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Além da segurança


Por: Rhuana Moura Pacheco
Data: 17/04/2023
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Os ataques em escolas voltaram a ser notícia nos últimos tempos: alguns com efetivação, outros não se passando de ameaças. Esse cenário tem se apresentado com maior frequência há um bom tempo, tendo como exemplo, o massacre em Suzano (SP) e o mais recente, na creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau (SC).

A violência nas escolas tem destaque desde os anos 90, no Brasil e até antes em outros países, como França e Estados Unidos. Por seu caráter institucional e social, a escola é um local em que as diferenças surgem, possibilitando a geração de conflitos. Dessa forma, quando outras condições aparecem, como desigualdade social e racial, por exemplo, ampliam-se as chances de certa violência se manifestar. Quando falo de violência, não me refiro apenas à física, mas também ao bullying e à psicológica. Resumindo, todas as atitudes praticadas pelos membros do contexto escolar e que podem ser nomeadas como violência.

Com conhecimento destas informações, te convido a refletir a temática por um outro viés: será que melhorar a segurança das escolas seria o único meio de buscar uma melhora futura nesse quadro de violência? A grande maioria dos autores desses atentados são ex-alunos, alunos atuais, membros da comunidade escolar ou pessoas que fazem parte do entorno das escolas que de alguma forma guardam na memória ou vivenciam situações de opressão, bullying, desgaste psicológico, entre outras situações traumatizantes para o indivíduo. Você pode me dizer: “Psi, mas isso não é justificativa para esses atos!” e eu concordo com você, entretanto, será mesmo que a maneira com que nos portamos no ambiente escolar, seja como aluno, como professor ou como pai, não influencia em nada?

Certa vez, vi uma série de streaming que em uma de suas temporadas tratava de um atentado escolar que mostrava seus sinais desde a temporada anterior. O personagem sofria bullying de maneira extrema e todos achavam engraçado ou “normal”, até que após uma situação específica, ele se organizou minuciosamente para tal ato. Repito: ninguém percebeu, nem nós espectadores. Quais são os sinais que nossas crianças, adolescentes e demais pessoas do contexto escolar tem dado e não temos percebido? Quais são as atitudes que tenho que colaboram para uma situação como essa? Fica a reflexão.

Indo de encontro agora com uma dúvida visível nessa última semana, diante das ameaças destinadas à diversas escolas, muitos pais têm se perguntado como explicar pros filhos ou se devem ou não levar os filhos à escola. O primeiro passo é a clareza com seus filhos, independentemente da idade, é necessário que eles saibam a realidade – no caso das crianças, busque uma linguagem acessível, mas clara. O acolhimento é fundamental nesses momentos, tanto do medo do seu filho, quanto do seu – é normal que não saibamos lidar com algumas situações – por isso, conversar sobre os sentimentos e criar um canal aberto com sua família é importantíssimo. E por fim, retomar as atividades normais aos poucos, respeitando o seu funcionamento e do seu filho; claro que a vida tem que voltar ao normal, mas nossos sentimentos precisam ser levados em consideração.

Essas mesmas orientações funcionam para evitar que situações extremas se concretizem. Que possamos nos conscientizar cada dia mais sobre a violência psicológica e como nós lidamos com as pessoas – seja em ambiente escolar ou não. É preciso que nos responsabilizemos pelos nossos atos e que as relações sejam marcadas por maior respeito e reconhecimento. As pequenas mudanças começam em nós mesmos.

Referências:

D’ AUREA-TARDELI, D.; PAULA, F. V. de; (Org). Violência na escola e da escola: desafios contemporâneos da Psicologia da Educação. São Paulo: Editora Metodista, 139p, 2009.

SILVA, E. H. B da; NEGREIROS, F. Violência nas escolas públicas brasileiras: uma revisão sistemática da literatura. Rev. Psicopedagogia, v. 37, n. 114, p. 327-40, 2020.

 

Rhuana Moura Pacheco

Habla mesmo, psi


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