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O que a boca não vê, o coração sente


Por: Rhuana Moura Pacheco
Data: 29/05/2023
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A alimentação é a atividade mais característica da humanidade, já que engloba as dimensões fisiológica-nutritiva, afetiva, relacional, social e cultural, afinal, são as refeições que definem o ritmo de vida e que reúnem pessoas em uma mesma atividade: comer, primeiro para se nutrir e depois para confraternizar. Pensando nisso, os indivíduos que possuem transtornos alimentares, não só afetam seu equilíbrio fisiológico, mas também suas relações sociais.

Os transtornos alimentares podem se dividir em duas partes: os transtornos de alimentação – que abrangem a infância, sendo eles a picamalácia, o mericismo e os transtornos de alimentação da primeira ou segunda infância – e os transtornos de conduta alimentares – atingindo adolescência e adultez, sendo eles a bulimia, anorexia, compulsão alimentar, entre outros. A obesidade não se caracteriza como uma psicopatologia, mas sim como uma condição clínica e está sujeita por toda a vida, apesar disso, é uma condição complexa afetada tanto por fatores genéticos quanto pelo desenvolvimento familiar, psicológico e cultural.

As mudanças sociais e culturais que atingem os padrões de beleza, geram um impacto muito grande na relação que estabelecemos com a alimentação. Ao discorrer sobre o cotidiano, é comum que o modo de se alimentar esteja ligado diretamente a como os indivíduos se relacionam com o mundo e com a vida de forma particular, implicando também no lado emocional do sujeito. É preciso entender de que maneira a relação do sujeito com seu próprio corpo e com os outros que o cercam se constitui, e como isso interfere no comportamento alimentar.

A partir da correlação entre autoestima, visão de si e visão dos outros, vamos de encontro com a exposição nas redes sociais e vida social, que acarreta à comparação. Há sempre alguém mais magro ou mais forte, mais fitness e feliz, que atinge diretamente a maneira com que você se vê, se porta e como se alimenta.

Postar nas redes sociais uma rotina saudável tem o seu lado bom e ruim, assim como expor nossas opiniões sobre comida, exercício físico e beleza: pode servir de incentivo, como pode também ser motivo para que um transtorno alimentar comece. É interessante que se poste e que se dê exemplo, mas nós não sabemos como o outro absorverá a informação, por isso é necessário cautela em nossos comentários e postagens: os indivíduos são únicos, assim como seus corpos, metabolismos e maturidade emocional, pensando nisso, reflita se o seu comentário ajudará em algo ou não. “Nossa, como fulano engordou”; “Olha lá, fulano, ciclano malha até de domingo, você também devia”; “Comendo de novo??!”; “Come só um pedacinho, não vai atrapalhar sua dieta não”. Não seja essa pessoa. Respeite os sentimentos e vontades alheias. Troque por: “Você está ótima!”; “Que tal buscarmos fazer mais atividade física? Parece ser legal”; “Você está seguindo plano alimentar? O que se encaixa para que possamos comer juntos?”, entre outros.

Transtornos alimentares não são frescura! Não é uma coisa que a pessoa consegue parar de maneira repentina! É um estado que diz muito sobre sua autoestima e condição emocional. E muitas vezes o seu comentário pode contribuir para o agravamento do quadro. Sejamos amorosos com o outro e busquemos comentários cautelosos para que ajude de verdade.

Referências:

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

DUMAS, J. E. Psicopatologia da infância e da adolescência. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.

E outros.

Rhuana Moura Pacheco

Habla mesmo, psi


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