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F1 – O Filme


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 30/06/2025
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Com a proximidade das férias, cada vez mais temos obras voltadas para o público infanto-juvenil chegando aos cinemas. Estão em cartaz Como Treinar Seu Dragão, Elio, Lilo & Stitch e até Megan 2 entrou nessa leva.  O que gera uma grande carência para um público muito específico, nesse caso o público masculino, que costuma consumir de forma ávida um outro tipo de filmes, os filmes de ação. Dentre os filmes desse gênero, existe um tipo bem peculiar que, mesmo antes de começar, já dá uma ideia exata do que o público irá sentir: frio na barriga, suor nas mãos e aquela vontade incontrolável de pisar fundo no acelerador da vida. Esse é F1 – O Filme, que acabou de estrear e atende em cheio a necessidade de quem gosta muito de carros, aventura e ação. Sobre ele a Coluna Sétima Arte vai considerar alguns pontos relevantes na edição dessa semana.

F1 – O Filme foi dirigido por Joseph Kosinski e estrelado por ninguém menos que Brad Pitt, uma obra que é uma verdadeira experiência que mistura adrenalina, nostalgia e um inesperado discurso sobre envelhecimento e redenção. Kosinski, conhecido por seu talento em criar experiências sensoriais de tirar o fôlego (se você não viu Top Gun: Maverick, precisa ver urgentemente), mais uma vez faz o impossível: transforma a poltrona da sala de cinema num verdadeiro cockpit de Fórmula 1. Do primeiro ronco dos motores às curvas perigosas de Silverstone e Monza, a sensação é de estar dentro do capacete de Sonny Hayes, o protagonista vivido por Brad Pitt.

A trama é, em essência, a boa e velha jornada do herói com pitadas generosas de crise da meia-idade. Sonny Hayes é o ex-prodígio que, após um acidente traumático nos anos 90, passou décadas rodando o mundo em categorias de segundo escalão, sempre evitando a aposentadoria. Agora, aos 50 e tantos anos, recebe o convite mais improvável da carreira: voltar à F1 para liderar uma equipe desacreditada, a APX GP, e inspirar o jovem e talentoso Joshua Pearce, interpretado por Damson Idris, seu novo companheiro de equipe.

O roteiro, escrito também por Kosinski, abraça sem pudores os clichês do cinema esportivo americano. Temos o herói desacreditado, o jovem rebelde, o chefe de equipe carismático (interpretado por um divertido Javier Bardem) e, claro, uma mídia hostil pronta para enterrar a carreira de Sonny antes mesmo que ele dê a primeira volta na pista. Mas o charme de F1 está justamente em como esses clichês são tratados: com honestidade emocional e uma boa dose de autocrítica.

Tecnicamente, o filme é um espetáculo. Kosinski aplicou a mesma obsessão estética de Top Gun: Maverick, misturando cenas reais de GPs com efeitos visuais tão bem integrados que é difícil dizer onde termina a realidade e começa o CGI. Foram usadas dezenas de câmeras, incluindo iPhones estrategicamente posicionados dentro dos carros, para capturar da melhor forma possível a sensação de estar pilotando uma máquina dessas. O resultado? Uma experiência audiovisual imersiva, com destaque absoluto para a mixagem de som.

Hans Zimmer, responsável pela trilha sonora, dá o tom épico que o filme pede. A sequência inicial em Daytona é de fazer qualquer um prender a respiração e um convite direto para mergulhar naquela realidade de velocidade, pressão e superação.

Porém, F1 não é só sobre adrenalina. Existe ali um subtexto que dialoga diretamente com temas como etarismo, frustração e a eterna busca por relevância em uma sociedade obcecada pela juventude e pelo sucesso imediato. Sonny Hayes é um protagonista que carrega nos olhos e nas rugas o peso de quem já ouviu “você está acabado” vezes demais. A forma como o roteiro constrói sua trajetória, entre o cansaço, a descrença dos outros e a teimosia típica de quem ainda tem muito a provar, dá ao filme uma camada emocional surpreendente.

É interessante notar como Kosinski, que também está na casa dos 50 anos, parece usar o personagem de Pitt como uma metáfora para sua própria geração: homens e mulheres que cresceram nos anos 80 e 90, embalados por blockbusters de ação, e que hoje buscam reafirmar seu espaço num mundo que muitas vezes os empurra para os bastidores. Se você, como eu, está entre os 40 e os 50 anos sabe bem do que eu estou falando.

Claro, nem tudo é perfeito. O filme escorrega em alguns momentos de exagero típico de Hollywood. A ideia de um piloto com quase 60 anos enfrentando de igual para igual os atuais astros da F1 pode soar inverossímil para os puristas do automobilismo. Mas, convenhamos: ninguém compra ingresso para um blockbuster esportivo esperando um documentário da Netflix. A licença poética faz parte do pacote e, nesse caso, ela é muito bem-vinda.

Para os fãs brasileiros, o longa é um prato cheio de nostalgia. As referências a Ayrton Senna são frequentes e emocionantes. Desde diálogos até imagens e menções a momentos históricos, é impossível não sentir um nó na garganta ao ver o quanto o legado do nosso eterno tricampeão ainda ecoa nas pistas – e nas telas.

Por que ver esse filme?  Porque F1 – O Filme é uma celebração ao espírito de superação. Uma carta de amor à Fórmula 1, aos filmes de ação da década de 1980 e, acima de tudo, àqueles que se recusam a aceitar que seu tempo acabou. Kosinski entrega um espetáculo técnico, emocional e cinematográfico que, apesar dos exageros, faz valer cada centavo do ingresso. Se você procura um filme de ação, recheado de carros e com muita adrenalina, precisa acelerar o mais rápido possível até os cinemas. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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