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Infância Apátrida e a Guerra


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 04/04/2022
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Quando nos referimos à infância, não podemos de pensar em esperança e renovação, pois são novos seres que chegaram ao mundo e nele estão trazendo a expectativa de construção de algo novo. Um futuro melhor. Possibilitando a renovação e criação de relações entre nós. A esperança de um mundo mais estável em termos de paz. Um mundo mais equitativo e menos desigual. Construindo-se, bases para o estabelecimento de uma sociedade mundial mais interessada em construir do que destruir. Por este motivo, a infância assim como a esperança, expressa um sentido de vulnerabilidade. Uma certa pureza e inocência que deve ser protegida.  

Contudo, quando observamos nossa realidade, ainda persistente em tantos tipos de conflitos e guerras, constatamos como esta vulnerabilidade só se acentua. Assustadoramente, experimentamos o que se pode denominar como uma infância apátrida, produzida pelas guerras que crassa o nosso mundo. Seja na guerra do Iêmen. Na carnificina da guerra civil da Síria ou no atual conflito entre Rússia e Ucrânia. O número que crianças expulsas de seus territórios. Impedidas de constituírem uma vida em suas sociedades. Violentamente colocadas a margem de direitos mínimos, próprios para o exercício da dignidade humana, devido à pandemia da guerra, que paira sempre como uma sombra negra, que se faz teimosamente presente em nossa história.

Claro que haverá aquelas que serão assimiladas em outros territórios e sociedades. Entretanto, sempre serão apátridas em terras estranhas. E muitas, passarão boa parte de sua infância, acampadas em fronteiras ou instaladas em campos de refugiados, até por anos a fim. Nesta condição, que podemos esperar do futuro, se a infância é praticamente destruída pela violência da guerra? Famílias são dizimadas e as crianças, jogadas no mundo que deveriam amar, através do ódio entre os homens, dispostos a marchar ao som do rufar dos tambores da guerra. E a frágil e essencial infância, que deveria ser protegida e cuidada, para calar os tambores e semear um futuro de mais paz, corrompe-se e se destrói pela força das armas e se torna vítima maior da pandemia da guerra. Como se destina uma infância, se passa a experimentar uma existência apátrida, causada pela ambição e fúria bélica da humidade inconsequente? São questões dentre muitas, que precisamos tratar, para evitar multidões de exilados e apátridas não apenas dos seus países, mas do amor e pertencimento ao mundo que deveriam compartilhar em comum.  

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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