O conhecimento é plural
Este é o primeiro texto desta coluna feito por três pessoas: minha mãe, Rosângela Figueira, uma mestranda da UERR/IFRR, Jacilene Cruz, e eu. A ideia surgiu ao acaso e a contarei por meio de breves palavras.
1) Minha mãe tem por hábito fotografar. Desde que eu era pequeno ela já era a memorialista da família. Dias atrás, recebi de minha genitora a foto de uma árvore seca, em um fantástico pôr de sol, e a compartilhei em minhas redes sociais.
2) Jacilene comentou comigo que a árvore parecia que estava fazendo uma “adoração em vão”, e eu, achando esse comentário bonito, disse que ele era poético.
3) Eis que recebo, de surpresa, um poema de Jacilene em homenagem tanto a uma árvore que tinha na Bahia, sua terra natal, quanto em homenagem à fotografia da minha mãe.
4) O conhecimento é plural. Abaixo, compartilho a foto e o poema.
O sol amanhece
E ela está lá, em pé, adorando-o.
Numa insistência bruta
brutalidade em resistir.
Uma adoração em vão,
a árvore segue
já sem folhas, sem pele,
a carne queimada
pelo sol, objeto de veneração.
Até o astro-rei se incomoda com tanto amor.
- Podes ir, descansa teus ossos já descarnados, afunde terra adentro, já não te admiro mais, podes sucumbir, já não tens vida.
- Não posso, responde a árvore que definha.
- Te adorar é minha sina.
Dr. Felipe Figueira
Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.