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Free Guy: Assumindo o Controle


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 19/08/2021
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Diante da grande demanda de trabalho, a edição passada do Jornal Noroeste não contou com a Coluna Sétima Arte, mas nesta semana a Coluna está de volta, trazendo como tema um grande e aguardado lançamento, Free Guy: Assumindo o Controle. Esse é um daqueles filmes que ficou na gaveta por tempo demais devido à pandemia. Mas se, na maioria das vezes, o tempo de espera prejudicou muitas obras por conta do atraso, no caso de Free Guy a maturação só fez bem. Após a venda da Twenty Century Fox para a Disney e das mudanças feitas pela nova dona no produto final, Free Guy: Assumindo o Controle chega na hora certa. Ele traz leveza e diversão num momento em que a maioria das pessoas já estão mais à vontade e seguras para irem ao cinema. Sobre esse filme você vai saber tudo o que vale a pena na edição desta semana.

Importante começar deixando claro que, por mais que o filme seja sobre games, não se trata de uma adaptação de um jogo ao cinema. Essa informação é relevante pelo fato dos filmes baseados em vídeos games geralmente serem fracos e mal desenvolvidos, criando um estigma negativo em torno desse gênero. Quem nunca se decepcionou com uma adaptação de vídeo game para o cinema? Veja, por exemplo, o recente Mortal Kombat. Tendo isso claro, vale a pena ressaltar que Free Guy: Assumindo o Controle usufrui bastante desse universo gamer, mas constrói sua história de forma original e muito bem desenvolvida.

Tanto o diretor Shawn Levy, quanto o roteirista Matt Lieberman inspiraram-se em GTA para desenvolver o plano de fundo da trama e é claro que o nome do jogo do filme, Free City, faz referência a Free Fire. Esses são apenas alguns exemplos do emaranhado de menções feitas a jogos e ao cinema ao longo da história. Isso é muito divertido, já que além de se envolver com o amadurecimento do protagonista, Guy, o expectador também vai se identificando com uma outra informação que o remete à memória e diversão.

O roteiro é muito bem elaborado e bebe na fonte do excelente Show de Truman (eu tenho uma grande predileção por alguns filmes que fizeram parte da minha história e esse com certeza é um deles), de 1998. Se você viu esse drama – que marcou época no final dos anos 1990 ao escancarar a falta de humanidade que existe por trás dos reality shows –, com certeza vai perceber grandes semelhanças com a história de Guy. A diferença é que no filme que acabou de estrear, o protagonista não é real, mas um personagem programado, que assume o controle de sua própria existência dentro do jogo mudando o rumo, não apenas de sua trajetória, mas do próprio jogo.

Nesse ponto entra o profissional por traz do personagem. Free Guy não seria o evento cinematográfico que é se não fosse Ryan Reynolds. É incrível perceber como ele evoluiu ao longo da última década. Confesso que no início de sua carreira eu não gostava do trabalho dele. Parecia apenas mais um ator caricato, com um rostinho bonito e uma tendência autodestrutiva ao escolher péssimos papeis (lembre-se que ele fez o terrível Lanterna Verde e depois a pior versão possível de Deadpool em X-Men Origens: Wolverine). Mas ele deu a volta por cima, passou a demonstrar mais seriedade, mesmo com um tipo de atuação levemente debochada e conquistou espaço em Hollywood. Seu maior trunfo foi bater o pé para refazer o papel de Deadpool nos cinemas, algo que foi a redenção tanto para o ator quanto para o personagem. Agora, ele desfruta de respeito, carisma e espaço suficiente para impor ao Guy de Free Guy tudo o que ele precisa para ser um personagem marcante do cinema.

Reynolds dá vida, no filme, a um NPC (sigla em inglês para non player character, algo como um personagem não jogável, ou coadjuvante no jogo). Guy é a representação do ser humano mediano da atualidade. Aquela pessoa que vive a mesmice todos os dias, sem grandes aspirações e que vê a vida passar enquanto coisas absurdas acontecem ao seu redor. Mas a vida e a motivação de Guy mudam depois que ele se apaixona ao ouvir alguém cantarolar Fantasy, de Mariah Carey, o que por si só já é uma ótima referência. A partir disso, ele abandona o seu status quo e assume o controle de suas ações, alterando o rumo das coisas tanto no jogo, quanto no mundo real.

Falando em mundo real, o diretor Levy acerta em cheio ao reproduzir com grande fidelidade a comunidade gamer, com todas as suas qualidades e seus defeitos, inclusive os estereótipos. É divertido, mas também é uma forma de homenagem, muitos irão se identificar de uma forma ou de outra. A direção de Shawn Levy é magistral principalmente por ter a sensibilidade de perceber que, mais do que cenas de ação ou efeitos especiais, o que agrada o público é a jornada do protagonista, que se descobre, se emancipa e amadurece ao longo da trama.

Para percorrer esse caminho, Guy, o personagem de Reynolds, conta com um grande elenco à sua disposição, dentre eles as superestrelas dos seriados Killing Eve: Dupla Obsessão e Stranger Things, Jodie Comer e Joe Keery, respectivamente. Eles brilham por conta da química e da versatilidade que apresentam. As versões distintas, principalmente dela na vida real e no jogo, surpreendem e demonstram uma grande profundidade na arte de atuar. Já outro ator que merece muito destaque no filme é Taika Waititi (isso mesmo, o diretor de Thor – Ragnarok), ele já havia provado sua polivalência no divertido O Que Fazemos nas Sombras, de 2014, mas aqui ele reafirma que é um artista completo ao entregar um vilão no melhor estilo “animação da Disney”. Vamos à trama!

Em Free Guy - Assumindo o Controle, um caixa de banco preso a uma entediante rotina tem sua vida virada de cabeça para baixo quando ele descobre que é personagem em um brutalmente realista vídeo game de mundo aberto. Agora ele precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único que pode salvar o mundo. 

Por que ver esse filme? Free Guy não é feito apenas de boas piadas, muita ação e diversão, ele traz comentários sociais profundos e pertinentes sobre várias questões caras do nosso tempo e que assolam o mundo dos gamers, como, por exemplo, o sexismo. Além disso, ao construir a jornada do herói o filme a torna muito próxima da realidade de muitas pessoas, trazendo uma mensagem profundamente positiva sobre a necessidade de assumir o protagonismo da própria vida e dar novos rumos para a própria história. Emoção e diversão garantidas. Boa sessão!

Assista ao trailer:

Odailson Volpe de Abreu


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