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Mulan


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 10/12/2020
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Após algumas semanas comentando sobre os lançamentos apresentados pela Netflix, dessa vez resolvi me dedicar a um filme que chegou recentemente em outro serviço de streaming, o Disney+, que acabou de aportar no Brasil causando muito barulho. Hoje eu quero trazer algumas considerações sobre Mulan, um filme incrível visualmente falando e dono do maior investimento da Disney para uma de suas novas versões em live action. Controverso desde antes de seu lançamento, você saberá de tudo o que é importante a respeito desse filme nessa edição.

Essa nova tendência da Disney, de transportar suas animações clássicas para um formato live action começou bem, mas atualmente já começou a dar sinais de cansaço, principalmente após Aladdin e O Rei Leão, ambos lançados no ano passado. Esses dois filmes receberam muitas críticas por parte dos especialistas, isso devido ao fato de serem cópias fieis de suas versões animadas, ou seja, por mais que houvesse esforço e investimento, o que se apresentava era mais do mesmo e, às vezes, até muito pouco plausível dada a natureza da trama, como foi no caso de O Rei Leão.

Buscando aprender com os erros de seus colegas anteriores, a diretora neozelandesa Niki Caro buscou seguir novos rumos em Mulan, desvencilhando-se completamente da animação de 1998 e buscando as bases de sua história na famosa lenda oriental sobre a guerreira. Isso faz de Mulan um filme bastante original, o que desagradou em cheio aos fãs, mas que lhe conferiu um ar de novidade muito bem-vindo. Diante disso, atrevo-me a dizer que o ponto da discórdia esteja justamente no fato de que um fã sempre considera a obra adorada como algo intocável, praticamente sagrado, bem por isso, logo que as mudanças foram divulgadas, Mulan começou a ser malhado pelos fãs muito antes de ir ao público.

A cada nova informação era um nova enxurrada de críticas. Foi assim quando descobriram que não haveria nenhum dragão falante com a voz de Eddie Murphy, ou mesmo ao saber que o par romântico Li Shang não estaria presente na trama (ele foi desmembrado em dois personagens distintos na nova versão). Agora que a obra está disponível ao público, percebe-se que essas mudanças são praticamente irrelevantes e que o ar de novidade é na verdade uma constante ao longo do filme.

Mulan, em sua nova versão, deixou de ser um filme de princesa e passou a ser um filme de herói. Pegando carona nessa nova onda de super-heróis no cinema. Niki Caro, logo de cara, já apresenta a protagonista a partir de seus poderes sobre-humanos. Se na versão anterior havia um empodaramento feminino natural dado o fato do esforço e da superação para acompanhar os demais companheiros se preparando para a guerra, aqui ela já tem naturalmente tudo o que precisa para ser a grande guerreira, o que tira muito do encantamento da personagem central. Além disso, essa premissa abre espaço para a inserção do elemento mágico e sobrenatural, algo ausente na animação de 1998.

Produzido para ser lançado mundialmente nos cinemas no primeiro semestre de 2020, ele acabou sendo engavetado devido à pandemia e sendo lançado exclusivamente no serviço de streaming da todo-poderosa Disney, algo que não é ruim, mas que diminuiu muito a pretensão de épico que o filme buscava desde o início. Digo isso porque o trabalho de fotografia, que ficou sob a responsabilidade de Mandy Walker, é impressionante, soma-se a isso, as cenas abertas, as cores, os movimentos, tudo colabora para a criação de um clima onírico e envolvente.

Mas, se até agora eu teci elogios, é hora de começar a falar sobre os problemas, que acabam sendo evidentes assim que o filme ganha ritmo. Como sempre, o roteiro é o principal deles, ele é muito inconsistente e se mostra desleal para uma série de personagens importantes. Para mais, o trabalho de decupagem também não está à altura de um filme tão caro e é falho em vários momentos (por exemplo, na sequência que antecede a avalanche, até agora eu ainda tenho a impressão de que dormi e perdi algo – risos). A meu ver, falta desejo de conceder empoderamento à protagonista e falta vontade de entregar um filme originalmente oriental. Por mais que os esforços tenham sido grandes em retratar com fidelidade e respeito a riqueza da cultura asiática, ele ainda não passa de um filme oriental a partir do olhar hollywoodiano. Seria o caso de ter dado mais espaço para os profissionais de cinema advindos da Ásia, pois eles são excelente e teriam tido um cuidado todo especial em relação a isso. Não basta nada o filme relembrar em certos momentos obras-primas como O Tigre e o Dragão ou O Clã das Adagas Voadores sem ter o mesmo esmero e resultado.

As atuações do elenco são sólidas e conferem muita dramaticidade a cada personagem, mas, como o roteiro não trata com o devido respeito todos eles, você acaba tendo algumas decepções, uma delas é o desfecho da vilã Xianniang, interpretada por Gong Li. Sua personagem, mesmo sendo criada exclusivamente para o filme, é extremamente interessante, mas com um desfecho muito insatisfatório. Outro subutilizado é Jet Li, uma referência para os filmes de artes marciais e que apareceu muito pouco na trama. Falando nisso, vamos à trama!

Em Mulan, Hua Mulan é a espirituosa e determinada filha mais velha de um honrado guerreiro. Quando o Imperador da China emite um decreto que um homem de cada família deve servir no exército imperial, ela decide tomar o lugar de seu pai, que está doente. Assumindo a identidade de Hua Jun, ela se disfarça de homem para combater os invasores que estão atacando sua nação, provando-se uma grande guerreira.

Por que ver esse filme? Porque ele funciona muito bem tanto como épico de guerra quanto como filme de herói. Agora, se você quer ver algo mais parecido com a animação, esse com certeza não será seu filme, pois falta muito daquele ar de encantamento tão próprio das animações da Disney. Esse é um filme que se conecta bem com as temáticas da atualidade e apresenta um visual que é no mínimo empolgante. Eu diria que como entretenimento ele é ótimo, mesmo que não seja a obra prima que os fãs esperavam. Independentemente de qualquer problema técnico ou de desenvolvimento, esse filme ainda é a melhor pedida para o fim de semana. Boa sessão!

Por Odailson Volpe de Abreu

Odailson Volpe de Abreu


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