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Como os judeus (e cristãos nominais) serão julgados por Deus?


Por: Fernando Razente
Data: 10/06/2024
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Romanos 2.12b: “(...) e todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados.”

 

“A base do julgamento são suas obras; a regra do julgamento é o seu conhecimento.”

— Charles Hodge (1797-1878), exegeta e pastor presbiteriano.

 

No último texto desta coluna expus a parte “a” do versículo 12, tratando da forma como Deus julgará os gentios (não-judeus) que não receberam a revelação verbal feita escrita. Chegamos a conclusão que Deus, em sua absoluta justiça e verdade, não julgará os gentios segundo uma lei que não receberam, mas segundo a revelação natural — do seu Ser na criação e de suas exigências morais na consciência humana, isto é, em seus corações (Rm 1.18-21; 2.15).

Agora, na parte “b” do mesmo versículo, Paulo trata do iudicium particulare [juízo particular] de Deus para com os judeus. Neste versículo, Paulo está resumindo a vida de pecados de ambos (judeus e gentios) sob a perspectiva do iudicium extremum [juízo final]. E, desta perspectiva extrema, Paulo apresenta que o resultado final de uma vida de pecados “com lei”, é julgamento (krith?sontai=condenar/decidir/punir).

Aqui, o autor sagrado lida clara e especificamente com a classe dos judeus, aqueles que de forma especial receberam a lei da parte de Deus. Os tais, israelitas, de entre todas as nações, receberam de modo gracioso e eletivo “(...) a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas.” (Rm 9.4). Essa legislação, como diz o Rev. Augustus Nicodemus, “(...) não envolveu somente os Dez mandamentos, mas também uma série de outras leis que refletiam o caráter santo de Deus e sua vontade.” (2019, p. 190).

Estes, que desde Abraão têm sido abençoados com a revelação especial de Deus, também não foram capazes de cumprir com as exigências dessa revelação. E a situação dos tais, por serem descendência de Abraão, seria porventura diferente da dos gentios diante de Deus? Eles, pelo simples fato de serem israelitas, serão tratados de modo especial por Deus em seu juízo final? A resposta é sim.

Não que os tais serão imiscuídos da punição final; não que serão isentos das consequências de seus pecados. Antes, como Paulo atesta no versículo 12, todos os israelitas que pecaram — mesmo tendo a lei que os iluminava para um caminho de justiça e retidão — mas, não se arrependeram de seus pecados, crendo no Senhor Jesus Cristo, “serão julgados”, isto é, receberão a punição da condenação eterna.

Mas qual será o critério de Deus para com os israelitas não arrependidos? O critério, este sim, será especial. Segundo Paulo, o critério do juízo divino sobre os herdeiros da lei será a própria lei: “(...) mediante a lei serão julgados.” Em outras palavras, os judeus serão julgados por um padrão que conhecem (e muito bem, se considerarmos a cultura rabínica!): a lei escrita.

Daí o exegeta João Calvino (1509-1564), comentando este trecho bíblico, concluir nestes fortes termos: “Uma condição pior aguarda então os pecadores judeus, uma vez que a sua condenação já está pronunciada na sua própria lei.” Firma-se, com base neste versículo 12 — tanto na parte “a” como a “b” — o princípio de que os homens serão julgados por Deus segundo a luz que tiveram, não segundo uma luz que não tiveram.  Evidentemente, um judeu poderia objetar a Paulo, dizendo: “De que serve a lei, então?”. É esta possível objeção que Paulo procura lidar no versículo 13 que, se Deus permitir, exporei no próximo texto.

Aprendamos com a exposição de hoje, em primeiro lugar, a louvar e engrandecer ao Senhor Deus por sua justiça santa e perfeita demonstrada em sua forma de julgar os pecadores; e, sem segundo lugar, tenhamos em mente que tal padrão também está estabelecido para cristaõs nominais, de modo que todo o conhecimento teológico que adquirimos, toda lição bíblica que venhamos a ouvir, todo versículo que eventualmente venhamos a decorar, se não redundar em uma vida de santidade que produza frutos genuínos para a glória de Cristo será, no fim das contas, um terrível testemunho contra nós no juízo final, servindo de base para uma justa condenação.

Amém.

 

Sola Scriptura

[Somente as Escrituras].

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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