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O Teatro da Glória de Deus


Por: Fernando Razente
Data: 10/04/2023
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Romanos 1.20(e): “(...) sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.”

 Na semana passada vimos sobre a doutrina da clareza, antiguidade e universalidade da revelação que Deus faz de Si mesmo (isto é, de seus atributos) à humanidade. Hoje, veremos onde está essa revelação e como a humanidade pode percebê-la.

Em primeiro lugar, Paulo escreve que os atributos invisíveis de Deus, como seu poder eterno e sua própria divindade, sendo claros, antigos e universais, são “percebidos”. O termo usado por Paulo para percebidos (νοο?μενα) refere-se a um exercício da mente ou do intelecto, capaz de inteligir a realidade ao seu redor. Isso nos diz que a revelação de Deus é racional e foi feita para o homem racional.

Em segundo lugar, Paulo agora diz que ela é percebida “por meio”. Ou seja, a intelecção dos atributos de Deus é feita através de algo. Isso nos diz que o conhecimento da revelação de Deus é mediato e não imediato. Todo o conhecimento que pudermos obter de Deus neste mundo será sempre mediato.

Como Paulo argumenta em outra carta, na presente vida, “em parte conhecemos”; “conheço em parte” e “agora, vemos como em espelho”. Nosso conhecimento de Deus neste mundo será sempre dependente de algo. No entanto, quando formos completamente redimidos e glorificados, “conhecere[mos] como também [somos] conhecido[s]” (1 Coríntios 13.9-12), de forma imediata, face a face.

Em terceiro lugar, Paulo conclui dizendo sobre o quê é este meio: “das coisas que foram criadas”. Por “coisas”, Paulo refere-se a tudo aquilo que pode, de forma simples, ser encontrado na natureza, como um pássaro ou a contemplação do nascer do sol; ou seja, é o mundo criado por Deus em sua amplidão e variedade gigantesca.

É por meio dessa criação — a qual João Calvino chamava de “Teatro da Glória de Deus” — que, com um exercício de intelecção e entendimento racional, o homem claramente percebe que, por detrás do que é visível, há um Deus invisível que é eterno, poderoso e majestoso.

Um exemplo disso foi o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), que por meio da contemplação simples do funcionamento da natureza e do uso do seu raciocínio perceptivo, chegou ao reconhecimento da existência de Deus (que ele chamou de Primeiro-Motor no livro XII da Metafísica) como causa eficiente do universo e origem primária dos movimentos dos corpos físicos.

Concluindo, Paulo está dizendo que é na criação — que é, por sua vez, sensível e evidentíssima a todos nós humanos que possuímos um intelecto — que podemos racionalmente extrair a realidade antiga, claríssima e universal dos atributos invisíveis de Deus.

Afinal, como atestou o teólogo holandês Herman Bavinck (1854-1921), não está restrita à uma parte da terra a revelação de Deus, mas “(...) o universo inteiro é uma manifestação de Deus: o mundo inteiro é um espelho das Suas virtudes. Não há um átomo do universo no qual Seu eterno poder e divindade não sejam claramente vistos.”

Na semana que vem, veremos as consequências de se ignorar essa realidade.

Até a próxima. Deus te abençoe!

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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