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Mãe-mulher


Por: Rhuana Moura Pacheco
Data: 15/05/2023
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Tema bem característico para essa terça-feira, pós Dia das Mães, né?! Eu poderia trabalhar com vocês a maternidade romantizada e o apreço que temos por nossas figuras maternas, afinal, fica confortável e “gostosinho” exaltar as guerreiras, trabalhadoras e amorosas mulheres que chamamos de mães. Entretanto, trazer conforto com meus textos nunca foi um objetivo.

É fato que a maternidade é uma construção social que implica no planejamento familiar, gestação, parto, puerpério e criação dos filhos. Mas aí você me pergunta: ser mãe é “só” isso, psi?

Para refletirmos isso, é interessante que retomemos a construção histórica da mulher, como um todo, que sempre foi voltado para o desenvolvimento familiar, sendo prometida à homens mais velhos desde sua infância, vendida sem escolha própria e escolhida por seu quadril grande para gerar o maior número possível de filhos, propagando a linhagem de seu marido. A independência no matrimônio foi sendo adquirida ao longo do tempo por um processo de mudança social, que era imposta também por sua classe financeira.

Essa mesma realidade de possibilidade de escolha foi aplicada ao longo do tempo na maternidade. Hoje se pode escolher não ter filhos ou ter um número x de filhos, assim como escolher como criar ou não: come doce antes dos dois anos? Há tempo de telas? Bate? Ouve-se os comentários dos outros ou decide por si só o que fazer? Se decide por si só, é vista como boa mãe? Tenho feito o necessário para meu filho? Tenho dado conta? Tenho certeza de que esses questionamentos permeiam a vida de todas as mães, ao menos um dia, retrato claro da cobrança social por uma mãe suficientemente boa – definição proposta por Winnicott.  Ser mãe é ser moldada socialmente, assim como ser mulher.

E a mulher por trás da mãe? Existe ainda ou foi escondida? Ana Suy, psicanalista e mãe, diz que “em uma mãe, há uma mulher”, mas também diz que “Mães são seres que precisam encolher para que seus filhos cresçam”. Por trás de uma grande mãe, existem os sentimentos de uma mulher que se cobra, se esforça, se desdobra em mil por seu filho e, muitas vezes, para agradar a sociedade. E será que estamos sendo rede de apoio ou de julgamento?

O maior presente que podemos dar às nossas mães ou às mulheres-mães que conhecemos é uma rede de apoio que valorize o seu eu – mãe e mulher. E, quando digo mãe, me refiro àquela mãe biológica, solteira, adotiva, de dois, de um ou mãe de um bebê que já se foi/nem chegou – e aqui cabe mais ainda o cuidado e consideração afetiva: perder um bebê não é algo que passa ou que “fica tudo bem”, é um filho assim como qualquer outro, então precisamos ter empatia e cautela.

Trago, por fim, duas mensagens principais:

Mães, vocês são vida e amor! Somos gratos por permitirem que sejamos um pouco daquilo que vocês são, assim como somos gratos pela entrega diária. Vocês sempre serão as melhores, mesmo naqueles dias em que vocês acham que não. Lembrem-se que está tudo bem não estar bem e que vocês são mulheres, indivíduo, além de serem mães. Priorizem também o seu bem-estar e felicidade, impondo-se nas suas decisões na educação de seus filhos e, também, no tratamento para com vocês. Não há fórmula secreta e nem padrão para a maternidade, há amor e o existir de vocês.

E para nós, sejamos uma boa rede de apoio, de amor, incentivo e acolhimento! Não precisamos ser mães ou pais para respeitarmos as limitações da maternidade. Basta compreensão e bom senso.

 

 

 

 

Rhuana Moura Pacheco

Habla mesmo, psi


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