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Dureza e impenitência de coração


Por: Fernando Razente
Data: 04/03/2024
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 Romanos 2.5 (ARA): “Mas, segundo a tua dureza [σκληρ?τητ?] e coração impenitente [?μεταν?ητον], acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus”

 Na semana passada, vimos Paulo argumentar com o crítico moralista que sua evasiva baseada numa visão distorcida das misericórdias de Deus não poderia salvá-lo; pois, embora ele estivesse certo sobre os atributos de amor de Deus, ele os usava como pretexto e licença para continuar pecando. Desta forma, o moralista desprezava a graça divina e ignorava o propósito da paciência celestial (v.4).

Agora, no versículo 5, vemos o diagnóstico que Paulo faz da situação interna do crítico moralista e mostra como isso o coloca numa situação desesperadora. Paulo mostra que a arrogância e o orgulho do moralista em criticar nos outros aquilo que ele mesmo em secreto pratica, revela que seu coração está duro contra a verdade e é impenitente por continuar no erro.

Por “dureza” [σκληρ?τητ?/skl?rot?ta[1]], Paulo se refere àquela situação da alma onde o indivíduo se tornou insensível à voz de Deus e endurecido para fazer a vontade do Senhor. Já por “impenitente” [?μεταν?ητον/ametano?ton], Paulo se refere a recusa do crítico moralista em aceitar ter que mudar de ideia em relação a como anda a sua própria vida.

Em suma, Paulo declara que o crítico moralista possui, no centro de seu ser - em pensamentos e sentimentos [καρδ?αν/kardian] - uma realidade insensível à Deus e obstinada contra a Sua Santa vontade. E qual o resultado disso?

Paulo, em seguida, usa um termo da economia clássica para falar dos resultados desse coração. Assim como um bom administrador que com dedicação investe e armazena (θησαυρ?ζεις/th?saurizeis) os seus tesouros, o crítico moralista com seu coração endurecido para a voz de Deus investe sua vida, mas armazena e/ou acumula [θησαυρ?ζεις] a ira de Deus. É como Paulo diz: “(...) acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus”.

O que o crítico moralista, o julgador hipócrita, que se endurece e não se arrepende está armazenando para o seu futuro é a ira de Deus. Ele receberá o fruto de sua obstinação naquele dia - dia que ninguém conhece ou pode prever - quando o justo juízo divino será revelado definitivamente e dissipará as falsas esperanças dos hipócritas. Esse dia é o juízo final, quando Cristo retornará em glória e grande poder.

É o “(...) dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo”, como diz Paulo (Rm 2.26). Neste dia, chamado de “dia da ira”, toda hipocrisia não abandonada, todo moralismo bem disfarçado, todo segredo imundo não confessado e abandonado pelo arrependimento receberão a paga acumulada, que é o cálice transbordante de furor justo do Todo-poderoso Deus (Ap 16.20).

Por fim, é importante lembrar que, se por um lado, somos ensinados aqui que Deus rejeitará e punirá com fogo eterno aqueles que se endurecem e se recusam a se penitenciar através da fé no evangelho de Cristo, por outro lado, também é verdade que Deus se agrada de “(...) um espírito quebrantado;” e, como nos é prometido pelo salmista “(...) um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás” (Sl 51.17).

Portanto, aprendamos a rejeitar a nossa dureza de coração e a impenitência, sabendo da maravilhosa graça de Deus em Cristo proposta para aqueles que buscam um arrependimento sincero e desejar nascer novamente. Lembremos também da ameaça do Senhor, de que não ficarão impunes aqueles que desprezam Sua benevolência e se endurecem para a Sua doce voz.

Caro leitor, ore comigo agora:

Deus onipotente e Pai celestial…

Confessamos agora a Ti a dureza de nosso coração. Por muitas vezes e em diversas ocasiões o Senhor tem falado conosco por meio de Sua Palavra inspirada pelo Santo Espírito, nos convidando ao arrependimento e a uma vida abundante de graça; mas, com dureza e incredulidade, rejeitamos Sua doce voz, nos tornamos insensíveis e nos recusamos a pôr freio em nossas loucuras que ofendem Seu evangelho. Suplicamos, ó Pai, o Teu perdão. Lava o nosso coração da impenitência e através da vida perfeita e morte sacrificial de Seu Filho, Jesus Cristo, concede-nos a salvação. Crentes de que somos aceitos por Ti através da fé em Jesus, nosso Mediador e Sumo Sacerdote, é que, agora, levantamos nosso rosto aguardando aquele Dia; não mais com medo, mas com alegria e esperança, pois Tu virás para buscar os que são Teus. Porém também pedimos que abra os olhos dos impenitentes para que se arrependam antes que seja tarde e chegue o grande Dia em que também fará justiça para com estes que recusaram a obedecer seu chamado de graça, banindo-os para sempre de Sua presença. Em nome de Jesus.

Amém.



[1] É curioso notar que o termo utilizado a partir do século XIX para simbolizar a doença inflamatória crônica que gera danos nas células do sistema nervoso, os neurônios, foi inspirado neste termo grego: a esclerose.

 

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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