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Mulher-Maravilha 1984


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 17/12/2020
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Chegamos ao final do ano e nas próximas semanas viveremos aquele tempo gostoso de aproveitar as festas e o descanso merecido. Diante disso, nada melhor do que um filme à altura para encerrarmos o ano aqui na sua Coluna Sétima Arte. Nessa última edição, desse atípico ano de 2020, irei comentar sobre Mulher-Maravilha 1984, um filme que estava previsto para o início desse ano e que acabou sendo adiado duas vezes devido à pandemia. Agora, ele estreia trazendo ao público a promessa de ser mais do que apenas um blockbuster, mas sim um grande filme.

Uma sequência cinematográfica é sempre um desafio, ainda mais a sequência de um filme de herói. As duas últimas décadas consolidaram esse gênero ao mesmo tempo que cada obra trazia como objetivo superar o seu antecessor em trama, inovação e qualidade. Nesse sentido, os heróis da DC Comics protagonizaram altos e baixos no cinema, indo desde a trilogia espetacular do Batman de Nolan — cujo segundo filme foi uma verdadeira joia —, até a sequência de Homem de Aço, o malhado Batman Vs Superman: Origem da Justiça, de Zack Snyder que desagradou muita gente.

Partindo desse ponto, percebe-se a grande responsabilidade que Mulher-Maravilha 1984 carrega nas costas, isso porque essa é a primeira grande sequência da DC Comics após a era Snyder e com essa pegada mais leve e no estilo Marvel. Não há dúvidas de que os filmes de origem dos heróis da DC desse novo período marcaram um tempo de congraçamento entre público, críticos e estúdio, bem por isso, daqui para frente, o desafio é manter esse clima e essa satisfação.  A pessoa à frente do projeto em questão é ninguém menos do que Patty Jenkins, que nesse filme não foi apenas a diretora, mas também corroteirista. Ela coloca em cena todo o seu talento e experiência (ela dirigiu o filme de origem da Mulher-Maravilha no cinema), resgatando de maneira muito particular as características originais da protagonista.

Como o próprio título já indica, esse é um filme ambientado nos icônicos anos 1980, trazendo muito de suas características. Já faz um tempo que essa década se tornou sinônimo de nostalgia e vem sendo retratada em inúmeras obras de entretenimento. Nesse sentido, Jenkins recria mais o clima do que o visual oitentista em sua obra. O filme se caracteriza como um misto de estilos muito comuns dessa época, evocando a ação aventuresca, no melhor estilo Indiana Jones, o romance sentimental e inocente, tão comum nas comédias românticas, e também o exagero de poderes e fantasias, algo que relembra clássicos como Superman, de 1978.

Com um número reduzido de cenas de ação em relação a seu antecessor, mas com uma qualidade claramente superior, o filme empolga enquanto entrega ao público muito do cotidiano de Diana Prince após suas sete décadas em meio aos mortais. Com isso, Jenkins coloca em cena muito da natureza e da essência de suas personagens, sobretudo criando vínculos bastante robustos e consistentes entre o público e heroína. Isso não significa que seja um filme parado, pelo contrário, o ritmo é muito agradável e embalado por uma trilha sonora potente e excepcional criada por Hans Zimmer. Além disso, o trabalho incrível de fotografia, fez toda a diferença para a ambientação da trama.

Outro ponto extremamente positivo dessa obra são seus vilões. Muitos filmes de heróis pecam por apresentarem ao público vilões que não se conectam nem com a história e nem com o herói que deveriam se contrapor. Quantas vezes, já comentei aqui que muitos vilões estão, quase sempre, aquém da grandiosidade e dos poderes de seus antagonistas. Em Mulher-Maravilha 1984 isso não acontece e as motivações por trás dos vilões são concretas e palpáveis, tanto que você irá se pegar facilmente torcendo pela vilã em detrimento da própria Mulher-Maravilha em vários momentos do filme.

Interessante que nesse processo, enquanto o elemento mágico distancia a heroína de sua divindade e a aproxima de sua humanidade, o contrário acontece com os vilões, pois vai retirando aos poucos a humanidade de ambos e os aproximando da monstruosidade conforme crescem em poder.

Dessa forma, é impossível deixar de citar Kristen Wiig e Pedro Pascal, pois eles são a cereja no bolo dessa grande obra. Em cena eles brilham mais forte e dividem de maneira magistral o espaço com a tão adorada Gal Gadot. As interpretações são excelentes e somadas ao ótimo texto do roteiro de Jenkins e Geoff Johns fazem com que o arco dos personagens em questão seja um dos melhores dos filmes recentes.

Vamos à trama! Mulher-Maravilha 1984 acompanha Diana Prince/Mulher-Maravilha em 1984, durante a Guerra Fria, entrando em conflito com dois grandes inimigos - o empresário de mídia Maxwell Lord e a amiga que virou inimiga Barbara Minerva/Cheetah - enquanto se reúne com seu interesse amoroso do passado, Steve Trevor.

Por que ver esse filme? Primeiro motivo é o fato dessa sequência ser tão boa quanto o primeiro filme, mesmo com uma proposta de desenvolvimento completamente distinta, com um clima muito mais leve e com personagens muito mais consistentes. O segundo motivo, é a diversão, pois estamos tão carentes de entretenimento de qualidade que esse filme acaba sendo um bálsamo em tempos tão difíceis. Aproveite que Mulher-Maravilha 1984 estreou ontem em nossa região (não em Maringá, mas em Paranavaí) e aproveite esse clima de fim de ano para ir em segurança apreciar essa grande obra. Bom fim de ano e boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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