Março Amarelo: endometriose não é frescura, respeitem nossa dor
Quarta-feira, dia 13, comemorou-se o dia Nacional de Luta contra a Endometriose, por causa desta data acontece a campanha Março Amarelo, que visa promover a conscientização sobre a doença.
Em 2022, o então Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, através da Lei nº 14.324, de 12 de abril de 2022, instituiu o Dia Nacional de Luta contra a Endometriose e a Semana Nacional da Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose. A data escolhida foi o dia 13 de março, com o objetivo de chamar a atenção para os problemas causados pela doença, trazer visibilidade à doença, e mobilizar a sociedade para debater sobre medidas de prevenção e tratamentos.
Campanhas como essa são importantes para as pessoas discutirem esse tema, e poder ajudar as mulheres que sofrem com os sintomas ou, tenham sido diagnosticadas, mas que desistiram de continuar o tratamento.
A Endometriose, é uma doença ginecológica crônica e benigna, estrogênio-dependente, mas, se não tratada pode acarretar diretamente a qualidade de vida da mulher, além de, em alguns casos, dificultar a gravidez.
Então, imagine uma dor incapacitante capaz de, a cada período menstrual, te fazer contorcer de dor, comprometer seu andar, e te aprisionar numa cama. Você não consegue trabalhar, falta ao trabalho e compromete seus afazeres diários.
É possível que você tenha Endometriose, ela acomete 1 a cada 10 mulheres em idade fértil, e não se limita apenas ao aparelho reprodutor feminino, ela pode acometer vários órgãos, como: rins, pulmões, intestino, e até mesmo o nariz ou o cérebro.
É uma doença que causa muito sofrimento à mulher, e tira a qualidade de vida dela. Ela sente muita dor, e é a maior causa de infertilidade entre as mulheres, agora, não quer dizer que todas terão dificuldade de engravidar, e sim que, de 40 a 50% delas, podem sim ter problemas para engravidar.
Ela é conhecida como a doença da mulher moderna, porque hoje em dia a mulher tem deixado para ter filhos mais tarde, têm suas profissões, estudam, se formam, trabalham fora, são sobrecarregadas, não só com suas profissões, mas também com os afazeres domésticos, gerando estresse. Ou seja, elas menstruam mais, deixam para engravidar mais tarde, e sofrem com o estresse da vida moderna. E o estresse faz cair à imunidade, e a endometriose está ligada ao sistema imunológico, que quando enfraquecido dá força à doença.
Mas, o que é endometriose? Em condições normais, dentro do útero há uma camada que o reveste, o endométrio, quando a mulher está no seu período fértil, esta camada aumenta de tamanho, para acolher e nutrir um possível óvulo fecundado, agora se, o óvulo não for fecundado, essa camada se descama e acontece a menstruação. Mas, por alguma razão não conhecida, ao invés dessas células saírem através do canal vaginal, ela faz o caminho inverso, sobe para as trompas, ovários, e outros órgãos. Este sangue então, causa inflamações, fibrose, aderências e sintomas diferentes, dependendo do órgão afetado.
A mulher sente muitas dores: dores intensas no período menstrual que piora a cada ciclo menstrual; dor durante relação sexual com penetração, especialmente com profundidade; quando está menstruada têm dores para evacuar e para urinar; pode ocorrer dores mesmo fora do período menstrual; durante o período menstrual a mulher pode ter diarreia ou intestino preso; cansaço e dificuldade para engravidar são comuns.
O grande problema é o diagnóstico tardio da doença, infelizmente, em média leva até sete anos para detectar a doença. Assim, quando descoberto, ela já está em estado avançado. E como toda doença, se for diagnosticada precocemente é muito melhor, evitando que a endometriose evolua, e cause aderências entre os órgãos, e livrando a mulher de uma cirurgia futura de retirada de partes dos órgãos acometidos, dores e infertilidade, e a infertilidade feminina pode elevar o risco de câncer de ovário.
O exame para detectar é feito através de uma ultrassonografia com preparo intestinal especial e específica para a endometriose, feita por um bom radiologista especializado, mas, a videolaparoscopia é mais indicado como forma de diagnóstico.
Se você tem, dor intensa durante o período menstrual ou durante as relações sexuais; dores ao evacuar e urinar durante o período menstrual, procure o médico. Você pode ter endometriose. Não é normal sentir dor. Não ignore os sinais.
O tratamento pode ser clínico usando diferentes tipos de medicamentos, ou cirúrgico, por via laparoscópica que remove totalmente as lesões, porém, elas podem a vir a reaparecer em 15% das pacientes. A gravidez e a menopausa melhoram bastante a endometriose, mas não cura a doença.
Se você tem endometriose é preciso mudar o estilo de vida, e praticar atividades físicas, ter uma alimentação saudável, incluir na dieta bastante fibras, e esquecer das gorduras, pois elas, contém estrogênio, que faz com que a doença evolua. Procure ter uma vida mais tranquila, menos estressada, dormir bem, faça atividades que te fazem bem, como: ioga, meditação, leituras, escutar música, e afins.
Não é normal sentir dor; não é normal fluxo intenso; sentir dor ao evacuar e na relação sexual não é normal. A dor não pode ser normalizada. Endometriose não é frescura, é preciso respeitar as mulheres que têm endometriose. Pois, além das dores físicas elas sofrem muitas vezes críticas de pessoas próximas, familiares, e descasos de alguns profissionais de saúde.
Se você sente essa dor incapacitante, ou algum sintoma, não hesite, procure um médico especialista em endometriose. Lembre-se não é normal sentir dor, endometriose é uma doença séria. Não prolongue o seu sofrimento.
Ana Maria dos Santos Bei Salomão
Responsável pela Coluna Saúde em Pauta.