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Coluna Sétima Arte: Um Lugar Silencioso: Dia Um


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 27/06/2024
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Os filmes de suspense têm um papel significativo no cinema, proporcionando ao público uma mistura única de tensão e emoção. Eles exploram os limites da mente humana e desafiam as percepções do espectador, utilizando o medo do desconhecido e o poder da sugestão para criar atmosferas eletrizantes. O suspense, muitas vezes, vai além do mero entretenimento, provocando reflexões sobre a natureza do medo, a moralidade, a resiliência humana e até mesmo sobre o peso do silêncio. Este gênero, com suas narrativas complexas e personagens bem desenvolvidos, mantém os espectadores à beira de seus assentos, oferecendo uma experiência cinematográfica visceral e inesquecível.

A franquia Um Lugar Silencioso revolucionou esse gênero ao introduzir uma premissa inovadora onde o silêncio é a chave para a sobrevivência. Desde o lançamento do primeiro filme em 2018, dirigido por John Krasinski, a série capturou a imaginação do público com sua abordagem minimalista e tensão constante. Krasinski teve a perspicácia de buscar uma certa distância do terror, sobretudo o gore, e fundamentar a história no suspense puro e limpo, uma fórmula para o sucesso. Focando na luta da família Abbott para sobreviver em um mundo invadido por criaturas sensíveis ao som, a franquia destacou a importância da comunicação não-verbal e do instinto de proteção familiar. Com performances memoráveis de Emily Blunt e Millicent Simmonds. Agora, essa franquia busca expandir seu universo entregando ao um público um spin-off que tem como objetivo explorar novas perspectivas e histórias dentro deste apocalipse silencioso, matando a curiosidade de muita gente a respeito de como toda essa distopia começou.

 Essa semana, a Coluna Sétima Arte se dedicará a discutir o aguardado Um Lugar Silencioso: Dia Um e suas contribuições ao cinema de suspense moderno. Como spin-off, Um Lugar Silencioso: Dia Um é um deleite para os fãs de terror e suspense, além de ser uma adição fascinante à franquia. Este prelúdio leva o expectador de volta ao caos inicial da invasão alienígena, situado na vibrante e agora desolada Nova York. Michael Sarnoski dirige esta nova história, trazendo uma perspectiva fresca enquanto mantém o espírito original criado por John Krasinski.

O cenário de Nova York, com seus locais icônicos como Times Square e Central Park agora silenciados, se torna quase um personagem próprio. A escolha de ambientar o prelúdio em uma cidade tão barulhenta e agitada, agora mergulhada em um silêncio mortal, é brilhante. A desolação e o pânico são palpáveis, e ver esses lugares tão conhecidos em silêncio absoluto intensifica a sensação de terror. Nessa obra, quem assume o papel principal é a vencedora do Oscar Lupita Nyong'o, ela é Sam, uma mulher comum que, durante uma viagem a Nova York, se vê lutando pela sobrevivência quando a invasão alienígena transforma a cidade em um cenário de terror absoluto. Ao lado dela, Joseph Quinn (aquele querido por todos os fãs de Stranger Things) interpreta Eric, um homem que, apesar da relutância inicial, decide unir forças com Sam em sua luta pela sobrevivência. A química entre Nyong'o e Quinn é um dos pontos altos do filme, oferecendo uma dinâmica convincente e emocionalmente carregada. Faz-se necessário destacar a presença de Nyong'o nessa obra. Ela é uma atriz de talento excepcional e presença marcante, cujo trabalho tem sido amplamente reconhecido e aclamado pela crítica.

Desde sua estreia no cinema em 12 Anos de Escravidão, de 2013, papel pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, Lupita tem demonstrado uma capacidade notável de se transformar para cada papel. Sua atuação é caracterizada por uma profundidade emocional e uma intensidade que cativa o público. Ela já havia provado toda a sua versatilidade para o gênero suspense quando atuou de maneira dupla no excelente Nós, de Jordam Peel, em 2019. Agora, como Sam, ela intensifica ainda mais a suas habilidades para esse tipo de papel que requer expressividade e uma grande capacidade de transmitir emoções.

A direção de Sarnoski merece aplausos principalmente pela forma como ele utiliza o som (ou a falta dele) para criar momentos de tensão extrema. Algo no qual seu antecessor, Krasinski, é mestre e que fez toda a diferença nos filmes anteriores. Seguindo passo a passo a cartilha escrita por Krasinski, Sarnoski faz com que cada silêncio seja ensurdecedor. Também os efeitos sonoros, combinados com a trilha sonora, aumentam ainda mais o suspense de forma muito eficaz. A cinematografia é outra jóia, capturando a devastação e o desespero através de ângulos inteligentes e uma iluminação sombria. Outro ponto positivo é a presença de alguns personagens já conhecidos pelo público, eles favorecem a identificação com essa história que se passa bem antes de tudo aquilo que já foi apresentado. Apesar de toda a ação e horror, Um Lugar Silencioso: Dia Um não perde de vista os temas centrais de resiliência e humanidade.

 A luta de Sam para proteger a si mesma e aqueles ao seu redor é um testemunho poderoso da força do espírito humano. O filme vai além de mostrar apenas o terror da invasão; ele explora a coragem e a determinação necessárias para enfrentar um apocalipse. Contudo, é preciso levar em consideração que muita gente pode criticar a repetição da fórmula do silêncio, além dos sustos que já não exercem mais o mesmo impacto original do primeiro filme.

 Entretanto, quem já é fã de Um Lugar Silencioso irá ao cinema justamente para rever essas características tão distintas dos filmes anteriores e que lhes são tão caras. Também a narrativa pode ser um ponto de crítica já que, embora envolvente, segue um caminho previsível em certos momentos, o que pode diminuir a surpresa para os espectadores já familiarizados com a trama. Por que ver esse filme? Um Lugar Silencioso: Dia Um é uma adição digna à franquia e combina muito bem os elementos de terror e drama humano, proporcionando uma experiência intensa e emocionalmente gratificante para o público. Para os fãs da franquia e do gênero de suspense/terror, Um Lugar Silencioso: Dia Um é indispensável. Ele aprofunda a mitologia da série e oferece uma nova visão sobre o início do apocalipse, lembrando o espectador sobre como o silêncio é valioso e barulho pode ser mortal. Além do mais, é um lembrete sobre como o espírito humano persevera, mesmo nas circunstâncias mais desesperadoras. Se você é fã de uma boa dose de suspense e tensão, não perca. Sente-se, relaxe (se conseguir), e prepare-se para uma experiência com o som e a tela grande do cinema. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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