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Alopécia Areata: é preciso ter empatia


Por: Ana Maria dos Santos Bei Salomão
Data: 31/03/2022
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Quem assistiu à cerimônia de premiação do Oscar este ano, no domingo passado, pode ver, quando o ator Will Smitt, defendeu sua esposa de uma piada de muito mal gosto, feita pelo comediante Chris Rock, a respeito da “careca” dela.

         Acontece que, longe de ser por uma questão de estilo ou escolha, mas sim, por uma questão de saúde. Obrigou a mulher do ator, Jada Pinkett Smitt, a raspar seu cabelo.

         Ela sofre de doença autoimune chamada de alopecia areata, que além de comprometer a aparência física, também pode trazer problemas de saúde emocional e psicológicas.

         A Alopecia Areata acomete milhões de pessoas em todo o mundo, cerca de 1 a 2% da população. Afeta ambos os sexos, todos os grupos raciais e podem surgir em qualquer idade. Embora em 60% dos casos seus portadores têm menos de 20 anos de idade. Jada que sofre dessa condição patológica, decidiu raspar seus cabelos em 2021, pois, esta doença faz com que haja perda de cabelos em áreas bem definidas e localizadas, em placas, a cabeça fica cheia de falhas arrendondadas, gerando um desconforto estético, daí a opção que a senhora Smitt teve de raspar seu cabelo.

         A queda de pelos pode se dar na cabeça, sobrancelhas, barba, pernas e braços.  Quando a queda de cabelos acontece todo o corpo é chamada de alopecia areata universal.

         Essa queda, entretanto, não é definitiva, haja visto, que o folículo piloso é preservado, ele fica inativo por causa da inflamação causada pela condição, mas, com o devido tratamento com um bom especialista, o cabelo pode voltar a crescer. A princípio o fio cresce esbranquiçado, branco e fino, mas, com o tempo a cor original do cabelo volta.

         A causa é desconhecida, mas, fatores como genética, estado emocional, traumas físicos e quadros infecciosos podem estar associados ao desenvolvimento da doença. Ela não é contagiosa.

         É sabido que o estresse, depressão e ansiedade são os gatilhos principais para o desencadeamento da doença. Estes fatores diminuem nosso sistema imunológico, nossas defesas confundem o seu papel de nos proteger, e começam a atacar nosso organismo, que culmina na perda capilar, tornando essa condição uma doença autoimune e inflamatória. Doenças como o Lúpus, vitiligo, tireoidites, diabetes ou rinites também podem desencadear a doença.

         Existe tratamento, e este deve ser avaliado pelo médico e paciente. Ele pode ser de uso local, com soluções ou cremes, injeções no couro cabeludo ou até mesmo oral. Medicamentos como corticoides e imunossupressores podem ser usados. Todos para estimular os folículos pilosos para o crescimento capilar. O tratamento deve ser acompanhado de suporte emocional com um psicólogo. É uma condição benigna e tende a regredir aos poucos.

         É preciso ter empatia para com o próximo, um olhar, uma palavra mal-usada, um comentário, pode magoar e ofender profundamente. É muito comum que os portadores dessa condição tenham a autoestima muito baixa.

         Você já imaginou, para uma mulher ter que raspar sua cabeça? Ter que usar lenços ou perucas? Não é só estética, é como se sua identidade fosse roubada. Sua feminidade para ela é diminuída.

         Algumas mulheres nessa condição se recusam a sair de suas casas, muitas vezes por medo de se tornarem o centro das atenções, medo de todos a olharem, não por admiração, ou com um olhar amoroso, mas, um olhar de pena, de surpresa, de medo, de preconceito.

         Este triste episódio, que assistimos no Oscar, teve um lado bom. O de informar as pessoas, pois, assim a doença pode ser conhecida, a mídia e as redes sociais falaram a respeito. E aprendemos mais sobre ela.

         É preciso acolher e entender os portadores dessa condição. E assim, quem saber poderemos ter mais empatia.

Ana Maria dos Santos Bei Salomão

Responsável pela Coluna Saúde em Pauta.


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