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Setima Arte - Entre facas


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 05/06/2020
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Caro leitor, você deve estar lembrado que, na semana passada, eu apresentei o serviço de streaming da Amazon, o Prime Video como uma excelente opção de divertimento para além da Netflix. Acredito que você deva ter buscado uma experiência de degustação gratuita desse serviço por um mês e agora vai poder assistir a minha indicação de filme dessa semana direto da sua casa (caso você não tenha acessado o Prime Video, ainda dá tempo!). Hoje, esse serviço de streaming estreou o divertido e misterioso Entre Facas e Segredos.

Esse filme teve uma excelente repercussão no Festival de Toronto, em setembro do ano passado, depois se tornou uma das histórias mais elogiadas da temporada e acabou recebendo uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Aqui no Brasil ele estreou nos cinemas com sucesso, mas como estava muito próximo do período do Natal (entrou em cartaz dia 15 de dezembro), acabou não sendo visto por muita gente e ficando pouquíssimo tempo em exibição. Bem por isso, sua estreia no streaming tem sido esperada por muita gente.

O diretor do longa, Rian Johnson, também é quem assina o aclamado roteiro e, venhamos e convenhamos, que roteiro meus amigos! Fã declarado de Agatha Christie, Johnson inspira-se no Assassinato no Expresso do Oriente, uma das obras mais conhecidas dessa escritora para a construção de sua história, mas ele vai além e dá um ar divertido, inovador e surpreendente à sua trama. Ele bebe na fonte de grandes clássicos desse gênero e aproveita em sua história tudo o que filmes como o Assassinato em Gosford Park, de 2001 e Os Sete Suspeitos, de 1985, apresentaram como positivo anteriormente.

Esse tipo de história sempre vem acompanhada de muitos clichês. Como bom conhecedor desse fato Rian Johnson resolveu brincar com os possíveis clichês, fazendo o expectador acreditar que o filme segue o mesmo padrão de seus predecessores no gênero e instigando o suspense. Mas isso dura muito pouco, pois quando menos se espera ele revela o segredo e envereda sua trama para uma história de mistério de prender o fôlego. Outro aspecto que foge ao padrão estabelecido e subverte positivamente esse estilo é o fato do expectador não acompanhar a história segundo o ponto de vista do detetive, isso é tanto prazeroso quanto incômodo, pois dessa forma o expectador não sabe tudo o que o detetive sabe sobre o mistério e vice-versa.

Outro profissional técnico que se destaca nesse filme é o diretor de fotografia Steve Yedlin, sua perspicácia ajuda a contar a história e a dar o tom de suspense e mistério, ele dá closes demorados, captando com precisão os olhares e as expressões dos atores. Ademais, aproveita cenários ou ações de segundo plano para complementarem a história, algo que deixa o expectador sempre atento a tudo o que está sendo mostrado em cena.

Soma-se a isso tudo a constelação que compõe o elenco. Atores e atrizes renomados com uma sólida carreira construída ao longo do tempo concedem todo o seu talento e prestígio a Entre Facas e Segredos. A começar pelo incrível Christopher Plummer, que é o centro da trama, passando por Daniel Craig, que surpreende com um sotaque carregado e chegando à atuação admirável de Ana de Armas, pela qual ninguém dá nada e que cresce exponencialmente ao longo da trama. Além deles, brilham no filme Toni Colete, Chris Evans, Michael Shannon, Don Johnson e a brilhante Jamie Lee Curtis.

Vamos à sinopse! Após comemorar 85 anos de idade, o famoso escritor de histórias policiais Harlan Thrombey é encontrado morto dentro de sua propriedade. Logo, o detetive Benoit Blanc é contratado para investigar o caso e descobre que, entre os funcionários misteriosos e a família conflituosa de Harlan, todos podem ser considerados suspeitos do crime. Explicar mais que isso é estragar a sua experiência ao ver o filme.

Por que ver Entre Facas e Segredos? Porque, diferente do maçante e recente Assassinato no Expresso do Oriente (2017), esse filme tem um ritmo agradável, é prazeroso e prende o expectador com suas várias reviravoltas. Para mais, toda a sua trama é muito inteligente e utiliza o mistério como forma de abordar questões sociais complexas e urgentes, como no caso a atual política de imigração norte-americana. Por fim, porque a última cena é completamente lógica e convincente, concedendo aos fãs do gênero um honesto “grand finale”. Aproveite o filme e boa sessão!  

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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