Embora o mundo não pare de girar e recomeçar do zero, o ano que inicia é, para a maioria das pessoas – espero que seja para a maioria mesmo – um período de tempo que traz consigo possibilidades de mudança. No mínimo, fazemos alguns projetos e eles nos injetam boa dose de adrenalina responsável por esse (re)fôlego inicial.

Vivendo essa experiência na Educação Pública, observo o quanto desesperador e angustiante é concluir o Ensino Médio. Alguns alunos saem perdidos, sem saber o que será deles dali por diante. Outros, ávidos para ingressar no mercado de trabalho e ajudar em casa e ser independente ao mesmo tempo.

Existem mais outros que concluem a Educação Básica com a expectativa de ir para Universidade Pública – condição única para continuar estudando, ter nível superior e “viver além de existir”. (Essa é a nova trend[1] do momento, segundo minha amiga Elândia que é super antenada nos papos da juventude).

E por falar em continuar, há exatamente uma semana, o filho de uma amiga e colega de trabalho, Luzia, soube que tinha sido aprovado no curso de Jornalismo da Federal aqui de Roraima. A alegria deles foi contagiante, dividimos sorrisos e a vida de todos ficou mais leve.

Lúcio Henrique, o mais novo calouro, foi aluno nosso desde o segundo ciclo do Ensino Fundamental. A festa foi de toda a escola. Ele e mais três colegas, também aprovados, passaram a ser referência para os demais aprendizes.

Mas, na verdade, cada vez mais fica difícil estudantes de Escola Pública irem para Universidade Pública. Aqui caberia uma das frases daquele cara rebelde, de cabelos compridos e pés descalços:

- “a César o que é de César...”

Ou seja, aos estudantes de escolas particulares, a universidade particular. Aos nossos...

Mas a História é bem diferente.

O colega, amigo e cumpadi Nunes estava a me contar sobre alguns alunos que, por serem muito bons em cálculos lógicos e aritméticos, ganharam bolsa e a oportunidade de aprimorarem os conhecimentos, que vão muito além das quatro operações, por meio de algumas aulas com professores da Universidade Federal. Isso por conta do excelente desempenho na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP.

Para efetivar a presença de um dos aprovados no aperfeiçoamento, o professor Nunes o levou juntamente com o pai na referida Instituição de Curso Superior. O pai, que é pedreiro, ficou muito feliz e lisonjeado com a presença do filho naquele majestoso lugar e, solenemente, deixou escapar:

- Eu nem sabia que a gente podia entrar aqui.

Aos nossos quatro alunos: Estefani, Gessana, Hiam e Lúcio, sucesso. A Universidade Pública é, por direito, de vocês. Preparem-na para os que quiserem e puderem seguir pelo mesmo caminho.