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Ninguém Vai te Salvar


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 28/09/2023
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Após uma semana sem Coluna, resolvi escrever sobre um filme que foi lançado diretamente no streaming e se tornou uma boa surpresa. Um tipo de obra muito peculiar, que não se faz notar logo de cara, mas que esconde uma trama angustiante e surpreendente. Ele chamou bastante a atenção do público e dos críticos ao longo da última semana e ganhou muito mais destaque do que até mesmo o estúdio 20th Century e a própria Disney, dona do streaming Star+ onde ele foi lançado aqui no Brasil, poderiam imaginar. Essa semana, a Coluna Sétima Arte traz algumas considerações sobre Ninguém Vai te Salvar.

O filme foi concebido como uma produção de baixo orçamento, bem por isso, foi lançado diretamente no streaming. Apesar das modestas expectativas financeiras que o envolvem, o diretor Brian Duffield, conhecido por sua habilidade em mesclar terror satírico e ficção científica, utilizou sua competência para criar uma obra que combina esses dois gêneros de forma brilhante.

A trama de Ninguém Vai Te Salvar se desenrola como um suspense psicológico, afastando-se do clichê do típico filme de invasão domiciliar, que muitas vezes se concentra apenas na tensão pela tensão. É impossível não notar a influência de filmes como Sinais, de 2002, de M. Night Shyamalan, que compartilha a mesma premissa de uma invasão alienígena. Além disso, a ausência de diálogos ao longo do filme nos remete a um outro sucesso, esse mais recente, Um Lugar Silencioso, de 2018, proporcionando uma experiência cinematográfica única. Não há dúvidas de que esse seja o grande diferencial do filme, pois um filme desse gênero, sem nenhum tipo de diálogo é um grande desafio para qualquer diretor.

Mesmo assim, Duffield consegue manter o espectador envolvido ao longo da quase 1h30 de filme, criando sequências visuais marcantes e cenas que manipulam a atenção do público, enquanto a protagonista enfrenta um conflito interno sobre culpa e autoperdão. A angústia é constante e palpável.

O destaque do filme, sem dúvida, recai sobre a competente atuação de Kaitlyn Dever como a protagonista Brynn Adams. A atriz demonstra uma incrível capacidade de comunicar emoções e narrar a jornada aflitiva de sua personagem sem a necessidade de diálogos. Sua expressividade facial, linguagem corporal e habilidade de transmitir a intensidade do conflito interno de Brynn são notáveis, mantendo o público totalmente envolvido em sua trajetória solitária e desesperada. Kaitlyn Dever confirma seu talento como uma atriz versátil e promissora, com uma performance que é ao mesmo tempo comovente e memorável. Uma escolha acertada para uma trama tão desafiadora. Falando em trama, vamos a ela!

A trama segue Brynn Adams, uma jovem que vive isolada e tem sua casa invadida por alienígenas. A partir desse ponto, o filme se transforma em um embate eletrizante entre Brynn e um ser extraterrestre que ameaça não apenas seu futuro, mas também a leva a confrontar eventos dolorosos de seu passado.

Um dos trunfos do diretor é não explicar completamente as intenções dos alienígenas, abrindo espaço para várias possibilidades no terceiro ato do filme, onde a história ganha um tom mais explicativo. O roteiro, que também é assinado pelo diretor, apresenta uma narrativa similar a um quebra-cabeças, o que torna a história didática e envolvente. No entanto, o roteiro nunca tem características lineares, o que não facilita as coisas para o espectador, desafiando-o a acompanhar e desvendar os mistérios apresentados.

Os efeitos visuais e práticos conferem um charme adicional à medida que a história se desenrola, revelando aos poucos o que esses seres alienígenas realmente desejam. No entanto, sente-se que algo mais poderia ter sido explorado nesse aspecto.

Por que ver esse filme? Eu diria que Ninguém Vai te Salvar vale a pena ser assistido por ser um filme ousado com uma narrativa intrigante e sequências memoráveis. Embora a obra não consiga atingir todas as expectativas que ele mesmo gera ao longo da trama, a experiência final revela que ainda assim é um filme que deve ser visto. Além do mais, o diretor Brian Duffield demonstra sua habilidade em criar um filme de suspense que prende a atenção do espectador, deixando-o ansioso do começo ao fim dessa jornada angustiante e surpreendente. Aproveite que ele está disponível para ser visto em casa, quem sabe esse não seja o incentivo que você precisa para experimentar o que há de bom no Star+, o streaming da Disney para adultos. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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