O ato de educar por si mesmo, nunca foi tarefa fácil e cada vez mais, por diversos fatores, torna-se mais complicado educar. Destaco aqui, um ponto de desgaste e entrave contra o ato de educar: a burocracia docente. Em boa parte do seu trabalho, o docente encontra-se capturado mais intensamente por um aparato burocrático que cobra informações e dados que em nada ou muito pouco, podem auxiliar na melhora da qualidade do ato de educar. Ao contrário, em muitas ocasiões inclusive obstruiu o bom trabalho, simplesmente por não se encontrar “adaptado” ao padrão burocrático exigido. Por sinal, muito pouco se sabe que o docente se encontra preso a uma burocracia intensa fora de sala de aula. 

São variados e inúmeros conteúdos de planilhas, registros, relatórios e tabelas que são cobrados, sem contar a comunicação virtual, por e-mail ou grupos de aplicativos, algo que se intensificou com o advento da pandemia, consumindo tempo e energia dos professores. 

Deve-se salientar que trato aqui do excesso de burocracia no trabalho docente, algo que se torna motivo de queixa de professores tanto do ensino público quanto privado. Não se está criticando os registros necessários que fazem parte da prática educacional. Tal situação, infelizmente tem causado adoecimento, desânimo e transtornos pessoais na vida dos docentes. Vitimados em seu tempo e energia, com uma intrincada máquina burocrática. Podemos então questionar o que desejamos de uma escola para o futuro.  “A escola do futuro precisa se desburocratizar. Parte fundamental do esforço do professor é preencher cadernetas, lançar notas, organizar tabelas e relatórios. Esses procedimentos podem ser, muitas vezes, automatizados. O tempo que se perde com uma chamada é espantoso! Os profissionais da educação devem ser mais livres para educar. O treino para ensinar é árduo e mais desafiador do que preencher quadrados. A tecnologia pode servir de ferramenta para registrar presença ou digitar e calcular médias, além de reservar ao humano aquilo que somente o humano pode realizar.” (1) A tecnologia inclusive precisa ser uma aliada do professor e não sua carrasca

. (1) Citação de Jennifer Nias, presente em NÒVOA, Antônio(org). Vidas de Professores. Porto: Porto Ed., 2000.