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Guardiões da Galáxia Vol. 3


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 04/05/2023
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Não há dúvidas de que o gênero herói” vem perdendo força no cinema a cada nova temporada. Há grandes esforços por parte dos estúdios, diretores, produtores e roteiristas para manterem esse gênero altamente lucrativo na ativa. No entanto, é visível o seu esgotamento. A impressão é que o público, antes ávido pelas iniciativas de ver seus heróis dos quadrinhos transpostos para a tela grande, entrou em estado de letargia e sempre espera o que de pior possa vir das novas adaptações, subjugando de certa forma os fandoms (um fandom é um grupo de pessoas que são fãs de determinada coisa em comum e que se unem e defendem aquilo que gostam, por exemplo os fãs incondicionais dos heróis dos Vingadores ou da Liga da Justiça) ao redor do mundo. Assim, o que se vê são sempre tiros no escuro e grandes alternâncias de sucesso tanto nos lançamentos da Marvel quanto da DC, de forma que determinado filme agrada muito e outro não agrada nada, um rende bilhões em bilheteria e outro, por sua vez, amarga um fracasso épico. Diante disso tudo, tem sempre quem se destaca positivamente e um desses destaques é o diretor James Gunn. Ele é o responsável pela grande estreia da semana, a mais nova adição ao MCU Universo Cinematográfico da Marvel e que encerra a trilogia iniciada por ele em 2014. Sobre Guardiões da Galáxia Vol. 3 a Coluna Sétima Arte vai trazer tudo o que vale a pena saber essa semana.

Vamos iniciar falando sobre James Gunn, diretor e roteirista de Guardiões da Galáxia Vol. 3. Ele é realmente um gênio. Criativo, dedicado e competente, domina a arte de fazer filmes de herói como ninguém. É todo dele o mérito de pegar uma equipe obscura dos quadrinhos da Marvel e quase desconhecida do público em geral e levá-la com maestria para o cinema, expandindo o MCU para o universo e conquistando inúmeros fãs. Para alcançar esse sucesso ele somou à fórmula básica dos filmes de herói uma trilha sonora adequada, toques de nostalgia e uma pegada cômica genuína e livre do sarcasmo que já virou clichê em obras do gênero. O problema é que Gunn é polêmico e vez ou outra está envolvido em certos problemas, seja na internet ou fora dela, o que resultou em sua demissão da Marvel por um tempo.

Nesse meio tempo, ele se alinhou a DC/Warner que lhe deu liberdade criativa, orçamento e uma gama infindável de heróis para que ele explorasse do jeito que quisesse no cinema. Seu sucesso foi tanto na concorrência da Marvel, que agora ele é o chefe da DC Studios e está à frente da reformulação do Universo Liga da Justiça da DC. Algo que irritou demais os fãs da Marvel e que só piorou agora que ele vai encerrar sua trilogia de Guardiões da Galáxia, isso porque em dedicação exclusiva nos estúdios da concorrente, ele resolveu usar sua influência para migrar atores que interpretavam heróis na Marvel para trabalharem na DC. Treta pronta, o que nos resta é assistir de camarote, mais uma vez, os fandoms da Marvel e da DC se digladiando na internet. (risos)

E aqui chegamos a um ponto essencial para compreender o tom mais dramático e emocional que envolve a grande estreia dessa semana. Guardiões da Galáxia Vol. 3 é um filme de despedida, por isso, ele é mais melancólico e quebra o clima alto astral tão típico de seus dois antecessores. Interessante que o filme não marca apenas a despedida de James Gunn à frente do projeto, mas, ao que tudo indica, marca também o fim dessa formação do grupo de Guardiões da Galáxia, pelo menos como conhecemos. Como aconteceu recentemente com outros heróis do MCU, é chegada a hora de abrir espaço para novos rostos, novas histórias e novos personagens. Foi assim com Capitão América, com Homem de Ferro, Pantera Negra e agora chegou o momento de Peter Quill e sua trupe passar pela mesma situação. O novo sempre vem! Nem sempre com a mesma qualidade, encantamento e aceitação, mas sempre vem!

Dito isso, vale a pena ressaltar que o filme ficou mais denso e isso é bom, pois ele ilustra bem a evolução dos personagens. Diferente de outros personagens do MCU, como, por exemplo, Thor, que regrediu ao longo dos anos, tornando-se mais bobo e mais burro. Starlord, Rocket, Groot e seus amigos vivem a dor da perda, da separação, do sacrifício. Isso não os torna amargos, mas, muitas vezes faz deles personagens desiludidos, sem rumo. Por isso, diferente de outras obras do gênero, esse filme funciona como uma bela alegoria da vida real, ilustrando a mudança que ocorre nas pessoas conforme eventos os quais elas não controlam lhes são impostos.

Isso reflete nas questões técnicas do filme, tanto que a palheta de cores fortes e vibrantes típicas das obras de Gunn são alteradas para algo mais lúgubre, quando estão, por exemplo, em Lugarnenhum, o lar dos Guardiões e que carrega em si toda a lembrança da família que um dia eles foram e que já não o são mais depois da morte e ressurreição (acredito que podemos chamar assim, mesmo diante das circunstâncias) de Gamora.

Como já pré-anunciado, o filme marca o fim da equipe, bem por isso, a todo momento o público se depara com a possível morte de qualquer membro do grupo. Isso acontece por conta da relação entre Rocket com seu criador, o Alto Evolucionário. Essa relação é o fio condutor da trama, que irá movimentar todo o filme e conceder um aspecto mais dramático a esse capítulo final, ainda que eventualmente haja um certo alívio cômico para o público.

Dessa forma, há um espaço maior para Rocket e sua história, o que permite ao ator Bradley Cooper demonstrar todo o seu viés mais sério em cena. Além dele, o elenco recheado de estrelas fica ainda maior com a adição de Chukwudi Iwuji como Alto Evolucionário. Não há dúvidas de que ele ganhou o status de grande vilão da Marvel. Ao interpretar o Alto Evolucionário, Iwuji encarna aquele típico vilão clássico, que a gente gosta de odiar, e que faz maldade pelo gosto de fazer e não necessariamente porque tem um motivo ou porque foi levado a isso. Pode-se dizer que o vilão de Guardiões da Galáxia Vol. 3 é um vilão a moda antiga. Além dele, estão no elenco os já costumeiros Chris Pratt, Dave Bautista, Pom Klementieff e junto a eles temos a estreia de Will Poulter, no papel de Adam Warlock, o possível antagonista, que ainda não sabemos muito bem a que veio. Vamos à trama!

Tanto o grupo quanto Peter Quill ainda estão tentando superar a perda de Gamora. Nesse clima não tão positivo, precisam reunir forças como equipe para defender o universo e proteger um dos seus, o pequeno Rocket, que está em apuros. Uma missão que, se não for concluída com sucesso, pode levar ao fim dos Guardiões da Galáxia como os conhecemos.

Por que ver esse filme? Porque o filme já traz em sua essência o gosto amargo do adeus. Quem foi ao cinema em 2014 e se encantou com a história dos heróis desajustados, que se juntaram por acaso para defender a galáxia precisa ir ao cinema, pelo menos para ver o capítulo final dessa história iniciada há quase uma década. Conferir o filme no cinema é uma maneira respeitosa de dar adeus a esses personagens tão caricatos quanto carismáticos e que conquistaram o coração do público. Além do mais, o filme pode dar certos indícios sobre quais rumos o MCU irá tomar, principalmente nesses tempos em que os filmes de herói já não agradam mais tanto quanto antigamente. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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