A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


Loucura de Amor


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 04/03/2021
  • Compartilhar:

Nos últimos anos a Espanha vem se tornando um país muito relevante no tocante ao entretenimento. Há 20 ou 30 anos era comum que apenas pessoas atentas aos filmes alternativos ou adeptas de produções mais Cult se dedicassem a assistir às obras desse país europeu. Nesse época, os fãs do cinema espanhol estavam limitados aos filmes de nomes como Pedro Almodóvar ou do mítico diretor Luis Buñuel. Mas, tudo isso mudou! Agora, graças à Netflix o mundo descobriu que a Espanha é muito pop e capaz de conquistar a todos com suas séries e filmes. Tanto que grandes sucessos espanhóis como Casa de Papel ou Elite são os queridinhos do momento e até mesmo outros serviços de streaming, tais como o Prime Video (que recentemente nos brindou com a excelente El Cid), ou HBO (que trouxe ao público a sugestiva seríe La Peste e a interessante tria), estão investindo pesado em séries desse país.

 

Em relação às produções cinematográficas não é diferente e, volta e meia, um filme espanhol conquista o público mundial por meio da Netflix. O filme que escolhi para comentar nessa edição segue essa mesma linha. Loucura de Amor estreou semana passada e rapidamente subiu no ranking das dez obras mais assistidas dessa plataforma no Brasil. Sobre esse filme, você fica muito bem informado na Coluna Sétima Arte dessa semana.

Já faz tempo que eu venho dizendo aqui que o mundo precisa de mais comédias românticas, talvez eu pense assim por ser um saudosista dos anos 1990, quando esse gênero estava em alta e sempre havia uma ou outra comédia romântica nova no cinema ou na locadora. Bem por isso, quando uma comédia romântica é lançada a gente precisa prestigiar. Loucura de Amor, além de ser um filme espanhol, também é uma excelente comédia romântica em todos os seus quesitos. Os mais atentos irão perceber a semelhança da trama de Loucura de Amor com a história de Nunca Fui Beijada, de 1999. A diferença está na atualização do enredo, na sua seriedade e no seu compromisso com uma verdade que muita gente não quer enxergar.

O filme é um conto de fadas moderno. Ou seja, o príncipe salvador é uma figura desnecessária à trama e a princesa não pode ou não quer ser resgatada. Se não há um herói e uma mocinha em perigo, por outro lado há um casal aparentemente disfuncional e que precisa superar preconceitos e adversidades para ficarem juntos. Nesse aspecto, o mocinho da trama ganha importância muito maior do que a mocinha, já que é a partir do ponto de vista dele que toda a história é contada e que o expectador aprende a olhar com mais respeito às outras pessoas e à própria mocinha (bem como suas dificuldades ou necessidades), por meio dos olhos dele.

A direção de Dani de La Ordem, que dirigiu alguns episódios de Elite, é muito certeira ao dosar romantismo, dramaticidade e os alívios cômicos. Tudo isso vem na medida certa, na hora certa e causando a sensação certa no expectador, ou seja, a direção é quase cirúrgica. Nessa divisão, cada momento do filme ao longo de pouco mais de uma hora e meia são vivenciados intensamente. Envolvente desde abertura alucinante, passando pelo plano mirabolante para salvar a mocinha, até chegar no clímax que é a descoberta do amor que supera as limitações do próximo.

Pelo meio do caminho o roteiro assinado por Natalia Durán e Eric Navarro inclui uma série de personagens coadjuvantes, cada um esbanjando mais carisma que o outro e com histórias emocionantes. São eles que apresentam ao público de maneira muito didática e também respeitosa vários distúrbios psiquiátricos que fazem com que o expectador reavalie a forma como entende essas pessoas. À primeira vista tem-se a impressão de que eles foram inseridos para dar um alívio cômico à história, mas isso é ledo engano, pois, na verdade, eles inferem ao filme um tom muito dramático ao trazerem para a tela tanto o sofrimento próprio quanto o de seus familiares.

Esse tipo de filme, sempre exige muito de seu elenco, pois, por melhor que seja a direção, é o talento e o carisma dos atores que irá garantir o sucesso da obra. Nesse caso, o elenco dá um verdadeiro show de atuação, a começar pelo casal central interpretado por Álvaro Cervantes e Susana Abaitua. Eles têm muita química juntos e empreendem as principais reviravoltas na trama. Cabe aqui pontuar a maneira como Cervantes dá um tom otimista recheado de frases de autoajuda à sua personagem. Isso chega a irritar, mas, na verdade, é a preparação para algo maior, fique atento! Já Abaitua, interpreta alguém com distúrbio maníaco depressivo e a atriz chegou até mesmo a frequentar uma psicóloga para dar mais veracidade ao papel. Outro ator que merece destaque é Luis Zahera, ele faz parte do grupo de personagens secundárias e é responsável por um momento capaz de tirar muitas lágrimas do público. Vamos à trama!

Adri é um verdadeiro garanhão, bem sucedido e disposto a não se envolver com nenhuma garota. Num bar, ele conhece Carla e depois de uma noite muito louca juntos, Adri percebe-se apaixonado por ela. Disposto a encontrá-la novamente, ele descobre que ela está internada num centro psiquiátrico. Desesperado, arma um plano para se internar também só para poder resgatar seu verdadeiro amor.

 

Por que ver esse filme? Porque o filme é bastante envolvente, divertido e emocionante. Leva o público a pensar sobre a forma como compreende e aceita as pessoas que enfrentam distúrbios psiquiátricos. Também desperta respeito e instiga uma forma de amor que é capaz de vencer as limitações e as barreiras do dia a dia.  Além disso, tem cenas bastante picantes, sem que sejam vulgares, e atendem em cheio a demanda dos amantes de comédias românticas. A jornada (usando uma palavra que beirou a exaustão essa semana por causa da Lumena – risos) do protagonista também é um atrativo a mais, pois seu crescimento para além da questão amorosa é um prato cheio para a reflexão do público. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.