Folia e existência
Quando construo mais este texto para a nossa exposição de ideias, a folia do carnaval já bate em nossa porta. Direta ou indiretamente, passamos a ser envolvidos pelo efeito da folia momesca. Envolvimento na folia carnavalesca que se expressa enquanto presente em nossas dimensões existenciais como forma de por exemplo, fugir de nossas aflições e conflitos, por um curto tempo de folia, nos deixando levar de algum modo pela existência da fantasia.
De algum modo, a folia carnavalesca nos convida a teatralizar a nossa existência. De deixarmos de ser como somos ou como existimos por alguns dias de folia, para existirmos na condição de pura fantasia, criando personagens para nossos corpos e máscaras para nossos rostos. A folia que nos convida a sambar, nos permite existir na dimensão do festejar, esquecendo e escapando de momentos tristes e não passíveis de festa.
A folia carnavalizada, nos abre o espaço de um palco, nos permitindo construir, mesmo que por pouco tempo, personagens transgressores de nossas limitações de existir e percebermos que o fato de havermos nos tornado o que somos, em realidade é uma escolha possível e não algo determinante, nos fazendo perceber que podemos ser mais criativos em nosso modo de existir e assim, buscarmos ser diferentes do que somos.
Desta forma, pensar a relação entre folia carnavalesca e a existência humana, causa uma perturbação positiva quanto as nossas identidades existenciais, pois a carnavalização da existência humana, permite resgatar a consciência criativa e estética de existir, muitas vezes soterrada por um modo de existir vazio e mecânico que nos afasta de qualquer prazer em participar da folia de ser.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com