa assimilar tudo o que está acontecendo e meditar.

Contribui muito para isso todo o clima que a direção, que ficou a cargo de Peter Docter, constrói em torno da história. Seus vários tons de azul e uma trilha sonora incidental bastante profunda colaboram para que o público se envolva na medida certa com as personagens. A visão, claramente platônica, de vida e pré-vida é muito plausível e torna mais palatável a trágica morte do protagonista já no começo do filme (não fique preocupado, isso não é um spoiler). Nessa construção de pré-vida fica muito evidente a forte influência da animação Divertidamente, de 2015. Além disso, nesse contexto, tudo é mais belo e as formas e cores são muito agradáveis, vale a pena apreciar e se deleitar.

Outro aspecto que é muito positivo é a forma como a animação valoriza a cultura dos afrodescendentes, sobretudo daqueles que vivem nos Estados Unidos da América. O protagonista é negro, a música que dá o tom na trama é o jazz, uma música tipicamente negra, o termo inglês “soul” que dá título a obra pode ser traduzido como alma, mas também dá nome a um tipo de música oriunda da cultura afro-americana e muito comum naquele país. Nada disso foi colocado ali para levantar bandeira ou pegar carona na onda “Black Lives Matter”, pelo contrário apenas mostra a relevância das contribuições dos afrodescendentes para a cultura e para a construção do mundo atual. Alguns críticos fizeram um estardalhaço sobre o fato do protagonista negro passar parte do filme transformado em outra coisa que não era ele mesmo. A partir disso, levantaram o termo desumanização das pessoas negras em animações e criaram um mirabolante padrão entre Soul, A Princesa e o Sapo e, até mesmo um filme que nem é da Disney, Um Espião Animal. Na minha humilde opinião, nada disso procede, de maneira que o filme trata com muito respeito seu protagonista negro e exalta sua cultura, o resto é só o tradicional “mimimi” de alguns oportunistas aos quais, infelizmente, estamos sujeitos ultimamente.

Vamos à trama! Em Soul, duas perguntas se destacam: Você já se perguntou de onde vêm sua paixão, seus sonhos e seus interesses? O que é que faz de você... Você? A Pixar Animation Studios nos leva a uma jornada pelas ruas da cidade de Nova York e aos reinos cósmicos para descobrir respostas às perguntas mais importantes da vida. Dirigido por Pete Docter e produzido por Dana Murray.

Por que ver esse filme? Porque é emocionante acompanhar a vida e a morte de Joe, além de sua relação com a intrigante 22. Vale a pena ver esse filme porque esses dois protagonistas na verdade são facetas de nós mesmos e nos guiam rumo a descoberta do sentido (ou não) da nossa própria existência. Aproveite o filme, assista em família e boa sessão!

 

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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