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Doar ou Vender Nosso Ajudar? Eis a Questão para Nosso Cotidiano!


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 08/01/2024
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Ao escrever este novo texto, estamos no início de um novo ano! E como todos sabemos, ao se iniciar um ano novo, “desejamos” que este seja melhor do que os passados, em muitos aspectos, mas principalmente quanto as relações humanas! Porém, podemos questionar: “Para construirmos de fato um novo ano ou período melhor para as relações humanas, não deveríamos nos doar mais uns aos outros?  Ou, como muito comumente se interpreta, mantemos, intensificamos e continuamos a vendemos o nosso agir?” O que significa tal questionamento?

Ora! Muitas vezes, quando nos reportamos ao agir para e com o outro, referenciamos padrões de ganho e custo! Lucro e vantagens! “O que eu ganho com isso?” “Qual a vantagem de agir assim? Porque motivo, vou ajudar este outro? O que ganho com isso?” Parece-me haver nesta forma de pensar em obter ganhos ao agir ajudando, referente a um “agir para o outro”, o cálculo de vender-se para algo lucrar, ao final do agir! Vender a atenção, o auxílio e até uma certa solidariedade, por algo que nos traga vantagens de algum modo! Quando assim calculamos, e percebemos a possibilidade de nada ganhar, na maioria das vezes ignoramos as dificuldades alheias do outro, as classificando inclusive como perda de tempo ou desvio de interesses próprios. Expressando em termos: “Só vai me atrapalhar! Não posso perder tempo, pois nada tenho a ganhar!”

Obviamente, não é uma regra livre de exceções! Há sempre quem doe um auxílio, sem nada querer obter, a não ser a satisfação do agir ao ajudar! Temos assim um doar-se ao outro, necessitado de algum tipo de ajuda. Doar-se de um modo até gratuito. Simplesmente por ver o outro bem. Auxiliado e socorrido! Doar-se por empatia, simpatia ou respeito ao sofrimento do alheio, sem nada visar em lucrar. Não há o sentido de venda nessas ações, mas sim o do livre doar-se para alegrar, humanizar, socorrer e valorizar o ser do outro, devidamente ajudado e assistido. Tais sentimentos, também afetam a quem age doando-se no ato de socorrer e auxiliar.  

Podemos observar exemplos práticos destas situações em nosso cotidiano. Uma amiga, observou em uma barraca brinquedos, bonecas usadas, sendo vendidas. Surgiu então a seguinte indagação por parte desta amiga: “Por que colocar para vender estas bonecas, com pouquíssimas chances de venda?” Por que simplesmente não as doar para crianças carentes ou para um orfanato onde levariam um pouco de alegria e conforto?” Percebamos aqui o confronto entre o sentido de doação e o de venda neste exemplo prático e do cotidiano, relatado por esta amiga.

Um outro caso que me fez refletir, foi relatado por alguém que chegando a uma estação de trem, em um bairro aqui da cidade do Rio de Janeiro, ao descer as escadas, para fora da estação, viu uma senhora caindo de costas à sua frente. Prontamente, esta conhecida correu para evitar que a cabeça da senhora se choca-se contra os degraus. Esta conhecida me relatou que uma outra pessoa, buscou auxiliar do melhor modo possível. Mas, o que chamou a sua atenção foi o número de pessoas que simplesmente ignoraram a situação da senhora caída e muitos inclusive, se desviaram do lugar onde aconteceu a queda, evitando assim perder tempo.

Creio que são exemplos aparentemente banais, mas muito concretos, comuns e significativos, ilustrando a questão presente no título deste texto: Doar ou Vender meu Ajudar? Meu objetivo aqui não é fazer um juízo de valor, para classificar e diferenciar indivíduos imorais de morais ou formular a velha dicotomia bons e maus. Penso afinal, que se de fato queremos mudar para algo melhorar em nossas relações cotidianos e mais além disso, precisamos refletir sobre os nossos valores, perspectivas e condutas, visando de fato construir não apenas um ano novo melhor, mas um modo de ser eticamente mais positivo, entre todos nós, para instituição de um bom e longo tempo de mais agir e promover o respeito, a solidariedade, a simpatia, a empatia e a visibilidade uns para com os outros. Afinal de contas, quem faz o ano ser novo somos nós mesmos, a partir de nossas novas atitudes diante do viver e conviver.   

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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