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Sétima Arte


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 27/03/2020
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O período de reclusão mundial fechou cinemas ao redor do mundo e fez grandes filmes adiarem suas estreias. Se o cinema vive um tempo de dificuldades devido a reclusão, o mesmo não se pode dizer dos serviços de streaming, pois Netflix, Amazon Prime, e muitos outros “plays” estão garantindo a diversão e a sanidade de muita gente nesse tempo isolamento social. Levando tudo isso em consideração, a Coluna Sétima Arte dessa semana vai comentar sobre um recente lançamento da plataforma Netflix que caiu no gosto do público e figura entre os filmes mais assistidos desses último dias. Sobre O Poço, você vai ficar muito bem informado.

Primeira coisa a ser dita é, caso você não tenha 18 anos e não tenha estômago forte, não veja esse filme. Além disso, se você está com dificuldades para encarar esse período de reclusão social, também não o veja. Agora, se você curte um suspense bem construído, com pitadas de sadismo e terror no melhor estilo gore (subgênero dos filmes de terror concentrado em representações gráficas de sangue e violência ao extremo) assista sem medo.

O Poço é uma produção original da Netflix espanhola que traz uma metáfora muito bem feita da sociedade atual. A frase “existem três tipos de pessoas: as de cima, as de baixo e as que caem” ilustra muito bem toda a essência do filme. Nele, o diretor Galder Gaztelu-Urrutia surpreende com uma narrativa intensa, que prende o expectador e que desperta nele uma série de sentimentos contraditórios. Um feito surpreendente quando você considera o fato de que toda a história se passa no mesmo tipo de locação, sem interação externa, sem luz do sol, sem nada a não ser uma cela de concreto, um buraco e duas camas. 

Nesse espaço, o diretor constrói sua trama a partir das relações injustas e terríveis do sistema do poço, onde os que estão nos níveis acima se fartam ao máximo, sem se importarem com a grande massa, que para eles é como se fosse invisível, que se encontra nos níveis abaixo. Uma metáfora perfeita para a sociedade capitalista. 

O Poço traz a história de uma prisão vertical misteriosa, num buraco extremamente profundo. Nela, dois reclusos vivem em cada nível e ao que tudo indica existe um número desconhecido de níveis. Diariamente uma plataforma desce nível a nível contendo comida para todos eles. O problema está no fato de que quem está no nível acima, nunca se importa com quem está no nível abaixo.

Um roteiro muito criativo, que bebe na fonte dos aclamados Parasita e O Expresso do Amanhã, do premiado diretor Bong Joon-Ho, fazendo com que a história do filme transcenda e faça o expectador pensar sua realidade a partir da crueza da trama. Todo o suspense é sustentado por um elenco excepcional formado por atores espanhóis desconhecidos dos brasileiros, mas que esbanjam talento, tendo destaque Ivan Massagué, Zorion Eguileor e Antonia San Juan; o protagonista, o velho rabugento companheiro de cela e senhora idealista. É dessa última a frase mais sensata do filme: “Somente uma solidariedade espontânea pode trazer mudanças”.

Por que ver esse filme? Porque ele é, acima de tudo, um filme necessário, para incomodar até os mais pacatos em relação a indiferença para com o outro. Além disso, porque ele é um prato cheio para os fãs de terror, principalmente aqueles que gostam de filmes no estilo Jogos Mortais. Por fim, porque ele tem um final completamente ambíguo, que vai dividir completamente o público, mas que com certeza vai fazer muita gente pensar durante os créditos. Bom filme e fique em casa!

Uma luta desumana pela sobrevivência, mas também uma oportunidade de solidariedade.

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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