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Não se envergonhe do evangelho


Por: Fernando Razente
Data: 05/12/2022
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Romanos 1.16a (ARA): “Pois não me envergonho do evangelho [...]”

Na semana passada refletimos sobre as palavras de Paulo nos versículos 14 e 15 de Romanos 1, onde o autor declarou estar debaixo de um dever de pregar o evangelho a todos os gentios, independentemente de suas autoimagens de sabedoria ou das alegações de ignorância; e que também estava preparado para pregar em Roma, a orgulhosa e pujante cidade gentílica daquela época. Hoje, na exposição da primeira parte do versículo 16, veremos Paulo explicando suas razões de estar se sentindo tão animado para esse desafio.

Paulo inicia o versículo 16 dizendo: “Pois não me envergonho do evangelho [...]”. Retomemos novamente alguns pontos importantes. O apóstolo tinha uma obrigação imposta por Cristo de ensinar os gentios e estava pronto e empolgado para cumprir seu chamado. E alguém poderia perguntar: “Por quê?”. A resposta é que ele não se envergonhava da mensagem que carregava.

Todavia, por qual razão Paulo deveria se envergonhar? Quem ou o quê o pressionava para não sentir orgulho do evangelho? Para entender essa declaração com mais profundidade é preciso que pensemos um pouco a respeito da cultura gentílica daquela época, especificamente a romana. Ou seja, como era o zeitgeist romano do primeiro século d.C.? Como era o clima intelectual daquela época em que Paulo estava inserido?

Historicamente, os romanos estavam em franca expansão territorial, vivendo o auge do poder militar com um novo sistema político, de caráter totalitário: o imperial. Os imperadores, titulados como Augustus, nobilíssimos detentores do poder divino sobre a humanidade, e ainda possuindo ampla apreciação popular, eram as grandes figuras públicas do povo romano. Eles eram respeitados, admirados e reconhecidos com servidão, obediência, triunfos e honras.

Por outro lado, Paulo carregava a mensagem de um homem simples, chamado Jesus. Imagine por um momento Paulo chegando naquela metrópole cosmopolita irradiada pela figura imperial dizendo que Deus havia salvado eles de seus pecados por meio de um pobre carpinteiro nascido numa cidadezinha obscura dominada pelos romanos, seguido por pescadores iletrados, traído por um de seus discípulos, negado veementemente pelo líder deles, condenado por seu próprio povo e entregue, por um procurador romano (Pôncio Pilatos) à morte; mas não qualquer tipo de morte, mas a forma mais vergonhosa e abjeta que havia no Império: a crucificação.

Essa mensagem, de uma perspectiva puramente natural, seria recebida quase como uma piada ou um escárnio pelos romanos, do tipo: “Você está falando sério? Só pode estar brincando. O que você nos diz parece mais uma comédia trágica”. Por isso, caro leitor, mergulhe nessa imaginação e reflita sobre o desafio que era para Paulo se dispor a ir para a capital do Império e dizer, com toda convicção, temor e seriedade que aquele homem judeu era na verdade o próprio Deus encarnado que viveu e morreu para a salvação dos pecadores. Isto posto, agora podemos compreender que brado de coragem, convicção, fé e amor à glória de Cristo foi a declaração paulina: “[...] não me envergonho do evangelho”.

E quanto a nós? A mensagem do evangelho era, de fato, encarada como vergonhosa pela cultura antiga, mas também é pela nossa cultura pós-moderna. Um carpinteiro judeu, morto crucificado pelas mãos do Estado Romano há cerca de 2.000, ser o salvador do mundo? Patético! Esse era o raciocínio dos gregos intelectualizados, dos orgulhosos romanos, dos judeus legalistas e é o mesmo do mundo pós-moderno.

Se para o mundo antigo, um salvador deveria ter o sucesso político de um Clístenes, o poder militar de um César e a prosperidade material de um Salomão, para o homem pós-moderno, um salvador — se é mesmo necessário um salvador — ele precisa ser independente, autônomo, focado em si mesmo e deve se encontrar, pelo menos de uma maneira mística, dentro de cada um de nós. Por isso, o mesmo desafio e a mesma tentação que Paulo enfrentou, nós também enfrentamos hoje, isto é, de perante ao mundo do modernismo tardio nós ainda olharmos com fé sincera para o Cristo na cruz, naquele ponto divisório da história espaço-temporal e confessar que Ele é a sabedoria de Deus para salvar os pecadores e que não nos envergonhamos dessa confissão.

Você sente vergonha de compartilhar o evangelho? Como você se sente ao ser impelido a confessar sua fé perante o mundo moderno, seja na escola, na faculdade, no trabalho ou nos outros meios sociais? O medo da rejeição ou da troça intelectual te fazem retroceder? Reflita sobre isso e pese as palavras de Cristo na balança: “[...] quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.” (Lucas 9.26 ARA). Assim como Paulo, não se envergonhe do evangelho de Cristo. Afinal, ele é o poder de Deus.

Na semana que vem, se Deus permitir, veremos, na continuação do versículo 16, a respeito do poder do evangelho.

Até a próxima!

Que Deus te abençoe.

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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