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Nulidade: o intelecto sem Deus


Por: Fernando Razente
Data: 02/05/2023
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Romanos 1.21(b): (...) antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.”

Na semana passada, analisei a primeira parte de Romanos 1.21, onde Paulo demonstrou que a humanidade, embora recebendo na criação o conhecimento dos atributos de Deus, não dá glória a Ele através da gratidão, isto é, da convicção de que o maravilhoso teatro da criação é obra de Suas sábias e santas mãos.

Todavia, se não fizeram isso, o que fizeram? Se a humanidade não pensa na criação como obra das mãos de Deus, como ela pensa? Como é um intelecto e um coração sem piedade (i.e., o exercício de glorificar a Deus)? É isso o que veremos hoje.

Paulo continua o versículo 21 dizendo, que a humanidade, por ingratidão, se tornou diferente daquilo que foi criada para ser; ela se tornou nula. A palavra para “nulos” usada por Paulo é ematai?th?san do verbo mataioó que significa inútil, ineficaz, sem valor, infundado, enganoso, falacioso, sem fruto, improdutivo, corrupto e falso. Tudo isso pode ser resumido como nulidade, ou seja, algo totalmente sem sentido e valor.

Paulo argumenta que nula tornou-se a humanidade por não dar a devida glória a Deus pela sua criação e isso é terrivelmente dramático. O homem tem como seu fim principal ou supremo glorificar a Deus e gozá-lo eternamente, conforme lemos nas Escrituras e que está registrado no belíssimo Catecismo Maior de Westminster (Pergunta nº1).

De modo semelhante, o calvinista Jonathan Edwards (1703-1758) em sua obra póstuma Duas dissertações (1765), dizia que “(...) a glória de Deus é o fim supremo da criação do mundo.” Logo, o sentido e significado da criação (incluindo a humanidade) só pode ser encontrado no cumprimento dessa razão última de sua existência: a glória de Deus. Quando a humanidade não glorifica a Deus e não vive para Ele, ela perde seu sentido e se torna em algo semelhante ao vazio e ao fútil.

Podemos agora perguntar: quais as causas dessa ingratidão a Deus? São duas, conforme Paulo responde. A primeira mencionada por Paulo são “(...) seus próprios raciocínios”. Esses raciocínios (no plural) são pensamentos perversos dos seres humanos a respeito da criação. São pensamentos que se caracterizam com uma antítese ao Senhor como dono e autor de toda vida.

São chamados de raciocínios porque são tentativas fúteis, sagazes, falaciosas e enganosas da razão humana de substituir o Deus verdadeiro como autor da criação por divindades falsas e outras explicações funestas.

Portanto, este é o resultado de um intelecto sem Deus: nulidade, vazio e futilidade. Como escreveu o comentarista bíblico John Murray: “Em seus raciocínios iníquos e maus, tais homens ficam destituídos de qualquer pensamento frutífero; a razão, divorciada da fonte de luz, conduziu-os a um delírio de inutilidade.” Esses raciocínios tem uma fonte, que é corrupta e obscura; e esta fonte é a segunda causa da ingratidão: o coração.

Paulo conclui: “(...) obscurecendo-se-lhes o coração insensato”. Por que, podemos perguntar, Paulo menciona a obscuridade do coração num contexto de raciocínios vaidosos? Há relação entre mente e coração? Sim, e há uma resposta excelente sobre isso, fornecida também por Murray, que escreveu: “(...) por ser a sede dos sentimentos, do intelecto e da vontade, o coração de tais pessoas, estando destituído de entendimento [eu diria, piedade] obscureceu-se".

Em outras palavras, a condição para um intelecto eficiente que glorifica a Deus é um coração revestido da graça e luz do Senhor. Quando o coração é obscurecido pelo pecado, a mente, o intelecto e os raciocínios se tornam falsos, vazios e nulos.  Na semana que vem veremos como a pretensão humana de sabedoria e entendimento à parte da verdade do Senhor levou a corrupção da humanidade.

Até a próxima. Que Deus te abençoe!

 

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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