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Raya e o Último Dragão


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 22/04/2021
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 Às vésperas da 93ª edição do Oscar, poderíamos estar discutindo sobre a qualidade dos indicados e sobre os grandes favoritos para a premiação desse fim de semana, mas a pandemia tirou tudo do eixo. Com pouquíssimos lançamentos no cinema de filmes que concorrem ao Oscar e com o eminente risco de contágio por Corona Vírus a cada vez que saímos de casa, fica difícil manter a normalidade em relação a essas questões.

Atualmente, estão em cartaz nos cinemas da região dois filmes que concorrem nas principais categorias, Meu Pai e Judas e o Messias Negro. Ambos são histórias primorosas que tocam fundo ao coração e que têm grandes chances de lucrar prêmios em mais de uma categoria no domingo à noite. O primeiro, Meu Pai, pela sensibilidade do elenco e pela leveza com que uma questão tão difícil e dolorosa é retratada na tela grande, mérito dos atores Olivia Colman e Anthony Hopkins

 

(ambos favoritos para a estatueta). Já o segundo pela urgência de sua temática, num ano marcado pelo movimento “Black Lives Matter”, Judas e o Messias Negro impacta positivamente ao apresentar ao público uma história real onde o racismo estrutural está arraigado profundamente no próprio governo, o que o torna um forte concorrente ao Oscar desse ano. Ambos filmes imperdíveis e excelentes dicas para quem quiser contemplá-los no cinema antes da cerimônia do Oscar.

Por outro lado, se você se acostumou à segurança do seu lar na hora do entretenimento, minha dica é a animação Raya e o Último Dragão, liberada hoje na plataforma de streaming Disney+. Comentei rapidamente sobre esse filme no início de março, quando ele foi lançado mundialmente e ficou disponível no Disney+ por uma quantidade exorbitantemente alta de dinheiro através do “premier access”. Agora, sem pagar nada a mais por isso, todos os assinantes podem contemplar a nova animação da Disney no conforto da sua casa e tranquilamente.

Vale a pena lembrar que Raya e o Último Dragão é a primeira animação original da Disney desde 2016 (a última foi Moana) e só isso já basta para que a obra chame a atenção do público e da crítica. Outro ponto interessante é o fato dessa animação não ser voltada exclusivamente para o público infantil. Uma pegada que a Pixar já tinha introduzido em suas obras, mas que parece ter sido levada em consideração pela Disney somente agora. Além disso, Raya e o Último Dragão traz um upgrade na concepção de princesa da Disney, a personagem principal desse filme incorpora em si todas as mudanças sutis que o público vem constatando nas animações dos estúdios do Mickey ao longo de anos.

O padrão “princesa em perigo” deixou de ser padrão faz tempo! Desde Ariel, de A Pequena Sereia, elas passaram a ser mais curiosas, com Jasmim, de Alladim, tornaram-se mais altivas, com Elsa, de Frozen, dispensaram um par afetivo para torna-las felizes e, por fim, com Moana as princesas passaram a ser mais livres e individualistas, prontas para trilharem suas próprias jornadas de amadurecimento. Ou seja, as princesas da Disney, agora, são um reflexo do nosso tempo e isso é muito bom, pois as garotas (e também os garotos) das novas gerações se identificarão muito mais com essas personagens, que agora transmitem a ideia de que cada um pode ser o que quiser.

Partindo desse princípio, Raya é muito humana, pois ela erra, aprende com seus erros e se traumatiza com eles também. Bem por isso, ela tem dificuldade em confiar nas pessoas, fazendo com que mais do que uma história de bem contra o mal ou de autoconhecimento, essa seja uma história sobre confiança. Baseada na cultura e nas lendas de países orientais não muito conhecidos pelos brasileiros, tais como, Filipinas, Laos e Vietnã, o filme traz um visual exuberante, um rigorismo muito positivo em seu traço, além de várias sequências de cenas épicas. Se isso não bastasse, ele apresenta uma trama bastante pé no chão, mesmo repleta de elementos mágicos. O senso de responsabilidade e urgência falam mais alto e permitem ao expectador adulto, diferente das crianças, perceber as poderosas analogias escondidas ao longo da história.

Nesse sentido e sem spoilers, vale a pena frisar que Raya, a protagonista, é uma representação muito clara do que é a humanidade e, em contrapartida, os Druun podem ser entendidos como uma metáfora para os males que despertam medo nas pessoas, podendo ser a representação desde um vírus mortal até conflitos políticos, violência estrutural, degradação ambiental e várias outras mazelas com as quais somos obrigados a conviver todos os dias. Por isso, Raya e o Último Dragão é como um sopro de esperança num mundo atual tão caótico. Vamos à trama!

Kumandra é um reino habitado por uma vasta e antiga civilização conhecida por ter passado gerações venerando os dragões, seus poderes e sua sabedoria. Porém, após o desaparecimento das criaturas a terra é tomada por uma força obscura. Quando uma guerreira chamada Raya, convencida de que a espécie não foi extinta, decide sair em busca do último dragão, sua aventura começa a mudar o futuro de seu mundo.

Por que ver esse filme? Animações da Disney são sempre muito bem-vindas, são sempre muito familiares e despertam emoções e sensações diferentes em pessoas de cada idade. Esse filme é uma ótima pedida para um fim de semana em família. Reúna todos na sala e apreciem tanto a beleza das imagens quanto a profundidade de uma trama simples, mas eficaz. Você vai ver que as crianças vão querer assistir de novo e você também! Boa sessão!

 

 Odailson Volpe de Abreu

 

Odailson Volpe de Abreu


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